Larissa Barone
Teu corpo tem o cheiro do meu, quando a gente dorme.
Os teus olhos são da cor dos meus pensamentos e eu pintei os meus, só pra serem da tua cor preferida.
Você rouba todas as minhas frases enquanto eu roubo você inteiro.
Você trapaceia, eu percebo.
Eu invento qualquer motivo pra te ver, te sentir, te respirar. Você me abraça e pergunta quem me criou assim… Mas, na real, foi você quem nasceu pra me mimar.
Eu te dou um tapa na testa, você finge que luta de verdade comigo até eu achar que tô ganhando, mas a gente já sabe que eu sempre perco, no final.
Perco os sentidos, os pudores, os medos. Me perco em você.
Eu quero brigar pra você me calar com um beijo, quero gritar pros teus braços me segurarem forte. Eu quero lançar meu corpo pra fora da sacada, só pra ver os teus olhos abrirem incrédulos e me dizerem pra não brincar assim.
Mais tarde a gente liga a TV, assiste alguma coisa sangrenta e come pipoca com manteiga.
Bebendo do mesmo copo, sempre.
Corpo colado no corpo presente.
E aí você já sabe o que eu quero, e como eu te espero, pronta. Já sabe onde, como, quanto e… É.
A gente é aquela história de filme, aproveitando um dia de cada vez do nosso “felizes pra sempre”. A gente é aquela música linda que você queria ter feito pra mim e o poema que eu deveria ter escrito pra você.
A gente tem aquele ar de “dois contra o mundo” e no fim, qual a graça do que é fácil?
É que eu passaria por cima de qualquer coisa pra ver o teu olhar, que é o mesmo da primeira vez que nos vimos, de novo.
Daí você pode me fazer alguma coisa pra comer e eu faço a cama com o cobertor mais caído pro teu lado, pra não te deixar sem ele quando você me empurrar, com aquela desculpa linda de “tô indo ficar perto de você”.
E eu vou sonhar os teus sonhos.
E você vai me prender nos teus olhos-meio-abertos.
E eu vou te soltar no meu coração-meio-fechado.
E a gente vai viver assim, até amanhã.
E depois.
E depois.
E depois… Até eu ir pro céu e ficar te esperando por lá.
Daí a gente faz tudo de novo, só que dessa vez - literalmente - nas nuvens.
Pra viagem.
Então eu perdi os sentidos mais uma vez, quando você me disse pra puxar com força e prender o ar nos pulmões, como quem prende um amor.
Perdi o timing pra dizer que subiu, lá pros meus pensamentos, o teu cheiro de poeira nova, bem daquelas que, chatas, cobrem a mobília e tudo o que mais estiver aberto em nós.
Deve ter sido assim que você cobriu meus olhos, dançou no ar até preencher meu coração, e escapou dos meus lábios feito as palavras turvas, embrulhadas na fumaça envergonhada, que eu acabei por dizer baixo demais.
Eu posso repeti-las agora, se você preferir, pra não te deixar esquecer que foi no teu colo que eu me deixei pra trás. Posso repetir pra te lembrar, e pra você gravar, moreno, que é no teu caminhar que eu faço os meus passos.
Eu sei que você já não me espera na entrada ; sei que não me procura na saída e nem nada… Mas fica pra escutar o que o teu sorriso torto fez em mim.
E senta daquele jeito, meio solto, me mostra o teu olhar de quase-louco, me manda embora daqui.
Diz que não me quer porque me quer demais, me deixa vestir a tua marra de “eu-sou-mais”, me chama com o corpo só pra eu dizer que pode, assim…
Você vai dizer, de novo, que não veio pra jogar o meu jogo. E cê já sabe bem o que eu vou dizer, criança, com você não tem jogo nenhum…
Então fecha os teus olhos pra fugir dos meus, enquanto me chama pra ir ali fazer mais um…
E me esquece.
Mas vê se me esquece de vez que eu já não te aguento mais.
Não aguento teu jeito vazio de viver sempre cheio, teu jeito sério de não ser sério at all, tua mania insuportável de limpar os vestígios de solidão e a recíproca verdadeira: Essa mania que a solidão tem de te deixar limpo, só com marcas de ninguém.
Eu to te soltando com a fumaça essa noite, moreno, porque eu te quero no pacote pra viagem.
Entende, te mastigar agora não vai me fazer bem.
Decidi que ia completar o meu dia com outros olhares.
A verdade é que eu queria - ou melhor: precisava - encarar olhos que não fossem os seus, pra espantar os pensamentos que acordaram comigo nessa manhã.
Precisava gritar pro sol me devolver um brilho que não sufocasse, mas o que sobrou em mim foi a luz do teu sorriso procurando o meu, num escuro que tornava ainda mais clara essa vontade.
Então, hoje, eu me dei folga do papel e da caneta pra fugir de te encontrar perdida nas linhas que vazam das minhas mãos ou nas palavras que se pintam, assim, de meio-suas, e me entregam num verso só.
Entregam essa falta que você faz nos meus lábios e o silêncio que deixou no meu corpo.
Tô me perguntando, ainda, onde foi que você me prendeu.
Qual bordado da minha roupa que enroscou na tua alma, pra me desassossegar assim?
Largou um pedaço comigo, levou um pouquinho de mim.
É engraçado como, quando a gente vive uma festa, todo mundo dança junto. A questão é que, quando disseram que “pra saber quantos amigos você tem, você deve ficar doente”, eles estavam falando a verdade.
Chegou a vez da música triste, do open bar de lágrimas e guess what?
Pobre de mim, conto nos dedos quem me tirou pra dançar.
Alguém devia ter dito que ia ficar tudo bem, pra que eu pudesse fazer diferente.
Alguém devia ter dito que o sol ia nascer de novo e que eu não devia agir feito menina mimada que grita no shopping quando não ganha o presente certo.
(Existem outros brinquedos legais por aí, anyway…)
Mas eu não sabia.
Não sabia que seria capaz de olhar pra trás e sorrir pro você que mora nos meus pensamentos distantes.
E, no fim das contas, Mamãe tava certa quando me explicou sobre propagandas enganosas. Sabe como é, quem precisa de um brinquedo que quebra na primeira vez que cai no chão?
Talvez ninguém tenha mudado, afinal.
Talvez continuemos sendo as mesmas pessoas que fomos debaixo d’água naquele sol de janeiro…
Talvez o teu andar ainda seja inconfundível e eu sinta os meus lábios abrirem espantados, involuntariamente, quando os teus passos se aproximarem.
Talvez a gente viva engolindo “talvez” pra sempre, rindo daquela tua cara-garganta-doendo, e eu me perca na incerteza de todas as tuas histórias metade verdadeiras, metade canções de ninar.
Mas alguma coisa mudou, você sabe, e eu preciso lhe contar
Não sei mais como te ver, porque… Veja bem,
Toda essa luz cegou o meu olhar.
Uncondicional things.
Descobri, meio assim como quem não quer nada, que, além dos meus impulsos, támbém é incontrolável o que e sinto por você, vez ou outra… É certo que eu te amo, mesmo e muito, mas parece uma sensação normal… Até deixar de ser.
Entenda, escrevo para me explicar.
Às vezes, quando eu penso em você, consigo sentir - literalmente - alguma coisa transformando meu corpo. São ondas que partem do meu cérebro e inundam meus dedos com força, até que a falta do seu toque seja uma abstinência dolorosa. Num sopro, ela toma conta de tudo o que há em mim.
E aí, nesse momento de sinapses inconvenientes, eu - veja bem - posso estar segura. Toda opiniões próprias, e…. TCHANAM!
Saio de cena do meu corpo pra fazer caber a vontade maior do mundo de afundar a cabeça num travesseiro fininho, com o peso do seu corpo sobre o meu. Ou sob. Ou….
Por um tempo, o seu abraço é a ultima bala azedinha do pacote, seus olhos se tornam o final perfeito pra toda a minha escrita, e eu me perco de mim só pra te ver me encontrar.
Por essa a gente não esperava: a Miss Mess encontrou um amor verdadeiro.
(No coração mais improvável possível, já que ela adora uma bangunça, mas ainda assim…)
Eu se que se relacionar é com escrever cartinhas de amor, daquelas que começam com o maior capricho, com a letra perfeita e, no passar das linhas, vão deixando garranchos pelo caminho .
Eu não quero deixar faltar uma vírgula na nossa história, porque, como nas cartas, todo mundo erra… Mas eu sei, também, que é possível escrever um novo parágrafo depois de cada ponto final.
Que os meus parágrafos sejam com você.
Então, antes que esse sentimento poderoso mude e se torne alguma potência maligna e catastrófica pronta pra acabar com você, e com a gente, eu espero que tenha ficado bonitinho registrado aqui, pra você entender.
Piegas demais pra mim, mas querendo combinar com o clima teenager que tem o amor, faço minhas as palavras da swift:
“I’m only me when I’m with you”
O sol foi embora e levou o sorriso do meu rosto enquanto a lua se encarrega de trazer o teu cheiro de volta…
É que essa chuva forte me lembra do teu abraço protetor e da maneira como você cobre o meu corpo com o teu, pra eu não me molhar.
Sinto um silêncio estremecer meu mundo e, de repente, tudo conspira pra que a tua presença ausente seja cruelmente notada por todos os meus sentidos.
A música de fundo tem o teu tom, o meu pijama carrega o teu toque, e com olhos fechados, eu quase consigo fitar o teu olhar…
Parece até possível que você tenha instalado um sistemaautomáticodelembranças em mim, e que ele seja capaz de tomar conta de cada pedacinho do meu corpo, pra não me deixar esquecer que é como eu sempre digo, sempre disse e sempre vou dizer:
“Eu sou toda você”…
Amanheceu a vontade de fumar um cigarro, sentada na pontinha da janela, enquanto o vento a convidava pra um passeio no ar quente da manhã.
Então ela se sentou ali, num impulso – como quase tudo que faz – e colocou as pernas pro lado de fora, pra vê-las livres, numa dança de entrega quase completa até que a primeira lágrima caiu.
Lembrara da noite passada e de como havia falhado, mais uma vez. E daquela noite antes disso. E de uma outra…. Não conseguia mais conter seus pensamentos, que rolavam numa fusão inodora com as lágrimas, pelo corpo coberto de mágoa.
Ela tentava qualquer música pra não ouvi-los mais, tentava qualquer grito pra abafar a sanidade que lhe faltava.
Pensou no quanto tinha vontade de experimentar o silêncio e inclinou o corpo pra frente. Aquela metade precisava ir embora. Aquela metade que não era dela.
Escorregou os olhos úmidos numa tentativa de cegar as memórias, mas viu as fotografias espalhadas por todos os cantos do quarto que não seria mais seu.
Examinou o rosto de cada um que estivera presente em sua vida e, num susto, voltou o corpo pra trás com força, até cair pro lado de dentro.
O lado da vida – pensou.
Engatinhou até a cama e se escondeu entre os lençóis quentes. Podia sentir as vozes voltarem, gritando a sua covardia.
Pegou o telefone, discou um número decorado e esperou paciente pra tê-lo por perto.
Então ele disse um “oi” meio apagado pelo sono e ela era capaz de se sentir corajosa.
A Vida valia qualquer pena.
Eu fiquei pensando no que dizer, quando você atendeu o telefone.
Me senti como uma menininha assustada, quando veio aquela vontade doida de desligar sem dizer nada… Sem te devolver aquilo que eu queria tanto tomar de você: um segundo da tua voz.
Quando eu era adolescente – engraçado - não me lembro de ser daquelas que ligavam e desligavam, nos cinco minutos de euforia que sucediam as primeiras horas de saudade.
Agora, entretanto, eu me via tão desproporcionalmente imatura… Tão, tão pequena. Insegura.
Quase uma criança, presa no corpo de uma mulher.
A verdade é que eu queria ligar, queria ouvir, queria sentir toda e qualquer vibração que viesse dos sons que você produziria, mas… Mas eu não tinha coragem de te encarar.
Naquele instante, pra mim, funcionava como se eu não pudesse, de maneira alguma, te entregar qualquer vestígio da minha alma, que ainda era sua.
Naquele instante, pra mim, você era tudo que eu não queria alcançar.
Era suficiente, e até mais do que isso, ouvir a melodia e os seus tons, pairando no ar…
Me surpreendi com um sorriso bobo, no canto dos lábios, ao lembrar de todas as vezes em que achei tola a idéia mais próxima de um amor platônico.
Como é que pode alguém amar esse tanto, e com essa intensidade, sem querer cada centímetro de pele do seu escolhido? Como é que pode alguém sonhar tanto tempo com uma sensação e não correr atrás de torná-la real?
Agora eu sabia e, de repente, fazia bastante sentido.
Ele disse “Alô” e perguntou, três vezes, quem estava falando…
Embora eu não pudesse responder, soube – e também tive certeza de que ele sabia – que eu era apenas um sonho bom, e que a recíproca era verdadeira.
Não seria mais do que isso porque, quando o sonho é bom, não faz sentido acordar…
Eu estive olhando o céu há dias e não precisei conter uma só palavra porque, pasme, eu não tinha palavras!
E eu também já não sei como conduzir os pensamentos que me assombram quando você não está, ou até mesmo deixar o caos adormecer.
Eles estão tomando conta dos meus sonhos, eu já te disse?
É que esse espaço oco vive voando em meus pensamentos feito pássaro que cansa do impulso do vento, e eu bem que tentei preenchê-lo com algum marcador permanente… Mas eu sei que você sabe, ou melhor, sabemos, que eu não nasci pra nada permanente. Então eu achei que pudesse te perguntar o que fazer - e que você fosse capaz de me dizer, assim, com simplicidade e sutileza - pro vazio sumir.
Eu devia dizer que sua resposta é de extrema importância porque, acredite, o vazio pode mesmo ser desconfortável. (E eu já não o agüento mais)
O vazio não é aquele de cara que dorme com você e não te liga no dia seguinte. O vazio te liga, te manda mensagem. O vazio é aquele tipinho que não te deixa esquecer que ele tá lá, engolindo tudo o que vê pela frente pra tampar o buraco mas… Exatamente como temíamos, o buraco não tem fim.
Pode ser que eu preferisse, pensando com os meus botões, estar no fundo do poço.
Veja bem, o fundo do poço é o limite, certo? Eu to correndo desesperadamente atrás de algum limite e me pergunto, no fim das contas, cadê aquela história de “do chão não passa”? Cadê a luz do túnel que não tem fim?
O problema aqui, meu amigo, é essa escuridão que brilha, fazendo a diva, dentro de mim…
Acho que eu só queria, por cinco minutos, ou talvez um pouco mais, fechar os olhos do mundo, pra você. Te tornar invisível por um tempo, saber que a maneira como voce se move, às minhas vistas, também é minha e que por mais egoísta que soe, só eu posso vê-la.
Quem sabe eu pudesse até te chamar de meu, acreditando nisso de verdade.
Quem sabe eu pudesse pensar que foi assim e que sempre vai ser.
Você cresceu diante dos meus olhos, ganhou corpo, vontades, meios pra alcançá-las.
Me ganhou, pra sempre, e me tirou de qualquer posto importante da minha vida, que, como num passe de mágica, se viu presa às manias que te completam e às tuas regras.
Foi assim que eu me vi sua: meio sem ver nada.
E a gente achava que se conhecia…
Acordei com vontade de dançar com você…
Uma vontade de sentir a tua respiração no meu ouvido e o teu corpo que me guia como se eu não estivesse mais com os pés no chão.
Uma vontade de ouvir todas as músicas que me lembram do teu jeito engraçado de se mexer nos primeiros minutos de sono, e o teu cheiro de Vida, mais alto que qualquer melodia, dentro de mim…
Acordei reticências quase profundas, questões antigas e saudades, mas, mais que tudo, vontade de dançar com você.
Movimentos despretensiosos que acompanhem qualquer música tocando baixinho, devagar, como se não existisse mais nada no mundo todo, que não nós dois. Como se nos resumíssemos às quatro paredes que nos cercam e eu pudesse gritar com os olhos todos os meus “motivos concretos pra te amar de verdade”.
Acordei querendo dizer que eu vou embora só pra sentir as tuas mãos me segurarem, porque vez ou outra eu sinto como se já não coubesse mais nelas.
(E aí me vem um desejo secreto de ser pequenininha, de novo, só pra me ver no teu olhar e acreditar que é pra sempre…)
Queria o meu sorriso encostado no seu e o modo como completamos qualquer espaço vazio, com um pouco de amor. Um pouco de nós.
E eu já falei sobre a vontade de dançar com você?
(Ela vem acompanhada do seu abraço quentinho, e de dizer que eu to te esperando na curva de qualquer caminho que te faça feliz.)
Espelho, espelho meu… Existe alguém mais louca do que eu?
A mentira é clara.
A mentira bem feita é quase transparente.
Bem contada.
Bem sentida.
Foda é quando a mentira quer ser verdade e a verdade é mentirosa. Aí o lance do poeta ser um fingidor chega a ser absoluto numa genialidade escrota que eu renego quando volta a sensatez. Que eu não consigo reler.
Essa sou eu de verdade?
Porque eu queria ser daquelas que se definem nuns parágrafos determinados e mentirosos, mas que pelo menos a gente conhece o contrário verdadeiro.
Eu não, eu sou espelho.
Eu vejo refletir em mim a imagem da controvérsia, contradigo qualquer coisa que sinto, me perco em infinitos pra ser
Eu.
Mimimi
Daí a gente acorda meio torta e esquece o leite no fogão só pra ver transbordar.
(É engraçado que transborde alguma coisa enquanto somos cheios de vazio, voce nao acha? Posso apostar. É, hum… Vazio transborda?)
Toma cuidado pra não se queimar! Digo, com o leite.
Mas até aí tá tudo bem, rapaz.
O problema é quando a gente acorda meio torta e já nem lembra que se importa.
Não, não mais.
Que o seu amor seja o meu.
Eu espero que o seu amor seja companheiro. Que fique do seu lado e, quando necessário, que preencha qualquer vazio com um beijo.
Eu espero que ele saiba sorrir, que ache graça do seu chororô no filme inteiro. E que ele goste de ação e suspense, mas que se importe com a semântica. Que leia muitos livros sem ficar chato o suficiente pra negar uma comédia romântica.
Eu espero que o seu amor saiba conversar e te surpreender. Que cante uma música pra te acalmar e faça outra pra não te deixar esquecer.
Que ele seja seu herói quando fizer parar o barulho do vento ou estacionar naquela vaga impossível, mas que seja seu menino quando estiver sofrendo e precisar do seu, só do seu, carinho.
Que ele seja bem melhor que você pra dirigir, que fique quietinho pra te deixar dormir…
É.
Eu espero que o seu amor seja o único com quem você queira dividir a sobremesa, que seja a melhor companhia pra tomar uma cerveja e que seja seu.
Ai se todo mundo provasse desse amor que eu chamo de meu…
Então hoje é o seu dia.
Dia de quem canta todas as noites pra eu dormir e me acalma com seu som.
Dia de quem me desperta com um “vê o que acha dessa” e me mata de orgulho em cada show.
Te ouvir tocar é sentir os teus acordes em cada pedacinho do meu corpo.
Te ouvir cantar é acompanhar a sua voz com a minha alma.
Você é a minha estrela, o meu ídolo, a minha fantasia de adolescente…
É um bilhão de gritos incoerentes, fãs nem tão inocentes ;) e luz.
É a minha paixão na guitarra e meu amor no violão.
Meu ciúme, minha marra e meu coração.
É uma letra genial, uma melodia que não enjoa, um silêncio vez em quando e um beijo que perdoa.
Você é a minha música preferida, desde que nos vimos pela primeira vez.
Mas na real? Nós somos o melhor hit que você fez.
Gente.
Tem gente que a gente gosta de graça, só por gostar; só porque faz bem. Tem gente igual demais, gente que igual não tem…
Até acredito no que ouvi dizer: tem gente que dá e que vende! (mas só porque tem gente pra comprar e pra comer).
É: tem gente pra dar e vender.
É gente que a gente até cansa de contar…
Gente que tá aqui, que tá do lado de lá.
E ainda tem gente que não dá pra esquecer.
Tanta gente no mundo, e olha quem eu fui amar:
Você. :)
Ela não vai abrir a porta com um sorriso fresco e querer saber como foi seu dia, mas espera que você note, pela maneira como manteve os cabelos e os pensamentos desarrumados, que o dia dela foi péssimo, sem perguntar.
Ela não vai descruzar as pernas, as mãos e os braços pra te segurar porque, procure entender, ela não consegue segurar a si própria nesse infinito de vozes e silêncio embrulhados no fundo dos olhos verdes, que as lágrimas fizeram ainda mais brilhantes e fundos.
Ela não vai terminar com você porque já fez isso consigo.
E choraram: Ela, ela mesma e o tal do eu lírico.
Então pode ser que ela fique com as frases curtas porque não consegue remendar os próprios cortes, feito quem costura feridas pra não se cortar do mundo em que vive.
E não vai te explicar porque cansou de tentar explicar a si mesma.
Fazer sentido pra si.
Fazer sentido em si.
Tomar o próprio partido.
Partir.
Eu te olhei feito criança, vendo o mar pela primeira vez, enquanto você caminhava na minha direção…
Nessa eu já seria capaz de apagar do papel qualquer linha que tentasse te descrever porque, hum…
Olha, qual a chance de dividir com o mundo essa visão?
E, cara, cê vinha vindo no ritmo da música que eu ouvia, cê vinha vindo no meu ritmo, bem do jeito que eu queria .
Meio rindo, meio lento…
Todo “tô te lendo”.
Então eu perceberia, num susto, a tua mania, que deveria ser minha, de fechar os olhos pra dizer o que fica melhor em silêncio.
De baixar o tom de voz pra eu te entender melhor.
Eu perceberia com aquela calma induzida que o teu hálito ficaria mais doce na minha boca. Que a tua respiração seria particular: meu nascer de sol.
Depois eu poderia sentir o cheiro das flores que você carrega dentro dos olhos ou me olhar no espelho pra procurar a tua pose ensaiada, sozinha na sala de casa, incrédula ao não te ver. Encararia as nuvens como quem não quer nada pensando que “quem é você pra me esquecer?”.
Noutro dia a gente se esbarraria andando por aí pra eu poder te contar das vezes em que me derreteu. Das vezes em que os olhares eram os meus.
Daí você vai me olhar assim, meio-sorriso-que-é-quase-desejo, pra eu queimar num fogo sereno e te prender em mim.
Porque eu descobri um mundo, enquanto você vinha pra me dizer que a gente vai ter tudo menos fim.
Então eu perdi os sentidos mais uma vez, quando você me disse pra puxar com força e prender o ar nos pulmões, como quem prende um amor.
Perdi o timing pra dizer que subiu, lá pros meus pensamentos, o teu cheiro de poeira nova, bem daquelas que, chatas, cobrem a mobília e tudo o que mais estiver aberto em nós.
Deve ter sido assim que você cobriu meus olhos, dançou no ar até preencher meu coração, e escapou dos meus lábios feito as palavras turvas, embrulhadas na fumaça envergonhada, que eu acabei por dizer baixo demais.
Eu posso repeti-las agora, se você preferir, pra não te deixar esquecer que foi no teu colo que eu me deixei pra trás. Posso repetir pra te lembrar, e pra você gravar, moreno, que é no teu caminhar que eu faço os meus passos.
Eu sei que você já não me espera na entrada ; sei que não me procura na saída e nem nada… Mas fica pra escutar o que o teu sorriso torto fez em mim.
E senta daquele jeito, meio solto, me mostra o teu olhar de quase-louco, me manda embora daqui.
Diz que não me quer porque me quer demais, me deixa vestir a tua marra de “eu-sou-mais”, me chama com o corpo só pra eu dizer que pode, assim…
Você vai dizer, de novo, que não veio pra jogar o meu jogo. E cê já sabe bem o que eu vou dizer, criança, com você não tem jogo nenhum…
Então fecha os teus olhos pra fugir dos meus, enquanto me chama pra ir ali fazer mais um…
E me esquece.
Mas vê se me esquece de vez que eu já não te aguento mais.
Não aguento teu jeito vazio de viver sempre cheio, teu jeito sério de não ser sério at all, tua mania insuportável de limpar os vestígios de solidão e a recíproca verdadeira: Essa mania que a solidão tem de te deixar limpo, só com marcas de ninguém.
Eu to te soltando com a fumaça essa noite, moreno, porque eu te quero no pacote pra viagem.
Entende, te mastigar agora não vai me fazer bem.