Lília Raquel Farias nunes
07.01.22
Então,
Minha razão, num lapso de tentar ressignificar minha dor, me íntima a aquietar meus pensamentos.
E eu cedo ao meu próprio torpor.
Há sol lá fora.
As pessoas estão vivendo freneticamente dentro de suas “matrixes”.
Há “vida”.
Mas aqui dentro de mim há apenas uma quietude - Antônima da paz - que me causa um desconforto ao tentar dar um passo sequer.
Hoje, após tentar comer algo por volta das 17h da tarde, o que senti ao ouvir aquela música no celular foi uma estagnação por completo ao ponto de me deixar incapaz de qualquer movimento, até mesmo o menor deles: respirar.
A bem da verdade, nada disso é inesperado oi inédito. Era como se eu soubesse, de antemão o que me aguardava: que tudo acabaria de uma forma abrupta, e que esforço algum seria capaz de curar uma ferida que se tornara incurável…
Amorzade...
Ah, essa palavra não existe!
Quem é que decide qual palavra existe? Quem inventou as palavras que descrevem os sentimentos? Não deveríamos ser nós, os que os sentimos?
Saudade, por exemplo, dizem que só existe na língua portuguesa. Mas o sentimento não é universal? Todos não sentimos saudade - a ausência do ser querido, amado?
Já dizia o poeta que a amizade é o amor que nunca morre…
Tenho experimentado, imerecidamente, uma tempestade de diferentes formas de amor dos meus amigos…
O "eu te amo" nem sempre está dito nas palavras, mas está expresso nos memes que me fazem rir depois de um dia difícil…
Algumas vezes chega em forma de música que me faz lembrar quem eu sou,
Outras vezes vem em vasos de plantas ou em alegres buquês de flores coloridas…
Muitas vezes é "uma carona" disfarçada de telefonema no começo da manhã, no trajeto para o trabalho.
Tem dias que é uma oração dentro do carro, no meio do trânsito, Alguns dias me leva pra almoçar…
Em outros, pra jantar ou simplesmente tomar um café…
Às vezes me faz arrumar as malas pra viajar… De vez em quando rompe a distância de milhares de quilômetros pra se fazer presente, Outras bate à porta sem avisar, só pra deixar afeto em formas diferentes: um bolo, um carpaccio, um vinho, um chocolate quente, uma panela, um jogo de xícaras para o chá da tarde, uma cadeira, um moedor de café... (é, às vezes o amor tem formas estranhas de se mostrar)…
As vezes te manda bilhetinhos dizendo que ama, que sente falta…
Outras te sequestra pra vc ver o mar e ouvir o barulho das ondas…
Te faz um caldo quando vc se nega a comer…
Os outros te olham, mas o amorzade te vê quando falta o brilho dos teus olhos e o sorriso nos lábios,
Os outros te escutam, mas ele te ouve quando você fala que está bem e não está.
Ele sente o peso do mundo que você carrega, mesmo quando você diz que está leve…
Às vezes segura os teus braços cansados… Outras vezes te desce pelo telhado quando você não consegue mais caminhar, porque te abandonar está fora de questão.
Sim, amorzade existe.
E se não existe, acabei de inventar.
Amorzade é aquele amor que te ama apesar de você, suas imperfeições, limitações e defeitos. Que mesmo quando há uma pedra no caminho em que você tropeça, te ajuda a levantar e continua a caminhada contigo.
Que entende quando você não quer falar, mas fica ali do lado esperando, esperando… Muito se fala em “ninguém solta a mão de ninguém”, que utopia mais besta. A verdade é que no primeiro obstáculo não só soltam a tua mão, mas te empurram penhasco abaixo.
O amorzade não.
O amorzade é como a chuva: um todo formado de pequenas gotinhas. Cada gota formando uma pequena tempestade de amor. E que bênção perceber essas gotinhas no dia a dia e se deixar molhar por elas…
Não é possível fotografá-lo, apalpá-lo, saber a hora exata ou o dia em que virá. Ele simplesmente está ali. Pronto. Atento. O tempo inteiro, basta sentir com o coração.
Em todo o tempo ama o amigo, e na angústia se torna irmão (Provérbios 17.17)"
São Luís 08/02/24
O fim do meu quase (S.S)
O luto é uma coisa intrigante: ao mesmo tempo que a gente sente e sofre, com o passar dos dias ele também descama os nossos olhos, permitindo que a dor se dilua em lembranças.
Você já teve que sepultar alguém vivo? É uma dor que se prolonga, latejando no peito, pulsando em compasso fúnebre.
Você quer esquecer, mas a pessoa está a poucos segundos de uma ligação, a um botão de "enviar" no WhatsApp, e às vezes, a poucos metros de distância... E você tem que lutar contra a vontade de falar, o desejo de correr para os braços, o desespero de querer estar perto... É como se o tempo se arrastasse em câmera lenta, enquanto a saudade tece uma teia invisível ao seu redor.
Eu ainda guardava a caixa do "nosso 1º mês". A lembrança triste daquele jantar à luz de velas, flores e balões da minha explosão de amor por ter encontrado a minha versão idealizada de felicidade, que nunca se concretizou. Um castelo de areia que desmoronou com a primeira onda da realidade.
Agora estou aqui, diante das poucas lembranças que me restam, pondo fim a tudo o que não vivemos, um futuro que se esvaiu, como areia entre os dedos.
Eu fui apenas uma frase na tua vida, e ainda assim enchi meus pensamentos com imensas bibliotecas sobre você, sobre nós: as viagens que não fizemos, os roteiros rabiscados em mapas que agora amargam poeira. Idealizei nossas sextas-feiras cozinhando juntos, o aroma do molho de tomate caseiro impregnando a cozinha, as risadas soltas enquanto debatíamos sobre a vida. O gosto do vinho em noites frias, em dias quentes, o vinho de dia qualquer... as conversas na varanda de casa, nossas cadeiras na areia da praia vendo o sol se despedir no horizonte, as discussões acaloradas sobre nossas diferenças, que seriam pequenas desde que estivéssemos juntos. Os domingos preguiçosos, o café da manhã na cama, o cheiro de café fresco invadindo a casa... as visitas na casa da sogra, o bolo quentinho, o sorriso acolhedor... o almoço em família com aquele barulho de felicidade ensurdecedor, os cafés com amigos, as gargalhadas... A felicidade comum, aquela que se encontra nas pequenas coisas, na rotina extraordinária do dia a dia...
Agora tudo se resume a cinzas, literalmente. Difícil fazer morrer o que ainda está vivo, pulsante e palpável... é como arrancar um órgão do corpo sem anestesia.
O que fazer com tantos planos? O que fazer com tantas promessas? O que fazer com a nossa música, que tocava especialmente pra nós sem que precisássemos pedir, que embalava nossos sonhos e agora soa como um réquiem...
Uma vez o poeta perguntou se "se morre de amor"? Eu não conheço ninguém que tenha morrido de amor. Eu queria viver de amor. Ironicamente não morri de amor, mas estou tendo que matá-lo. E isso dói. Dói fisicamente. Aperta o peito, a alma chora, a sensação de morte é terrível. A dor nos mostra o quanto amamos. É a prova de que o amor existiu, mesmo que breve e incompleto.
O nosso "quase" ainda vai me assombrar por um tempo... Como um fantasma que habita os cantos da casa, sussurrando lembranças e reacendendo a chama da saudade.
Eu ainda acordo com coisas pra te contar. Como agora. Hoje eu decidi pôr fim a ideia que eu tinha de você. Queimei tudo o que me lembrava você, e com o coração ainda sangrando de tanto amor, joguei as cinzas no mar... e com os olhos cheios de lágrimas eu te disse adeus...
Mas ainda dói. E eu sei que ainda vai doer por um tempo, até que um dia o som de ouvir o teu nome me faça sentir nada... Apenas uma brisa suave, um murmúrio distante, uma lembrança adormecida.
Lília Raquel Farias Nunes
16/02/2025
Ao meu futuro amor...
Estou orando por você.
Não estou com pressa de você chegar, porque falei com Deus que agora eu quero ser achada.
Então eu sei que talvez demore pra você chegar, ou talvez não neh? Por isso estou orando por você, pra quando você me achar, possamos viver uma história de amor escrita pelos dedos de Deus.
Eu já errei muito, já entreguei meu coração pra quem não teve responsabilidade e só me feriu e magoou. Já confiei em falsas promessas... Tô meio desacreditada. Mas nunca deixei de crer em Deus. Ele sabe, Ele sempre sabe o que é melhor e tudo o que vem dEle é bom, perfeito e agradável.
Eu sei que você deve estar por aí em algum lugar, e quando eu menos esperar você vai me dar um “oi” sem muita expectativa, e eu vou dar aquele sorrisinho de canto de boca com o coração quentinho, como se eu já te conhecesse a vida toda. Meu estômago vai estar preparado para receber todas as borboletas que virão com você quando vc sorrir pra mim...
A nossa futura crônica de amor vai ser digna dos best-sellers que embasam os filmes românticos que nos fazem suspirar...
Tô com o coração quebrado, despedaçado, machucado, mas aguentando firme e orando pra Deus deixar ele inteiro, livre e leve pra quando vc chegar. Estou me tornando a melhor versão de mim mesma pra te esperar.
Vamos viver as maiores aventuras como se não houvesse amanhã, quero te entregar todo o amor que não guardei pra você, mas que está aqui e eu vou entender porque não deu certo antes...
Estou orando por você e espero que você também esteja orando por mim, e que as nossas vontades coincidam com a vontade de Deus.
Lília Raquel Farias Nunes