Liana Garcia
Cai noite,
Cai bem de mansinho,
E assim aos poucos,
me acalma, me surpreende e vá embora...
Devagarinho.
Cai noite,
Cai nessa cidade,
E mostra à todos
Que em ti não há maldade.
Por tanto tempo me fizeram crer,
que você chegava pra entristecer.
O sol escurece,
A cidade adormece
Mas não mais consigo acreditar,
Que você veio pra me assustar.
Cai noite,
Cai bem devagarinho,
E assim aos poucos ...
Esclarece meu caminho.
Como a mão que afaga o rosto,
O abraço que entrega carinho
Chega perto de mim,
E sussura bem baixinho ...
"Menina boba,
que já nessa idade se preocupa com as vaidades,
De uma vida que não consegue preencher.
Não seja tola em crer
Que aqui é lugar pros que não conseguem ver,
Há em você mais esperança que em todas as estrelas no céu,
Por isso, dou a ti o poder de rasgar esse papel.
Refaça-te e reconstrua tua história,
Em memória dos que já se foram,
e observam tua trajetória."
Obrigada noite,
Devo mais essa à você,
Mas assim aos poucos,
deixe o sol aparecer.
"Quem ama tem medo de perder."
O que diriam os filósofos sobre essa afirmação?
Se só se perde o que não se tem,
Afinal, o que estaríamos perdendo?
Será que nos damos conta a quem dedicamos nosso amor?
Quantas e quantas pessoas compartilharam de nossa companhia,
de nosso afeto, de nossa convivência.
Quantas pessoas tiveram esse prazer?
E quantas outras deveriam ter tido e não tiveram?
A vida é uma escala de erros e acertos,
Com alguns erramos mais do que mereciam,
E com outros acertamos mais do que estes enxergariam.
Vida que segue beirando a inconsequência dos amores difíceis
Vida que nos confunde e nos antecipa a valorizar os que não valorizam.
Vida que se saboreia toda vez que me jogo em um abismo de sentimentos
Sentimentos esses que depois de toda a primavera, eu nem me lembro de quais flores vieram.
É estranho se dar conta que somos um só. Que nascemos sozinhos e morreremos sozinhos. E por mais que essa seja a mais pura e óbvia verdade nós relutamos em estarmos sós. Estamos constantemente buscando alguém pra suprir um vazio que não existe! Ninguém completa ninguém. E em busca de respostas, nós nos esquecemos que o maior amor que a gente pode praticar é com nós mesmos, nos tolerando, nos perdoando nos aceitando.
Amar a si não é ser benevolente e estar sempre certo.
Amar a si é enxergar os limites da sua razão, ser humilde quando errar, e sempre se alimentar das experiências.
Buscar em coisas ruins motivos pra crescer, e nas coisas boas felicidades pra guardar.
Amar a si é ser companheiro e companhia. É ser o homem e a mulher.
No caminho nós tropeçamos, erramos e tateamos no escuro.
Travamos uma batalha dentro de nós mesmos.
Depois da guerra, entre mortos e feridos não nos resta o vazio.
Resta a certeza que somos mais fortes que pensamos,
E menos frágeis que imaginamos.
Quero uma chuva de verão,
Água que lava o corpo, renova a alma ....
Escorrendo na nuca idéias, fatos e direções
Eu me perco no turbilhão.
E quando os trovões soam no céu confuso
Eu olho, sorrio e não me assusto.
Minha paz está fincada no coração das minhas idéias,
E não há som, uivo ou dilúvio
Que me faça desistir do mundo.
Sentido de gratidão pelo meu universo em evolução.