Léo Barbosa
Por isso saem reclamando do amor, dos laços que não deram certo. Mas é óbvio. As pessoas tendem a fazer uma corda bamba parecer uma ponte de concreto e as coisas não são bem assim.
Antes do fim eu quero estar do teu lado vendo a lua se despedaçar em pequenos cometas e as estrelas explodirem como artifícios.
Eu tendo a compensar essa minha abstinência mergulhado em um mundo de sonhos e estórias que só existem no interior do meu ser. O mundo lá fora é irreconhecivel para mim e pelo menos por algum tempo até que tudo lá se reestabeleça eu permanecerei aqui. Nem que isso custe a eternidade.
Incrível é a capacidade das pessoas de achar que eu sou tolerante a qualquer coisa. Se elas soubessem o quanto são ignorantes e despercebidas nesse aspecto… Juro que se tivessem o mínimo de percepção sairiam correndo da minha vida. Digo, literalmente.
Eu não bebo, obrigado. Ando bastante embriagado ultimamente de tédio, solidão, saudade, medo, esperanças, de você.
Memórias
Elas projetam as imagens na sua cabeça como num filme, onde rever tudo aquilo te faz bem. Só que diferente de um filme, essas memórias não se estragam, a gente não tem como perder, elas não são substituídas, nem copiadas e posso dizer mais, elas ficam ali guardadinhas, e sem você perceber elas vão sendo projetadas automaticamente a todo instante. Só que aquelas lembranças que te fazem bem vem acompanhadas de fatos, estes sim te fazem mal, te trazem a realidade que você não consegue acreditar. Agora, se tem uma coisa que essas memórias têm em comum com filmes é que fisicamente, aqueles personagens nunca farão parte da sua vida, não mais.
Hoje mais do que nunca, preciso ser cauteloso. Dizer tudo o que quero dizer sem dizer nada, cautelosamente dizer. Nem que seja com os olhos.
- Tempo, você pode ir um pouco mais rápido com isso. Eu não vou conseguir sozinho se você for tão devagar assim.
- Desculpe-me, mas o problema não é comigo. Você já experimentou em deletar aquelas fotos dela do seu celular ou do seu computador?
- Não. Não tentei. Eu gosto daquelas fotos.
- Você já parou de ouvir aquelas músicas que lembram vocês dois?
- Claro que não tempo. Eu amo aquelas musicas.
- Esse sim é o problema. Você não quer esquecer. Você não consegue. Do que adianta se eu passar e você ficar lá atrás onde tudo começou? Onde tudo era perfeito.
- Mas é esse o ponto tempo. Quando tudo começou foi perfeito e eu sinto falta daquilo tudo. As fotos e as músicas foram as únicas coisas que me restaram.
Faz tempo que o tempo nos deixou olhar nos olhos. Parece até que não conhece que nossas vidas é uma só, que apesar de não estar juntos os nossos olhos, nossos corações são siameses.
Eu gosto de recanto de parede, do cantinho da cama, do apoio -do braço- do sofá, do assento da esquina da mesa de jantar e de deixar a janta no cantinho do prato. É como se eu tivesse sempre a espera de alguém pra ocupar essa sobra de espaço. Aqui fora do meu lado ou aqui dentro noutro espaço.
Ei, garota! Não adianta chorar pelo ultimo gole do conhaque que se espalhou sobre a mesa não, agora já era! Ficar resmungando sobre planos frustrados é pura frustração e perca de tempo.
Ei, menina! O futuro está ai, dá pra enxergar? Pois bem, avante! Essa é sua hora, garota.
Sabe aquela história de Anjo da Guarda? Pois bem você era o meu Anjo da Guarda e agora que você se foi eu me sinto desprotegido.
É ele sim, tem que ser! Não é possível que esse reboliço seja normal. Um troço assim tem que ser para sempre, no mínimo.
Homens não costumam chorar. Assim como edifícios não costumam vir ao chão, como pontes de concreto não costumam desabar, mas quando desabam […]
Faz tempo que ficamos para trás. Mas o elo criado ainda é rígido, vigoroso. Pelo menos é isso que eu sinto. E foi como não mais sentir meus pés tocarem o chão e a vertigem fez embaralhar aquelas letras miúdas diante dos meus olhos. Pensei “Mas... Você não pode fazer isso comigo, afinal...” Só que então, percebi que era nosso final e que você podia e que você deveria. A verdade nisso tudo é que estamos distantes agora. O vento e o sol são os mesmos que nos cercam, mas as pessoas não. É ai que mora o perigo. É por ai que ele reside. Sim sinto ciúmes quando lembro que você já foi minha. Daquele jeito que só você sabe que foi. E agora é dele. Do jeito que prefiro não imaginar.
De verdade, eu só queria entender o que tu sentia. era tão estranho e oscilava a todo instante que confundia com o que eu estava aprendendo a lidar.
Minha vontade de estar ao teu lado e te querer só minha se estendia quando de repente uma bipolaridade surgiu e me deixou na corda bamba. bombeou, caí.
Me sinto tão estranho, tão diferente da pessoa que era quando estive ao teu lado. Mudei tão bruscamente que penso as vezes, que aquele não era eu. Ando entediado, estressado, sem animo, sem vontades. Mas meus sonhos continuam aqui, dai paro e penso; se ainda estão aqui, esse ainda sou eu.
O espetáculo verossímil estava a pouco instantes distante de cumular meus olhos e minha alma. Era previsível a mim saber o momento que ela apareceria e como apareceria. Sucedeu-se do mesmo modo ontem e antes de ontem e todos os outros dias que antecenderam esta noite. Ela viria logo depois do número final do mágico onde ele fatia a sua cobaia. (É assim que chamo todas as assistentes de mágicos quaisquer.) Ele estara a fazer exatamente o que ela fazia com meu coração, cortando-o em partes, dilacerando-o como o senhor de cartola negra o faz com a loira de sorriso malicioso e convidativo. A criatura de curvas gritantes e o dono da magia ilusória se despedem daqueles que fazem o seu sustento embalados por centenas de aplausos ruidosos. E eis que ela surge por entre os firmamentos da enorme lona de cores vibrantes cortando a brisa da noite com suas longas pernas revestidas de brilhantes que me fazem confundir com o resplendor de seu olhos. Senti tudo o que me rodeava parar ao vê-la esvoaçar pendurada a um trapézio que mesmo com toda confiança que demonstrava em estar empregnado lá no alto provocava-me um temor assustador. A tensão tornava-se alívio só mesmo ao firma-la os olhos e tocando a tranquilidade que desaguava de seu semblante. Acostumada a milhões de olhares atenuosos em sua direção, ela jamais perceberia o meu por entre tantos outros dali e de fato eu não queria que o fizesse. Ela, acredito eu, parecia fitar alguém como uma águia firma os olhos em sua preza. E eu contentava-me apenas em vê-la no alto, como um sonhador centenário ainda almeja seu sonho, como uma criança deseja tocar uma estrela.
Deixe- me ser sua xícara de chá predileta, eu prometo mantê- lo tenuamente aquecido. Assim farei com seus pés se me deixar ser as pantufas que aquecem- os. Deixe- me te cobrir a noite, te cobrir de beijos. Deixe- me ser o primeiro contato na tua agenda, deixe- me ser aquela chamada a cobrar no meio da noite fria. Deixe- me te encher de abraços menina, dê o braço a torcer, por mim, por você.