Lavínia Pinheiro
Sabe quando você perdeu
Tudo que um dia já foi seu.
Quando a dor te invade
E tu é só calamidade
Sufocado pela DOR
Ínfima do viver.
Tu que um dia foi
Se foi.
O aroma gostoso
Se foi com o gosto que era te ter
Eu fiquei largado
Pobre desgraçado
Sorri com um toque acalentado em um sonho que te via.
Me faço infinito em seu olhar
E assim me desperto pro mundo
Em minha constelação particular
É você o planeta em que hábito.
Eu tento ser vaga-lume em meio a multidão
Eu tento ser luz em meio a escuridão
Eu tento ser a lua que passa sobre a nuvem negra
Eu tento ser a estrela que brilha em cima de tua cabeça
Mas me perco na vida, me acho decaída
Tropecei no meu problema, fiquei largado, sem benção
Me afugentei em meu quarto, fiquei a dez passos
Da sacada me joguei, na incerteza adentrei-me
E assim eu fui, abraçar o além, pensando em alguém
Em que talvez me amasse, quem me salvasse
Mas a vida não é só amor
É também calor, é aventura, é ver cor, e até sentir dor, é ver o sol e sentir ardor
É tocar a água e se sentir molhada
Eu já não sentia, nem o ar que respirava
Quando fui flor, murchei
A minha lua já não mais me provocava
O vento passava e nem se quer me agitava
Eu corria e a liberdade me ausentava
Eu já não sentia o perfume do vigor ou aroma ou sabor
Falava e nem ao menos me expressava
Me exilei do barulho, vivo de profundos silêncios
Decidi então a morte abraçar e em seus braços descansar
E eu senti paz, ela me consumia
Fiquei feliz por três dias
Já não me lembro mais
Do coma acordei, pra vida real eu voltei
Eu sorri pró céu cor de fel, e decidi viver como se nunca fosse morrer
Era ali meu paraíso, estava destinada a viver isso!
Estaria eu, vivendo na morte
Ou morrendo em vida?
Da janela eu a namoro e demoro
Minhas noites estão fadadas ao seu fascínio
Todo dia eu a espero
No meu canto eu lhe quero.