Liduina do Nascimento
Recanto dos ventos
As portas pareciam falar, na verdade falaram,
Pedindo para que fosse...
Foi de olhos fechados,
por não ter pressa de chegar,
parava em cada estação.
Atravessou mares e multidões,
cansado da maresia,
Foi esconder os seus sonhos com zelo,
um a um por trás das montanhas.
Depois de resgatá-los da ilha dos segredos
onde os deuses eram proibidos pisar.
Dali se podia ver dos homens,
sentir os seus medos,
a falta de esperança, eram oceanos
de fragilidade e insegurança.
Belo mesmoa rara simplicidade
verdadeira nos gestos e olhares de alguns.
Triste era perceber a vaidade invadindo
as almas que sem sossego iam de um lado
para outro sem chegar a lugar nenhum.
Assim permaneceu no recanto dos ventos
Num recanto onde só os ventos,
conseguiam chegar.
Imutável mesmo era o amor,
descansando tranquilo
sem se preocupar, fazendo-se cumprir
seu destino...
Ciente de que existia, não tinha como mudar
porque o amor era teimoso, mimado
feito um menino cheio de atenção.
Era somente uma estrada,
da vida nada sabia, e ia ia ia.
Uma curva aqui, um beco sem saída.
Viravoltas, duas vias, ida...
É a vida quando se solta,
o futuro é um caminho onde
às cegas pretendemos chegar.
Celebrando a vida
Não somos muito, somos poeira levada,
pelos ventos, que a chuva vem e apaga.
...Que a nossa passagem aqui na terra...
Seja pelo amor marcada. O instante faz
a minha existência plena, é o que tenho.
O que tenho, não posso chamar de meu
o que tens também não te pertence, nós
não temos nada além de nem as nossas
vidas, não pedimos para nascer, sequer
conhecemos o dia em que, iremos partir.
Deixemos então os meus e os teus, que
sejam somente pronomes, pois chegará
o dia em que talvez eu nem saiba qual é
o meu ou o seu nome. É triste, mas pura
realidade, talvez nem sejamos saudade.
Não seja infeliz, faça o que você gosta, ame o que lhe faz sonhar, deseje somente àquilo que mesmo não realizando, o bem à sua alma, venha acrescentar.
Não seja como o vento
que passa e logo é esquecido
Não seja como as águas dos rios
que também se vão...
Seja você mesmo, apaziguador
sensível, que por onde passa
deixa a sua marca,
de amor.
Fazia frio
Ao longe...
Luzes artificiais invadiam a escuridão em alto mar.
Pensamentos, tantos pensamentos.
Nos olhos cheios de lágrimas, qualquer brilho reluzia,
não era uma antiga esperança, tampouco a alegria.
Voltou no tempo...
Ah se pudesse outra vez sonhar.
Era tarde,
para essa sede de amar.
Lembrou que lhe faltavam asas
para alçar além das suas fantasias,
Mas, naquele olhar era tudo tão igual,
Se pudesse,
Se realmente pudesse, ah como queria.
Sentiu a brisa ainda mais forte, pôs-se à caminhar.
Era noite, fazia frio.
Parou...
Teria que conviver com a suposta felicidade,
Molhou novamente os seus pés nas águas do mar,
Encarou a sua realidade,
deixou de lado o sonho, precisava que voltar.
Não assisto uma história contada em um filme, ou em uma série,
logo que me identifico, me torno um dos personagens, mas como
espectador ignorante que sou, me perco do enredo muitas vezes,
observando o fundo do cenário, a cidade, o ambiente... para além
dos atores, por essa razão não assisto filmes legendados, tiram
o foco do olhar entre as paisagens e as falas.
Não era uma terça feira qualquer, nem um lugar comum
em um desses dias em que você descobre um mundo...
Percebe quanto tempo desperdiçou, com coisas pequenas
e insignificantes, agora é a hora de construir uma nova
etapa de sua vida, de viver intensamente tudo o que tem
que ser... Aprender a caminhar sentindo o chão, e voar
sem se importar se está na contramão. É fantástico você
descobrir que faz parte de tão esplêndido tempo que com
propriedade chamamos de vida.
Colocamos todos os dias um sonho diferente em nossas mentes,vamos por aí à foratentando realizar os nossos desejos, embora muitas vezes, eles sejam impossíveis... Nem por isso devemos nos entristecermos, por que os sonhos são os degraus davida...Um descanso, uma pausa, novo fôlego, outra jornada.E na doce ilusão de nossas vidas, encontramos alento para ao anoitecer, depois de um dia de trabalho, uma música, uma taça de vinho, felizes noutros sonhos iremos adormecer.
Caminhar até o portão, olhar o final da rua que vai se estreitando, finda no céu azul, com nuvens brancas espalhadas, a rua se perde, dando lugar aos pensamentos.
Sejamos uma leve poesia, ou um poema de amor, levados nas asas do tempo, feito as folhas secas ao vento, que partem em seus vôos sem saber se irão voltar, ou serão maravilhosas sementes.
Canto porque nasci para cantar.
Canto porque não sei falar.
Não tenho outro sentido a não ser voar.
Trocaria a minha liberdade pelo teu amor
que há muito perdi, por isso canto triste.
O mistério do amor resume-se
em amarsomente por amar...
Quando não posso cantar, escrevo,
tudo o que a minha alma precisa libertar,
para nas noites com as estrelas
alguma vida sem brilho, encantar.
Um dia claro de céu suave de nuvens rasgadas pelos ventos, eu você e a poesia é o que baila em meus pensamentos.
E
Sem rompantes, sem argumentos,
esse amor ficou parado no tempo.
E.. Com as folhas envelheço, mas
não esqueço, juntos nem temos a
história de amor que eu queria ter,
enquanto não me vê, não deixo o
meu costume de ir seguindo você.
E mais semente desse amor louco
e de poemas sem sentido preciso
escrever, e nesse semear sonhos
e mais sonhos, colhi as rosas que
conhecem os meus impulsos tão
contidos em minha alma. Sorrisos
e olhares se encontram, pétala de
contínua análise dentro dos meus
olhos feito espelho de cada flor à
espreitar em interrogações... Que
querem saber o que eu faço neste
mundo inconsequente, onde não
existe mais espaço para um amor.
Um dia, sem olhar para os céus, mesmo quando
chove, um dia sem ver as flores do jardim, sem pisar
descalço no chão, sem sentir o vento em seu rosto,
um dia sem ouvir o canto dos pássaros...
Um dia sem ver o mar azul, no contraste com
a cor ao fundo traçando o horizonte, é só um dia.
A alma precisa viajar, criar em sua
imaginação mais dias assim, entrando pela noite
procurando as estrelas e a lua, deixe o amor
invadir você, para ter lindos sonhos.
Amanhã eu vou escrever uma carta de amor
irei contar do meu amor por você, e no ano que vem
pretendo viajar para ver você... De repente talvez
esse futuro nunca aconteça, portanto seja o agora,
não espere mais um minuto para ser feliz, nesse
precioso instante, viva com intensidade.
O seu amanhecer é na hora que você acorda e assiste a mais um espetáculo maravilhoso que é viver, viva a vida! Esse amanhecer quer encontrar os nossos corações agradecidos, quer encontrar os nossos olhos buscando o azul do céu, quer os nossos ouvidos escutando o chamado da vida, quer os nossos passos procurando o rumo para a felicidade, sem querer que a nossa alma só fique satisfeita ao chegar no final do caminho... Você pode ir mais devagar, sentindo o vento, olhando as flores, olhando as pessoas passando apressadas, levando tudo à serio e refletir se tem que ser assim... Cada um sabe de si. O amanhecer quer nos encontrar vida à fora, sorrindo, e falando sozinho se não houver quem queira nos acompanhar. Vá, falando o quanto é lindo mais um dia, mais um sol, mesmo quando amanhecemos debaixo da chuva mais linda! Antes eu ficava nostálgica quando as nuvens estavam escuras e o céu encoberto duma cor cinza, hoje não... Hoje encontro nessa suavidade e calmaria mais um motivo para aclamar aos céus e agradecer por tudo àquilo que me foi dado, e se for uma manhã ensolarada, que seja, agradeço igualmente. Até pelas dores eu agradeço, não sei explicar o porquê. Acredito que seja por tantas lutas, tantas batalhas vencidas, agora eu tenho a força interior para estar exatamente aqui. Quando eu amanheço triste, eu vivo a minha tristeza, faz parte da natureza, mas depois a tristeza passa, tudo passa. Quando eu acordei para a vida, eu de nada sabia, quando os anos foram se passando, aos poucos fui entendendo que não vim para entender nada, mas para viver. Não adianta forçar a natureza das coisas, tudo é o que é, se você aceitar e nem assim sentir que o mundo acabou, verá que é melhor decidir absorver as coisas boas, encante-se com a vida, e com as coisas simples, não almeje o impossível, basta sonhar, não podemos ter tudo, sejamos felizes com as nossas conquistas.
Os meus pensamentos e poesias, ou tudo o que eu escrevo, vão dizendo o que me vai por dentro... sem plágio, só verdades dos meus sentimentos.
Extremo
Um jeito certo de olhar significa tanto que apaga as dores da alma, enxuga velhos prantos, mesmo um olhar vindo de tão distante... tenho tanto gosto assim no seu olhar, esse dito olhar dos mais bonitos, e infinito, terno e verdadeiro atravessado minha alma, percorrendo o meu corpo inteiro, feito os ventos passando, soprando vida. De todo os olhares do mundo, quero somente o seu, valendo tanto quantopara as suas palavras vindas da alma, que me afaga, acolhe, ilumina,devolve a minha esperança, longe vai jogar a tristeza, e se aproxima... mesmo com esse sol daqui, tinindo, seja o mais forte desse mundo, nem assim eu deixo de sonhar, de desejar você em mim, de ter o seu calor. Extremo, também num frio por mais que fosse intenso, nunca resfriaria esse fogo, essa minha paixão por você, muito menos o meu amor, eu sempre quis ter você, tanto naquele passado bem distante, e quero, como agora, amo você demais, com toda ternura, pacientemente, os meus sonhos são seus, seu também é esse amor puro e verdadeiro, você foi, e sempre será em minha vida, o meu melhor presente, não quero lhe perder, sem você a minha alma chora.
Ser
Uma sincera compreensão por tudo o que possa vir causar aborrecimento, pode amenizar a angústia e a desilusão do não poder dar uma solução... basta você saber SER, saber sentir, saber entrar e saber a hora de sair. Calar, quando o mundo estiver gritando, e falar somente quando não mais estiver aguentando a pressão, é preciso compreender o que está ao a redor, é preciso aprender a ser um ser, só.
Separadamente
É chegada a sua vez, seja feliz, agora a minha vez, tentarei ser, tempo de viver o que nos resta... que haja também, tempo para respeitarmos todos os horizontes e nossos limites mutamente... embora as nossas vidas, sigam juntas, mas separadamente, com os nossos medos, com as nossas tímidas vontades de reaprender à voar, as nossas almas à nos conduzir pelos caminhos da poesia, fazem a festa, indefinidamente.
Amor platônico
Terreno abandonado,
espaço baldio.
Dia amanhecido
casa abandonada
alma desolada.
Amar sozinho,
coração estarrecido.
Telhado cantante
amor de ilusão, paixão
de estudante.
Passarinhos soltos,
lua nova, deslumbrante.
A solidão aumentando
a paz vai acabando...
Olhos tristes, repletos
de sonhos vazios.
Desejos perdidos,
largados num terreno
da alma,
totalmente esquecidos.
SILÊNCIO CORTANTE
O que dizer às lágrimas
ligeiras, escorrendo feito rio incontrolável...
será que adianta? Se por onde passa, só assiste
um terreno abandonado, um espaço baldio.
Amor platônico é um dia amanhecido,
sem réstia de sol, numa casa feia, abandonada,
com as janelas fechadas, sem circular a ventania,
de folhagem seca, roçando o telhado, ferindo
sem dó, a alma desconsolada.
Amar sem ter amor, coração estarrecido,
confusão de gatos gritando... rasgando a noite,
confortando um silêncio cortante, asas doloridas,
quebradas, de invernos, são os pássaros da ilusão,
eterna adolescente, cegueira sem cor é a paixão.
Sonhos não passam de passarinhos soltos,
fantasiando sempre alcançar a lua deslumbrante...
com olhos de sonhos vazios, mas repletos de amor,
fitando o céu sem amor, vida de solidão aumentando,
a paz aos poucos se acabando... perdida, terreno
abandonado e esquecido, é uma alma sem amor.
Autora: Liduina do Nascimento
Uma pedra
A janela do tempo chamou
a atenção da vida...
que aos poucos estava indo.
À beira do riacho, pensativa,
queria dizer qualquer coisa,
contar
que a menina que havia,
e que corria depois pelos caminhos,
sorrindo, quando as flores azuis
pequeninas colhia...
e as amava,
elas lhe causava estranha alegria,
porém a menina, não estava mais.
A descoberta aconteceu
no descer as escadas da casa,
no topo da serra, por onde
destemida atravessava o riacho,
envolvia-se com o barulho
das fontes, incessante feito
os pensamentos que ferviam.
De fundo, o verde.
Inconfundível, chamando,
cantava o sabiá-laranjeira...
ela escutava,
entre outros cantos.
De volta à realidade,
sentia a brisa
refrescante, sob o sol brando.
Pés de caminho livre, pedras variadas
de cores, algumas delas
escorregadias por força do limo.
Um sonho fugindo,
sequer aparecia.
O encanto era só da natureza,
e não da sua alma,
por dentro morriam as fantasias.
Precisava voltar para um lugar
que já não era refúgio,
enfrentaria o evidente agora!
Sem lágrimas ou desgostos,
sem desejos de nada mais percorrer...
De nada mais precisava e,
sem pedras nas mãos, delas
apenas uma, e precisava,
para pôr no lugar do coração,
aos poucos estava à morrer.
Passarinhos
O meu olhar que neles se prende,
sem qualquer pressa,
enquanto eles voam... e cantam,
livres, lindos e inocentes, embalam
o meu existir...
nem sabem de mim, se soubessem
mais e mais sei me cantariam, e
não sabem o quanto me encantam.
Passarinhos,
que tanto amo! Foi sempre assim.
Mais que poesia, de sonho delicado,
passarinhos... dá força à vida!
Não é pelas cores de suas asas,
ou pelo seu canto animador,
talvez, suas agilidades e leveza.
Nada de mais lindo há na natureza.
É a sua própria existência, pousar
de leve, trazendo demasiado jeito
de me fazer sonhar,
atração de alma, esse amor por
passarinhos soltos pelos ares,
que junto me faz flutuar!
Não é só pelas suas cores, não é
por vontade de tê-los, jamais
querer prendê-los, a não ser pelo
meu olhar que os segue, e voa
em suas asinhas aos ventos, ouve
os seus cantos, gritos, sem se cansar.
Dando movimento à minha vida,
e as suas vidas, me traz um mais que doce
inspirar.