Letícia Piva
Às vezes te tenho como um velho amigo sabe? Daqueles de dar bons conselhos, e inspirar bons pensamentos e ações. Enchendo-me de vida, saúde e bem estar. Você que por vezes me ajudou nas mais importantes tomadas de decisão. Sábio, justo, humilde e solidário. Mas ultimamente não estou entendendo muito bem o que espera de mim. Parece que vive me deixando em cima do muro, dividida entre aquilo penso ser o certo, e o que de fato desejo pra mim. Escrevo lhe porque preciso te deter de alguma forma. Você se tornou influente demais na minha vida, numa proporção que já não tenho mais controle. Eu sei que sua intenção é a melhor. É ajudar a abrir meus olhos, para que eu possa seguir o melhor caminho. Aquele que me trará a tão almejada “paz interior”. Mas você acaba sendo inocente demais, ingênuo e até meio bobo. As coisas não são assim, como você pensa. Você precisa colocar os pés no chão e deixar de viver de fantasias. Eu também já acreditei em contos de fadas, mais vivi o bastante para ver, entender, e principalmente sentir que eles não existem. O fato é que preciso entender porque diabos você insiste em me trair quando eu mais preciso que você seja forte, que esteja ao meu lado. Você precisa entender que talvez eu já saiba qual é meu caminho, e o que é melhor pra mim. E não me venha dizer que quero apenas o caminho mais fácil e sem dor, porque não é isso. Não estou sendo covarde apenas realista. Não é fácil pra mim também essa decisão, mais do jeito que esta, não tem como continuar. Eu quero ser feliz, entende? Será que isso é pedir muito? Seguir em frente pode ser a melhor opção agora, só você não consegue enxergar isso. Fica ai, parado, com essa cara de quem comeu e não gostou. Gritando aos quatro cantos coisas do passado, e me fazendo lembrar momentos especiais em que fui muito feliz. Mostrando-me fotos, músicas, presentes. Fazendo com que eu alimente, mesmo sem querer esperanças que tenho lutado para dissipar. E você faz isso de propósito, porque sabe que enquanto houver 1% de chance, haverá também 99% de esperança. Você faz questão de deixar em mim esse sentimento de culpa, de saudade, esse apego que não consigo me livrar. Apego aos planos, aos sonhos, e principalmente a certeza de que daria certo. Como se eu estivesse fazendo a escolha errada. Mas porque parte de mim deseja tanto seguir? Deseja ardentemente, não a liberdade, mais algo ainda por ser descoberto, inventado. Mas por sua causa eu continuo aqui. Presa num tempo que não me pertence mais. Ouvindo músicas românticas e revendo, revivendo momentos. Sorriso bobo, amarelo, e lagrimas manchando meu rosto. Por favor, tenta se concentrar, procure o equilíbrio, eu não quero mais me zangar com você, CORAÇÃO!
Engraçado como com o passar do tempo as coisas vão perdendo o brilho, a importância. Por uma questão de cultura talvez, crescemos com a idéia de que o mundo vive em constante mutação. Que o tempo hoje passa depressa demais, que os adolescentes são bem mais infantis do que éramos quando tínhamos 15 anos. Que as pessoas se gostavam de verdade. E que uma boa amizade não tinha preço e seria para sempre. O fato é que “seu mundo muda quando você muda”. Não foram as coisas nem as pessoas que mudaram, fomos nós mesmos. A forma como encaramos a vida. A maneira como enxergamos as coisas e as pessoas, muitas vezes de um jeito meio turvo, confesso. Perdemos a inocência, pelo menos grande parte dela. Amadurecemos, uns um pouco mais, outros menos. Mais as mudanças ocorrem dentro de nós. É natural, necessário. Já parou para pensar quantas coisas já foram importantes e fundamentais em sua vida e que hoje você nem lembra mais que existem? E não é uma escolha, é espontâneo, as coisas mudam e vão continuar a mudar sempre, porque somos insaciáveis, e o que é novidade pra gente hoje, amanhã é só mais um guardado. Crescemos, fizemos nossas escolhas, mudamos os conceitos, seguimos nossos caminhos, perdemos contatos. Tive amigos eternos que hoje não tenho idéia por onde andam. Fizemos planos de uma vida, trocamos confidencias, intimidades, gargalhadas, cartas e toda inexperiência que tínhamos. Hoje se me encontram é apenas um cumprimento educado, frio, de pessoas desconhecidas mesmo sabe? Não os culpo, não os esqueço. Amo-os da mesma forma. Quando me perco dentro de mim, é nessas lembranças que me encontro, são nessas pessoas e em tudo que vivi com elas que penso, era tudo tão verdadeiro, intenso e puro. Era eu, de cara limpa, eu era aceita. Elas compõem minha história, minha identidade. O tempo é mesmo implacável. Então não se apegue demais as coisas, nem as pessoas. A gente precisa ser suficiente pra gente. Porque no fim das contas o que realmente fica somos nós e nossas recordações, as coisas e pessoas se foram. É isso que acontece com seres livres, em algum momento ele vão partir. Não que não sejamos especiais ou importantes, mais eles também mudaram. É tudo tão passageiro. Nós estamos aqui de passagem. As pessoas complementam nossa vida, não a define. Se conheça, se aceite, se respeite, se ame. Porque a felicidade é um estado de espírito.
As pessoas se limitam ao criarem estereótipos a meu respeito. Faltam-lhes sensibilidade para enxergar por trás da face. Talvez eu seja mesmo tudo que elas pensam. Mais garanto que não sou só isso.
Por favor, abra suas janelas, veja o universo de oportunidades que me pertence. Vai continuar acreditando que desejo aquilo que é seu? Pois bem, continue no escuro.
Definitivamente não “arrasto bunda” pra ninguém. Não por orgulho. Nunca encontrei ninguém que mereça.
Não serei hipócrita em dizer que posso te olhar nos olhos e dizer que esqueci. Nenhuma ferida cicatriza da noite para o dia.
É um alivio saber que em algum lugar ai dentro, apesar das aparentes mudanças, minha amiga continua viva. Porque o que mais me doeu foi procurar por ela e não a encontrar.
Relaxa que não estou lhe enviando pensamentos e vibrações negativas. Gasto toda minha energia na academia.
O coração pode estar despedaçado, que o sorriso estará escancarado, não pra maquiar a tristeza, mas para chamar a alegria. Ser feliz é uma escolha.
Minha mãe representa meu ponto forte, e também o mais fraco. Sei que não é justo depositar nela tanta responsabilidade de uma vida que é minha, mais aquilo que ela diz alimenta o que sou. Se diz coisas estragadas, é o que brota.
É tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas. Madrugada de sexta-feira sai de casa sem nada no estomago, um nó na garganta e uma vontade imensa de gritar, com a mente anestesiada e um sentimento estranho. Após me refugiar em uma danceteria em Americana, á caminho de casa em meio o barulho do transito da manhã o que me incomodava era apenas o meu silencio; nada tinha cor, eu olhava as pessoas mas não as enxergavam. “Porque pior do que a voz que cala, é um silêncio que fala”. E fala alto. Silêncio que fala sobre esquecimento. Meu telefone não tocou, estava mudo para a única ligação esperada. Não havia recados na secretária eletrônica e mesmo assim, entendi a mensagem. Acabou. Ate a criatividade para inventar um novo recomeço acabou, porque chega uma hora que você se da conta de que não é uma questão de força, nem de vontade, é de aceitação mesmo. Aceitar que você também vai perder, vai ter de abrir mão de certos planos, mesmo que temporariamente. Ate amadurecer, e o mais difícil é que não se sabe quanto tempo leva para que isso aconteça, o seu tempo você ainda consegue fazer uma idéia, mais e o tempo do outro que é diferente do seu e precisa ser respeitado? E daí você tem que escolher se pega o ônibus errado de novo ou espera pelo próximo. Só que essa espera é angustiante. Mais o que fazer? O que dizer? Que amo, que o esperarei um dia na rodoviária, num aeroporto?Que acredito em tudo o que vivemos, que só ele consegue mexer dentro-dentro de mim? É tão pouco. Estava fora de órbita, fui despertar do meu silencio quando por alguma razão alguém gritou, “vai bater”, ouvi o cantar dos pneus e senti que deslizava pela pista. Ufa! Paramos em um posto de beira de estrada para afastar o susto. Senti em mim um cheiro de tudo aquilo que eu sempre odiei, e ainda odeio, e agora com uma atitude fraca e mesquinha eu tenho usado como anestésico, na tentativa de preencher uma lacuna criada por mim, por minhas escolhas, minhas palavras ásperas. Neste posto havia uma conveniência, estava fechada, mais tinha os vidros da entrada espelhados, vi o reflexo de uma moça, eu não a reconheci. Então me perguntei, porque ela estava tão triste?
Não te preocupa, eu vou ficar bem. É fácil prever. O que acontece é sempre natural, se a gente tiver que se encontrar, nesta ou em outra vida, a gente se encontra. Espero-te. E curto-te todos os dias. E gosto-te. Muito. Por isso, desisto.
Não tenho nada a oferecer além da minha alegria. Cada sorriso que provoco faz qualquer esforço valer a pena.