Layara Sarti
Era 8 de julho, às 7:00 am de uma manhã fria e gélida de inverno acompanhada pela sinfonia da chuva, molhando lá fora os sapatos esquecidos. As pessoas nas ruas andando com pressa pro seus trabalhos e afazeres, agasalhadas e com seus guarda chuvas, era um festival de cores, sombrinhas floridas, coloridas, pretas, de todos os gostos. Mas naquela mesma manhã, a mesma chuva que molhava as sombrinhas e as pessoas, também molhava o telhado alaranjado de uma velha casa no centro da cidade, de gota em gota caindo no chão e batendo na janela, fazia um barulho suave e embalava o sono da menina, dentro de casa só se ouvia o barulho do relógio, tic tac sem parar, a respiração fraca da garota. Embrulhada pelos lençóis brancos, sonhando com o único que trazia a ela uma esperança, rolava pela cama, espreguiçava-se, e notou que na cama havia uma ausência, ele não estava lá.Podia ver tranquilamente, o tempo fechado, as nuvens nubladas, caindo cada vez mais a chuva, dessa vez um pouco mais forte, a garota, apertando o travesseiro contra o corpo, enrolada nos lençóis, começou a chorar, seu rosto pálido, branco e a pela macia, o cheiro de camomila ainda estava nos lençóis, o frescor da felicidade poderia ser encontrado, mas não, tudo era solidão. Seus pensamentos voltados para ele, voltando a lembrar dos beijos embalados e carregados de sentimentos, de paixão, dos abraços daquela noite envolvida por amor, a garota não conseguia se conter, os soluços ecoando pela casa fazia, chorava ainda mais, lágrimas e lágrimas caindo sem parar dos seus olhos serenos cheios de amor, de tristeza, de solidão. Lembrou-se daquela tarde ensolarada, daquele verão que passaram juntos, deitados na areia da praia, as ondas indo e vindo, as gaivotas pelo ar, a praia deserta, os chinelos jogados, os corpos contra a areia fina, o único barulho era das ondas, eles se olhavam, admirando cada vez mais, desejando ser a única da vida dele, imaginado com tanta força quase se tornando real. Sim, ela o amava, não pouco, mas muito, um amor tão surreal, impossível de descrever, de explicar, só quem sentia poderia entender. A chuva quase parando, ouvindo apenas o gotejar banhando o jardim florido por pequenas rosas murchas, o cabelo loiro recém pintado, bagunçado, as mãos forçando as bochechas rosadas e as unhas pintadas de anil, quebrou o silêncio, saiu em busca de algo ou alguém, vestiu-se com o vestido verde florido desbotado pelo tempo, delicado, cheio de botões rosas, calçou a sandália preta perdido em meio a revistas e roupas no canto do armário, quase esquecido, enxugou o rosto, ignorou o frio e a tristeza e saiu a procura.
Lá fora, quase não havia mais chuva, as pessoas andando se debatendo um contra o outro, cada um com seus pensamentos em algo, nos problemas, nos filhos, nas tarefas, as lojas cheias, pessoas comprando, gastando, ganhando ou comendo, era assim uma manhã monótona, as pessoas fazias as mesmas coisas quase todos os dias, mas não era uma manhã qualquer para a garota. Mas do meio da multidão estava saindo alguém com o rosto conhecido, o cabelo loiro, os olhos negros, vestido uma jaqueta preta, com uma bandeja na mão, cheio de frutas e copos, ela não aguentou a felicidade, os olhos cheios de lágrimas, feliz por vê-lo, por amá-lo. Ele indo ao encontro dela, chegando cada vez mais perto, olhou fixamente aqueles olhos magníficos e perguntou: - Você prefere achocolatado ou café?.
Era apenas uma manhã qualquer, mas os dois ficaram no meio da multidão, se amando, se beijando e se abraçando, eles se amavam, se amavam muito, até demais por sinal e nada poderia separar aqueles dois corações unidos, batendo juntos, em um só palpitar. A chuva voltou a cair forte, molhando os dois abraçados, mas ninguém se importava, eram eles, era amor, era tudo.
Vitórinha amarelinha toda boba desatina, sorria pelos lados, vinha assim caminhando com teu jeito de menina, espalhava teus encantos por todos os lados, despertava amor em corações solitários, tua fragrância envolvida pelo teu doce de ser pairava no ar. Perdida pelas ruas movimentadas, teus pequenos olhos com uma grossa camada de rímel revelava a esperança caindo pelo olho direito. Ia e vinha, coitadinha, chute pedrinhas, espalhe tua ternura, cante com as árvores, sinta o vento, faça desejos, te querendo Zé, te querendo muito. 1...2...3... O sonho se transformando em um desejo surreal. No cantinho da esquina vinha o "sonho" caminhando a passos largos, era Zé com teu jeito desleixado, com as mãos no bolso vinha assoviando sem preceitos, sem defeitos, tão perfeito. A garotinha desatina cheia de gracinha com um laço bonito no cabelo aperfeiçoando teu rosto angelical mal espiou no cantinho da esquina e teus olhinhos cheios de doçura tornaram-se cada vez mais brilhantes. Vai passo a passo, sem hesitar, sem temer, o coração exaltado, gritando Zé, ecoava pelas paredes internas do teu corpo, indo...indo...indo, 5 passos os separavam, ouvia-se as conversas pretendidas a ser realizadas, o cheiro da primavera a agradava, 4 passos, as mãos suavam frio, um pedido devia ser feito, 3 passos, ajeitava o vestido pela barra, puxava e repuxava, era o nervosismo que a deixava assim, 2 passos, arrumava as madeixas, deixando caída pelos ombros, 1 passo e já estava nas mão dele. Vitórinha desajeitadinha, aquela menina tão tímida sorria bruscamente, sem tirar nem pôr, era Zé, apenas ele.
Ei garota, preste atenção no que eu vou dizer, só leia, até o fim, sem parar e se as lágrimas rolarem, não tenha vergonha, mostre-as para o mundo. As coisas estão difíceis né minha pequena, tá difícil aguentar tudo isso sozinha, sem falar pra ninguém,cada vez mais aperta no coração, essa dor de não poder mais suportar sozinha. E toda noite é a mesma coisa, por mais que seja impossível de acreditar, você vai dar volta por cima, vai fazer todos se levantarem e te aplaudirem, sim, você consegue. Jamais deixe isso te abalar, por favor não deixe, continue seguindo firme, vai que a estrada longa, mas eu sei que no fim você poderá dizer: Eu consegui!. Tudo isso é só pra te fortalecer, você é capaz, você é forte. Não deixe as palavras dos outros te afetarem, eles não sabem o que falam. Se você soubesse como é tão linda, tão perfeita, tão maravilhosa, por estar aguentando tudo isso sozinha, você é magnífica, perfeita do jeito que é. Eu sei muito bem como é ser rejeitada, ignorada por todos que vivem ao seu redor, confesso que nunca foi fácil, sei muito bem que guarda todas as tuas lágrimas, tua dor deixada reservada no fundo do coração, e quando chega no chuveiro, se joga, se deslancha em dores e por mais que tente ser assim tão fria, és tão sensível e forte ao mesmo tempo. Vai minha pequena se jogue nesse mundo, você é perfeita, eu sei muito bem que conseguirá, se levanta desse chão, esqueça essas dores e vai ser feliz, não esqueça, você é linda.
Vou me jogar por esse mar, que as águas me carregue levando para bem longe, que os problemas sumam, to precisando muito disso, sumir por uns dias e não voltar mais. O temporal está grande, as ondas consumido-me [...] Eu nado, nado, na esperança de encontrar algum lugar melhor, quero apenas ficar só, vou no meu barco, à deriva, pra qualquer lugar eu vou, não ligo, mas que eu suma por alguns longos momentos. Então, me leve, pra algum lugar distante, me leve.
Um dia a gente aprende [...]
Que as coisas não são tão fáceis quanto achávamos, que para realizar sonhos há um longo trajeto para percorrer. Um dia aprenderemos que nem tudo são flores, que as rosas mais bonitas também têm seus espinhos. Aprende que o orgulho não nos leva a lugar algum, quanto mais cedo deixarmos de lado, melhor. Aprende que a vida não é como sonhávamos, que mesmo não tendo uma vida perfeita é possível sim, ser feliz em meio há tanta hipocrisia. Aprende que a estrada é longa e que no caminho dessa estrada aparecerão muitas pedras e em algumas você irá tropeçar, não para seu fracasso, não obstante para seu fortalecimento. Lutas, sofrimentos e tristezas virão junto com algumas lágrimas, mas haverá vários momentos felizes com pessoas especiais, que saibamos então aproveitar todos esses momentos. Aprende que mesmo a vida sendo assim tão difícil, vale à pena batalhar por ela, vale à pena viver, vale à pena ser feliz.
Uma carta para o meu antigo amor
Oi, meu bem, estava aqui jogada pela cama então resolvi fazer o que meu coração pedira há muito tempo, talvez me pergunte o "porque" desta carta, quando se foi, algumas palavras presas na garganta aqui ficaram e eu já não poderia mais continuar com elas aqui, sufocadas, sem ar, isso quase me mata. Então, me desculpe pelo meu jeito tão complexo, por não ter sido fácil, me desculpe pelo meu orgulho que você suportara, me perdoe então, por favor, pelas coisas ou palavras que disse que te fizeram sofrer, perdoe-me pelo meu jeito tão difícil, pelas palavras não ditas, pelas brigas tão bobas. Ah meu amor me perdoe, por favor, por tudo, não fui a melhor pessoa que mereceu meu orgulho e minha teimosia te atrapalhava tanto, me desculpe meu amor por ser o motivo de tuas lágrimas, me desculpe. Mas eu espero que você esteja com alguém melhor do que eu, que te faça feliz e te compreenda, alguém que quando estiver com problemas ela esteja lá para sempre te ajudar e consolar, quero que seja muito feliz, que realize todos seus sonhos com uma pessoa ao seu lado que te ame muito. Eu sei que hoje és assim tão nobre por algum motivo, talvez eu mesma tenha tido um papel importante na tua vida, pude ter ajudar a crescer e ser essa pessoa que hoje é, tão gentil, tão feliz. Deus cuide desse meu antigo amor, guie os passos dele, não o abandone, fortaleça-o, seja com ele sempre, és o meu último pedido, que ele seja muito feliz, por favor, Deus.
E quando o assunto é você, ah meu bem me perdoe então, por favor, minha língua desobediente insiste em dizer coisas boas, bobas e graciosas, salpicando cada vez mais um pouco de doçura, incrementando com uma dose de carinho, desculpe pela minha displicência e ousadia, mas as palavras tão bem reformuladas no meu coração saem como chuva de verão molhando a terra seca sedenta por algo que a alimenta. Meu bem, nunca economizei sentimentos por você, não há de ser hoje que te restringirei das minhas palavras adocicadas com o mel e granuladas pelo o vento do amor. Não estou aspergindo carência, queira entender que foram as cantigas de tarde que me fizeram assim, era amor demais, meu bem não negue os vestígios muito menos crie máscaras, era amor, sempre foi. Oh meu amor, sabes muito bem que sou assim desse jeito, meio atrevida, ousada e inquieta, então por favor entenda minhas palavras, compreenda o meu coração que suspira por você, a cada segundo mais e mais. Vamos acabar com isso, com esses jogos medonhos e as faces mal disfarçadas, venha meu amor, esqueça isso, deixemos de lado, apenas me acompanhe, fique comigo, assim, nós dois e vamos juntos, sem rumo, sem destino, nada disso é preciso, com você ao meu lado para que se importar? Entenda apenas o quanto eu te amo e isso já basta para mim, vamos que a estrada é longa e muita coisa nos espera.
Não é nada, não se preocupe [...]
Disse ela, cansada de enganar a si mesmo, o som daquelas palavras saindo pela sua boca, irritava-a profundamente. Exausta de tantas coisas, de tantos problemas, tantos sonhos destruídos, felicidade roubada, amores que se foram, promessas falsas. Mas foi ela adiante, quase perdida em seu mundo recém criado, um lugar fora da órbita, por onde visitava sempre e pelas tarde de sábado era ali que ela gostava de passar o tempo, viajava, criava, imaginava, seu corpo estava presente jogada na cama, mas sua mente estava tão distante, tão longe. Era bobo dizer que a menina tinha seu próprio mundo, era cômico saber disso, mas era apenas isso que a aliviava. Mas de um súbito momento pôde ter ouvido a voz dele no seu mundo, ela sabia muito bem de quem era aquela voz, tão suave, começou a lembrar daqueles momentos, dos beijos doces, dos abraços, aqueles que ela tanto amava, aqueles que por mais que a situação fosse triste eles sempre estariam lá para protege-la, com esses pensamentos um broto de lágrima começou a nascer no olho esquerdo, ainda doía nela, senti saudades daquele tempo, das tardes, do amor, lamentava tanto por isso ter terminado, mas a pobre garota não podia fazer mais nada, já tinha passado, o único jeito de encontrá-lo novamente era em seus sonhos, então dormiu, com esperança de vê-lo, sentir, tocar, amar.
- Chega [...]
Ela disse com a voz fina meio rouca crescendo a cada letra pronunciada, disse sem pensar, cansada de ilusões, de amores falsos, de promessas inúteis, de corações quebrados. Passa a mão pelo cabelo ruivo, aqueles tufos cacheados, e fixa sua visão em algum ponto no horizonte, cansada, já não sabia mais o que estava fazendo ali, com todo seu peso jogado na areia macia, afundou as delicadas mãos no cabelo, abaixou a cabeça, e não aguentava mais, despejou-se em lágrimas, o estômago revirava, e pontadas leves sentia na barriga pequena, os olhos se tornaram uma mancha preta borrada, a pele razoavelmente corada pelo sol da tarde que a banhava da cabeça aos pés, os lábios tão vermelhos como uma cereja adocicada, levantou-se limpando os olhos, exausta, foi andando pelas ruas, criando uma pequena história, onde naquele conto imaginário seria apenas uma garota feliz e nada mais.
Aonde quer que eu vá, meu passado sempre irá comigo, essa dor que vai e vêm, não sabe o que quer. Sei que não posso fazer nada, não posso destruir estas lembranças, isso me enfraquece. Sentir saudades de alguém que você ama tanto, que daria sua vida por esta pessoa, mas são apenas recordações e nunca mais será "presente". Vocês foram tão cedo, cedo demais, eu imagino vocês aqui do meu lado, o futuro, mas não posso me prender a isso. Fico lembrando, e as lágrimas correm depressa pelo meu rosto, me sinto fraca por não poder resistir a isso, não importa quanto tempo passe, nunca vou poder esquecer, nunca vou poder deixar de amá-los, nem mesmo a morte destrói esse amor.
Jogada pelo assoalho sujo, coberto de mofo, cheio de sujeira, e já não me importava, na verdade muitas coisas já não importavam mais pra mim, eu me esforcei, juro que tentei, dei tudo de mim, mas não dá mais, cansei de continuar com esse jogo, com essa farsa, aqueles sorrisos, aqueles olhares e os abraços intermináveis, eu gostava tanto, eu amava, era como um combustível para meu corpo, me dando forças para continuar, pra seguir em frente, não desistir de nada. Olho pela canto da janela meio embaçada, admiro o horizonte, querendo que essa minha angústia fosse de outra pessoa, mas não minha, eu não tenho outra opção, mas vou ter continuar com essa dor dentro do meu coração que cada dia mais insiste em me maltratar, me jogar no chão, me derrubar, cansei de ser forte, chega de máscaras, até mesmo os fortes precisam chorar.
Mesmo depois de ter passado por tantas provações, tantas lutas, ela nunca reclamou, nunca desistiu dos seus sonhos, sabia muito bem que tudo o que tinha lhe acontecido, era para fotificá-la e tornar esta pessoa tão forte e tão alegre que é hoje, nada foi em vão, tudo teve um propósito único.
Ela se encontrara despejada pelos cantos da casa, tão murchinha como uma rosa seca, sedenta por água. Quem a visse pensaria que estava cansada, com sono ou algo similar, mas na verdade nem chegava aos pés disso, como queria que fosse apenas sonolência, não obstante o que sentia iria muito além disso. A dor se chamava "amor não correspondido", mal sabia o que era, mas já começara a sentir os sintomas. Não disse a ninguém, continuou a sofrer calada, pobre coitada, definhando cada dia mais, ninguém ouvia seus soluços de choro desesperados durante à noite, seu semblante cabisbaixo e seu corpo enfraquecendo cada vez mais, não era drama, nem aparência. Era amor de verdade, amor sincero. Mas nada mudou, tampouco fizeram caso da pobre garota.
Eu sempre vou te ajudar quando precisar, te amarei à todos custos, sem cobrar nada, te defendo sem ao menos pensar. Quando ninguém estiver ao seu lado, eu estarei.
Os olhinhos pequenos apareciam pelo o canto da porta, tão engraçadinha, cheia de rimas, sorria e dizia amor em voz alta, contava até três pensando de vez no teu português. Soltava os cabelos pelo ar, sem se importar, os penteava e ria, ria com gosto cheia de dizeres, sem graça batia as palmas, sonhava e gritava, entre segundos ou milésimos, não sabia o tempo certo, nem se importava, estava livre, leve, solta, jogava-se pelo vento, "anda bonito e tem um brilho no olhar", engasgou-se em risos. Vinha e ia, para lá, para cá, tão indecisa, nunca sabia o que queria, uma hora ria e ria outra não se podia entender "engraçadinha e complicada" pensou ela mais uma vez. E quando as palavras iam se esvaziando de sentidos, os contos, as poesias e os poemas cheios de ritmos, tudo ali incompleto diante dos teus olhos, tava faltando graça, tava faltando amor, escreveu pela tarde toda, chorou algumas vezes, mas escreveu, tão simplista e maravilhoso. Choveu forte nas palavras, os sentimentos a deixavam assim, era tão doce como mel e tão amarga ao mesmo tempo, sua acidez dissolvia as tuas dores mais impertinentes. Cheia de prosas e encantamentos, tentou e rimou mais uma vez, levou, beijou e amou. Entendeu, compreendeu, sofreu, escreveu e pela 4º vez no dia sorriu mais uma vez.
Sentada, cabisbaixa, fecho os olhos e materializo tudo que um existiu, amor, sentimentos, alegria, pessoas. Mas a realidade parece gostar de me fazer sofrer, lembrando-me amargamente que lembranças nunca mais serão o meu presente, com o coração na mão, o inevitável acontece, uma lágrima escorre pelo o meu rosto, dando lugar a muitas outras que virão incessantemente.
Ela sai, correndo, desesperada, com o rosto incendiado por lágrimas, cabelo desgrenhado e roupa amarrotada. Apavorada, o abraça, um abraço afável e consolador, desejando nunca mais soltar aquele corpo imprensado contra o dela, ele desliza suavemente a mão sobre sua face, admirando aqueles olhos cheios de lágrimas. - Minha pequena porque chorastes tanto ?, porque tens sofrido assim amarguramente ?. Derrepente um pequeno sorriso esboça no rosto dela, as bochechas começam a corar e os olhos voltam a brilhar. Naquele momento ela não disse nada, mas não era preciso, tudo tinha sido entendido. Ele brinca com com aqueles tufos de cabelo ruivo, aproximando cada vez mais os seus rostos , contraindo seus lábios ao dela. eles ficam assim por muito tempo, ora se amando, ora chorando, mas os dois sabem muito bem que se amam, se amam a cada dia mais.
Ei garota, porque tens sofrido assim por quem tanto te despreza, lembraste de todas as vezes que ele rejeitou teu amor, o mais puro, aquele teu amor tão idealizado que tu guardaste a tanto tempo. Quebrou seu coração, tão frágil e tão pequeno. Não fiques assim, pare de sofrer por quem te maltrataste tanto, esqueça-o e vai em frente, esqueça que um dia não economizara sentimentos, esqueça que passou noites acordadas, sonhando e imaginando seu futuro ao lado dele. A minha garota, és assim tão forte, tão valente, destemida e tenaz, já passou da hora de sofrer por coisas bobas, não acha?. Vá minha pequena, vá em frente e não olhe mais para trás.
Mais um dia começa, o sol já jorrando felicidade, iluminando aquela velha macieira, onde que por tantas vezes passei tardes brincando, imaginando, ou lendo. Aquelas tardes banhadas de ânimo, de amor, de entusiasmo e de alegria. Eu me lembro, me lembro muito bem quanto tempo passei naquela macieira, sentada na relva macia, sentindo o cheiro das flores e deliciando-me com os cantos dos pássaros, também me lembro daqueles dias ruins, daqueles dias chatos, onde a tristeza invadia meu ser, quantas tardes passei naquele aconchego da sombra da minha árvore, parece até bobo dizer, mas aquele lugar tinha algo mágico, algo muito bom, algo que me tranquilizava e reconfortava meu coração. Nunca mostrei este lugar para ninguém, não é egoísmo, mas certas pessoas não conseguiriam compreender toda a complexidade desse lugar tão mágico, tão maravilhoso, tão encantado.
Ela sempre foi assim, com o coração quebrado, segue em frente, com passos delicados e as lágrimas secando, coloca um sorriso no rosto e continua a caminhar com seus sonhos, desejos e a esperança firmados no coração como se fosse uma única coisa.
Eu tenho machucados, não machucados qualquer, feridas que talvez nunca cicatrizarão. Aprendi a viver com eles, aprendi a me proteger. Não vou dizer que é fácil conviver com estas feridas, pois não é, porque qualquer coisa, qualquer arranhão, qualquer motivo podem reabrir este machucado novamente. Talvez eu sonhe ansiosamente, um sonho bobo daqueles que muda tudo, um sonho em que estas mesmas feridas forão esquecidas e cicatrizadas, um sonho onde nada me afeta, um sonho em que eu possa falar dessas tais feridas sem derramar um lágrima, com as feridas esquecidas e o coração costurado.
Era inaudível, sabia bem disso, por mais que tentasse gritar, chamar atenção de alguém, de nada valeria. Contia-me cada vez mais em busca de um esconderijo ou apenas um lugar que me abrigasse perfeitamente bem. A cada segundo minha energia oscilava e tremia cada vez mais, ouvia os sussurros, um pedido de socorro talvez, não entendia, estava jogando-se de um penhasco, caindo cada vez mais em um ostracismo sentimental, tentava me reerguer, levantar, lutava em uma tentativa inútil e de novo ressurgia uma força interior me motivando cada vez mais, tateando pelo local, forçava-me a tentar novamente, meus pés vacilavam, deixava meu peso esvaiar-se pelo chão e enchia-me de forças, sendo difícil ou não, teria que conseguir, chega de ser platéia, hoje é meu dia de ascender, aliás quem sempre ficou no chão nunca chegou ao lugar nenhum.
Sempre meu
Tua sina, desatina
Formosa como um
Botão de rosa
Dizia em brisas.
O cheiro no cabelo
Era ameixa ou camomila
Assobiava ao vento
Nosa junção, nosso elo.
Carícias e abraços
Olhares e sorrisos
Era o esmalte vinho
E o batom desinibido.
Teu cheiro exalava
As lembranças vazias
E o presente acabado
Descendo pelo ralo.
Meu e teu
Nossa rosa murchara
Vagando desenfreada
E pelo mundo andara.
O futuro esvaindo-se
A água quente
Impura ou pura
Tudo rente, tudo sente.