Laudivam Freitas
Ontem de noite se ouviu
O estrondo do trovão
Anunciando ao sertão
Que o céu todo se abriu
Bastante chuva caiu
Adentrando a madrugada
E ao sinal da trovoada
O sertanejo agradece
O CARIRI AMANHECE
PISANDO EM TERRA MOLHADA
Repúdio a ditadura!
(Laudivam Freitas)
É preciso revirarmos os porões
E expulsarmos os ratos a espreita
Não queremos rever outras seções
Da barbárie impune que foi feita
A mentira jamais se perpétua
E a verdade aflora a qualquer dia
Revelando uma face podre e crua
Do carrasco que guardava a cela fria
Morram hoje mergulhados no vazio
Pois, o peito como a cela, ainda é frio
Condenados pelo tempo e a amargura
Sem passado, sem história, sem virtudes
Plantadores das piores atitudes
Coletores da semente da tortura!!
Tramela de cortiço
(Laudivam Freitas)
Quem quiser me encontrar, procure a arte
Mas, procure de uma forma natural
Meu poema não se encontra em toda parte
Só naquilo que se faz fundamental
Tô no riso espontâneo do matuto
Ou no cheiro de terra revirada
Sou criação, não sou absoluto
Sou aprendiz numa beira de estrada
Sou o vôo da ave de rapina
Sou essência de áurea nordestina
Sou tramela de porta de cortiço
E esta verve poética que oferto
É um livro em branco, a céu aberto
Para quem quiser ler, sem compromisso!
QUEM CONHECE O NORDESTE DO PASSADO
NECESSITA DESCOBRI-LO NO PRESENTE
(Laudivam Freitas)
Quem fazia do Nordeste um trampolim
Pra subir os degraus da hipocrisia
Não encontra mas respaldo hoje em dia
Sustentando que o Nordeste é seco e ruim
Este tipo de coisa está no fim
Nosso povo provou ser competente
E os currais que existiam antigamente
Já não prendem tantos bois pra ser ferrado
QUEM CONHECE O NORDESTE DO PASSADO
NECESSITA DESCOBRI-LO NO PRESENTE
Foi-se o tempo dos broncos coronéis
Ancorados nas sombras do poder
Hoje o pobre faz o sonho acontecer
Através de PROUNI e de FIES
Nossos jovens no ENEM são nota dez
Derrubando a elite prepotente
Que até olha para o pobre diferente
Mas é lei e tem que aceitar calado
QUEM CONHECE O NORDESTE DO PASSADO
NECESSITA DESCOBRI-LO NO PRESENTE
Hoje a fome já não é mais um produto
Dos escambos sorrateiros imorais
Hoje o filho já não deixa mais os pais
Pra morrer trabalhando em viaduto
O sistema climático é mesmo bruto
Mas o solo é fértil e resistente
E o povo é igual uma semente
Que se guarda pra crescer no chão molhado
QUEM CONHECE O NORDESTE DO PASSADO
NECESSITA DESCOBRI-LO NO PRESENTE
A indústria, o comércio e a produção
O turismo, a arte e a cultura
Fortalecem a nossa estrutura
Geram renda capital na região
Com o acesso direto a informação
Não aceita mais discurso negligente
De agora em diante é olhar pra frente
E andar com o progresso lado-a-lado
QUEM CONHECE O NORDESTE DO PASSADO
NECESSITA DESCOBRI-LO NO PRESENTE