Laura Amorim
“Se um dia eu pudesse escolher como morrer
Esperaria que fosse
Sacrificando-me pelo que amo.
Por quem amo.
Pelas divisões da minha alma
Pelos pedaços do meu coração.”
É perigoso ser sentimental, e eu o entendia, porque sempre fui assim. Nós, sentimentais, fazemos qualquer coisa por amor.
Como pode olhar-me e continuar viva? Toda vez que a olho morro um pouco.
Morro de amor
Morro de vontade de tirar um pedaço dela tanto quanto ela me tira.
Sou abismo, sou humano, sou errado.
Tenho tendência a ser muitas coisas
nenhuma delas agrada-me.
Só sei ser eu quando sou sofrido
quando estou machucado.
Só sei ser eu, quando deito e choro.
Só me encontro na decadência do meu eu humano.
Tudo que é escrito é lembrado, tudo que é escrito permanece.
Como esquecer-me de uma dor eternizada em papel e tinta?
A lembrança é o preço do perdão. Se deseja perdoar, tem que estar disposto a lembrar e lutar para que não doa, para que não machuque ou decepcione com cada memória. É custoso perdoar. Perdoar é só para quem ama.
Descobri, tardiamente, que as palavras apesar de poderem ser perversas, entretanto, também conseguiam ser incríveis e esperançosas.
Ignorância
Do latim ignorare
Significa "não saber'
É percorrer uma longa estrada
Sem ter aprendido a correr.
Em minha vida, se faz muito presente
É da família
Assume a forma de gente
Às vezes, finge ser melancolia.
Se diz tão católica
Mas apesar de desejar o bem
Faz intrigas e escarcéus
Quer se apoderar da vida alheia
Mesmo não cuidando da própria.
Para mim a ignorância tem nome:
Maria.
Não uma Maria comum, como várias nesse planeta.
Seu nome simboliza a bela escarpa rochosa em declive.
A ignorância se chama Maria de Lourdes.
Perfeição
Por que tenho que ser boa em tudo?
Não tenho o direito de fraquejar?
Não tenho o direito de falhar?
Por que é minha obrigação ser ótima?
Por que não sou boa o bastante?
Por que não entendem o meu lado?
Faço qualquer coisa para conseguir a aprovação
De quem eu respeito
Mas não merecem meu respeito
A busca pela perfeição me corrói por dentro
É um caminho infinito
Até quando? Até quando vou ter que andar?
Se tem algo que aprendi
É que o preço da perfeição é a própria vida
Liberdade
Liberdade não é um pássaro
Que voa para vários horizontes;
Afinal, quando filhotes, buscam amparo
Nos pais, que os protegem de amedrontes
E mesmo depois de senhores,
Não fazem o que querem,
A menos que desejem
Virar comida de predadores.
Liberdade não são correntes quebradas,
Que escravos as arrebentaram. Não.
Harriet não teve sua liberdade
Até resgatar entes e irmandades
Talvez nunca tenha tido;
Talvez nunca tenha libertada sido.
Ninguém nunca conheceu liberdade
Porque ela simplesmente não existe.
Quando fazemos 18 anos,
Liberdade é o que mais almejamos
Mas não podemos desrespeitar os genitores.
Se tem alguma religião,
não saímos cometendo pecados
Porque senão,
No Inferno, queimaremos.
Não podemos falar o que pensamos,
Para que os outros não se magoem.
Para que as pessoas nos aceitem,
Não podemos falhar, temos que ser perfeitos.
Não podemos ser do jeito que somos,
Temos que nos moldar para que nos gostem.
Por que?
Por que é assim?
Quando pessoas tiram a vida
Elas querem uma passagem só de ida
Para um destino sem sofrimentos,
Em que, podem, verdadeiramente, serem livres.
Só peço a Deus,
Que atenda aos filhos seus
Que libertos sejamos.
Liberdade ainda que tardia.