Layyy
Poetas da torre de marfim
O por quê de tanta seriedade
não me vem uma resposta em verdade,
Não vos vinham amores aos teus confins?
São acanhados, medrosos ou não?
Temem amar ou odeiam o amor?
Podem elucidar-me por favor?
Por quê emoções vos causam tanta aflição?!
Pois sinto minha alma parnasiana
Certeza de que vos posso culpar
Trabalho, teimo, limo, sofro, e não é minha!
Não quero ser convosco leviana
Mas sequer consigo vos desculpar
Os puno pois não amei a quem me vinha…
Você é minha sinestesia
Sinto o cheiro do teu gosto bonito
Sinto no peito o atrito
De um coração em heresia.
Me recuso a não sentir isto
Mas, também, prefiro que não saibas…
De meu eu em brasas
À procura de êxito explícito.
Um belo poema te dedico
Te entrego todo meu amor
Em troca de seu lúdico
Um belo poema te declaro
Peço-te que não me envergonhe…
Minha sinestesia de olhos castanho-claro.
Oque é o universo se não um único verso?
Se for isso não posso passar disso
Assumo comigo o compromisso
De escrever apenas um universo.
É a segunda vez que tento
Sair voando do casulo
De novo não tenho assas
De novo não pude sentir o vento
Quero extrovertir meus versos
Cansei de ser larva
Sofro por minha reserva
Livro-me desses sentimentos imersos
MINTO, MINTO, MINTO!
Odeio as cores destas asas
E o vento é muito forte
Não gosto do que sinto
Quero desmetamorfar
Quero me casular de novo
Se sempre desaprovarei meu voo
Prefiro não mais tentar…
Um dia tu me sonha?
Quero habitar seu pensamento
Quando ele estiver distante
Um dia tu me sonha?
Quero ver-te sorrindo por isso
E que seja importante
Sei que não seria um bom sonho
Gosto de ti mas me envergonho…
Se, um dia, tu me bem sonhar…
Se me bem sonhar…
Peço-te desculpa
Isso não tira-me a culpa
Embora tenha me perdoado
Meu juízo é aguçado
Não mereço teu perdão
Eu te sinto ainda magoado
Gentil, como eu quero fugir!
Isso aperta meu coração.
Quanta coisa me envergonha
Não respiro sem pensar
Ela merece todo o ar
Não respiro e penso: disponha
Quanta coisa me entristece
Quero te ajudar, Formiga
Tento ser “a boa amiga”
Que tu me pensa ser
Como isso não me desce…
Quanta coisa me enfurece
Tanto ódio de mim mesma
Ódio, ódio duma resma
Que me descreve, me conhece.
Tu es anjo e eu sou uma pena
Que enlace teu peito em meu peito
Que me ame e me tenha feito
De pena, tuas asas
E eu te liberto, te deleito.
Tu es magia e eu sou trouxa
Como me enfeitiça teu feito
Amarias um ser imperfeito?
Tu me amas, meu bem?
Ou tiras, de mim, proveito?
Tu es chamego e eu sou triste,
Sou condenado e sou suspeito
Quero, de ti, ser afeito
Tu me isenta de quem sou
E eu aprendo a ser teu leito
Não direi palavras em vão
Dói-me quando não são entendidas
Como uma bela vista não vista
Meus sentimentos assim não serão.
Não direi palavras de amor
Gasto de coragem que não tenho
Tudo queima cá dentro
E ninguém sente meu calor
Meu Bem, se ouvires de mim
Arengas de meu querer
Não o despeje, por favor
Porque milagre é eu te dizer
Se, a ti, estiver me declarando
Me faça de parvo ou dengo
Mas me faça ser o centro
Porque agora escolhi estar corando.
De bom somente esses versos
Tirei-os do meu desespero
Dos monólogos devaneios
Que tive comigo, sem remorso
Mas se isso é meu melhor
Devo temer minha desaire mente
Não devo ficar contente
Por meu acanhado lirista amador
Tanto a dizer com tão pouca labia
Tanto a escrever com tão pouca palavra
Tanto a sentir com tanto medo
Tanta vergonha a ser deixada em segredo.
Que eu me cale ao teu olhar
Que eu espere teu despertar
Todas as manhãs
Que eu queira teus beijos
Que eu satisfaça seus desejos
Tanto que me estranhas
Que eu lembre da verdade
Que se me causas saudade
É porque te amo
Que eu não me confunda
Que se meu coração afunda
Em teu vasto amor selvagem
Exprime minha vontade,
Então te clamo.
Não sei porque não cogitei parafrasear
Alphonsus de Guimaraens
Só dar uma de Ismália e me jogar no mar…
Mas, ei!
Não vou dar este gosto aos capitães!
Vou dizer que é só brincadeira.
Lúcifer
Tens tu ainda esperanças
do perdão de seu pai?
Nada bom de sua boca sai
Vais um dia almejar vingança?
Tu não o ama ardentemente
Se queima sozinho no fogo do inferno
E desfaz em pó tudo oque sentes.
Sinceramente, quão injustiçado foi
O Deus que perdoa todos os pecados
Não te perdoou. Misericordioso uma ova!
Tu es o castigador dos que morreram armados.
Indigno dos céus tu cais
Desista desta misericórdia
Não serás bem-quisto aos olhos do pai.
Nosso amor é um passeio a Tijuca
“Fica para outro domingo”
Sou o repugnante Rubião de tua Sofia
Espero não morrer sozinho…
Sinto frio e me arrepia a nuca
Goste ou não de mim eu te gosto
Maldito realismo brasileiro
Me mates, mas não mates meu cachorro
Falta de nexo, culpo minha loucura
Muita generosidade, pouca noção
Rimas são superestimadas
Não preciso de nada disso
Mas, de novo, se sou este louco
e contraditório por odiar te amar
Não vejo problema em rimar
Na última estrofe, ao menos um pouco.
Seja o clichê que for
“Eu sei que vou te amar
Por toda minha vida eu vou te amar”
Você só não saberás disso
É que quem sabe um dia tu digas
“E por falar em saudade
Onde anda você?”
Estarei aqui, a ti submisso
Pois eu não digo que
“Eu não sei parar de te olhar”
Mas quero que saibas que
“Quero a vida sempre assim
Com você perto de mim até o apagar da velha chama”
Se assim também quiseres
Mas se for demais
“Sou eu que vou ser seu amigo
Vou lhe dar abrigo se você quiser”
Eu só te quero por perto
Além de todos esses dizeres
Posso até pensar
“Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola me mim?”
Pois sinto tanto sua ausência
Mas “Dengo, se tu não quiser ficar
Te canto todos os dias
Todas as alegrias que não vamos compartilhar”
Pois não tenho tanta prepotência.
Ao final de tudo isso, reforso
“E cada verso meu será pra te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida”
Sinto vergonha mas não sinto remorso.
Minha maldição
Dois de cada coisa
Dois amores não correspondidos
Dois anos de sofrimento
Dois melhores amigos perdidos
Aposto que mais dois anos remoendo
Já morei em duas casas e um apartamento
Será que mudarei por causa desta maldição?
Dois minutos de paz neste momento
Enquanto escrevo uma poesia que nunca virará canção.
Duas horas chorando
Dois dias segurando o choro
Duas ideias ruins, eu fico pensando
Se vivo de dores ou se morro.
Uma mentira, uma verdade e um talvez…
“Nada poderá nos separar”
Que Mentira!
O NADA poderá nos separar
Vazio será meu lar
E é verdade!
O VAZIO será meu lar
Partir disso me fará chorar
Talvez…
O PARTIR disso me fará chorar
Não se vá se pretende um dia voltar
Amor
Amor é maldição
Fúria e sutileza
Não o cobiço e não o cobiçarei
Embora vil seja minha convicção…
Pudor ao teu notar-me
Esquivo dessa desgraça
Amor é adereço
E não quero isso em mãos!
Pandemônio Emocional
Covardia invejosa
Medo incessante
Felicidade ambiciosa
Coragem distante
Há muita coisa em mim!
Filo fobia insistente
Sei amar alguém
Não sei amar muita gente…
Sinto meu peito muito cheio
Não me sinto consciente.
Lua de papel
Em olhos marejados a lua é uma rosa branca imensa no céu
Rosa branca que acalma e conforta os perdidos na noite
Seu clarão afasta as sombras, seu formato, origami de papel
Ilude as lágrimas que vão embora.
Oque é ser poeta?
Escrever poesia?
Pois eu escrevo
E não me sinto poeta
Poemas atrás se poemas
Diria que tenho inspiração
Mas poeta não sou
Não sou poeta não.
Ah! Que saudades de um certo soneto
O qual ontem deixou-me posto em lágrimas
O soneto que com suas últimas rimas
Fez-me querer ter sido mais inquieto
“Por timidez, oque sofrer não pude”
Gasto de toda minha coragem agora
Se não quero que meu amor vá-se embora
Devo fazê-lo ficar, amiúde.
Não desperdiçarei minha juventude
Não sentirei remorso em minha velhice
Mártir do sofrimento e solitude
Mesmo que não o beije por tolice
Mesmo que eu não sofra se tu me iludes
Não vou sofrer pelo que nunca disse.
Pra eu poder te querer à vontade
Só quero estar em teus braços
Se quiser me ter neles
Só quero você por perto
Se quiser estar aqui
Mas ainda assim…
Quero que me queira em teus braços
E quero que me queira perto de ti
Só pra eu poder te querer à vontade.
Eu não sou masoquista
Eu não sou masoquista
Eu sou apaixonada
Sou uma viciada
Pela ideia de um amor ufanista
Eu não sou masoquista
Não amo esta dor
Mas eu amo o amor
E faço de tudo por ele. Alienista
Quem sabe me internem
E me forcem a esquecer de ti
Mas amor assim eu nunca senti
E sentirei até que me alienem
Me prenderão numa camisa de força
Me doparão e me isolarão
Ledo engano teu, toleirão
Amor não se prende, não se dopa, não se isola
Amor se sente, e só se se quiser, vai embora
Desprevenido
Dramas inacabados
“Negativizando” todo o quarto
Dramas inventados
O desespero de um não vivido ser. Desprevenido.
Choros forçados
Lágrimas de crocodilo no travesseiro
Choros necessários
Pro desespero de um não vivido ser. Desprevenido.
Pedidos, pedidos, pedidos
Uma prece ao universo pra ter o tão querido.
Uma prece ao universo pra pegar menos leve.
Uma prece ao universo pra ser um ser vivido.
Drama, choro e pedido breves
Causam danos longevos
Hematomas, insonias e vis esperanças.
Sobre meu ser desprevenido, escrevo.