Leonardo Eduardo Dutra
O ultimo poema
Perdido, como uma ovelha levada ao matadouro, preferiu o esquecimento.
Não consciente de si, percebera que já alcançara o que pretendia.
Na calada da noite bateram em sua porta.
Quem seria? Quem teria tamanha ousadia de importuna-lo?
Era a solidão pedindo guarida,
e chorava tanto, que ele chorou com ela,
dançou sua música, bebeu de sua taça.
Lágrimas, a cicuta dos pobres.
Todavia ela o abraçou, o embalou.
Fê-lo entregar-se pouco a pouco
ao frio de suas palavras.
Era uma noite comum,
mas a solidão deu-lhe um
fim.
Nude
Triste do poeta que pensa estar em um altar imaculado.
Nasceu em um buraco que não tem mais tamanho.
Usa teu poema como asa e não como pá.
Faça melhor, aprenda a tecer.
Na ânsia de sermos aceitos, nos abandonamos. Talvez não exista crime maior ante o tribunal da consciência.
Não seja trágico, seja básico.
A vida pede bem menos.
Tire a mochila das costas
e carregue a felicidade nas mãos.
Diariamente crucificamos o Cristo e libertamos Barrabás.
Figuras icônicas que durante séculos lançam luz à nossa ignorância, mostrando que até uma doença consegue evoluir mais depressa que a nossa compreensão.