Laís Braz
Vai lá solidão, me deixa um poouco, sai do meu pé. Eu hoje quero festa, quero beijo amaço, abraço demorado. Hoje eu não quero você por perto, então sai daqui. Me deixa no meu canto, com meus amigos, me deixa com a minha bebida sem graça, com meu cigarro barato, me deixa quieta, que hoje eu não você. hoje não solidão.
Eu costumava a sentir ciumes de tudo que era meu. Até que eu percebi que não tinha nada. Pessoas não pertencem a ninguém e coisas com o tempo se gastam. No fim das contas você só tem a si mesmo, mas ocasionalmente a gente também se perde.
O perfeito tá feito
é sem graça
sem jeito
o perfeito não se melhora
não aprimora
o perfeito é chato
é fato
consumado
Gosto do defeito
do que não está pronto
Do que eu faço e refaço do
meu jeito
Você me ama e eu te amo também. Simples assim. Ponto e fim. Mas, não nos atraímos, somos opostos, isso faz com que eu repense todas as teorias químicas sobre o assunto. Porque por sermos oposto deveríamos nos atrair, amamos, eu sei que você me ama. Eu sei a forma que você me olha, porque é a mesma forma como eu te olho. Meus olhos tomam uma luz bonita e serena, me sinto languida, fico languida quando te olho, quase em choro gemo seu nome baixinho, digo e repito “te amo”, mas não nos atraímos. O amor é uma coisa estranha, principalmente o nosso amor, não te sinto fraternal, paternal, filial, te sinto meu, meu como tal é o Adão de sua Eva, meu assim egoistamente meu. Completamente, assim, pecaminosamente assim. Mas, não nos atraímos, não temos a física, então só olho e você me retorna o olhar, compadecido, triste, como quem quisesse dizer “Eu gostaria de me atrair por você” e eu respondo em mesmo tom, lançando esses meus olhões arregalados, marejados, concordantes “Eu também” e ficamos assim, deitados como irmãos, porque nos amamos, mas falta a atração.
Gosto de te ouvir falar, das suas frases feitas, do jeito que encaixa palavras que acabou de ler em um dicionário qualquer. Presto atenção em tudo que você diz sem interromper, nem explicar a diferença da cultura ocidental para a oriental só ouço você ministrar seu conhecimento mesmo sem você saber diferenciar ambas, e eu não te corrijo, não te corrijo por gostar de te ver a deriva, se perdendo nos teus discursos filosóficos, atrapalhado em sua inconsistência, gosto de observar você se mostrar culto. Fico quieta, só olhando, prestando atenção em cada detalhe por mais minucioso que seja. Não digo nada também, no fundo até acho bonito que alguém ainda tente me impressionar.
Eu, no meu comum. Na minha tristeza, que tem seus dias especialmente tristes, no meu choro disfarçado de riso. Eu na minha caminhada para o nada,sozinha no quarto forçando rima ruim em um caderno amaçado. Eu que sei que sou comum, que em nada me destaco.Mas, quando o quesito é tristeza sou mestre, sou PhD, disso entendo mesmo, do sentimento, da cena, da maquiagem borrada, do choro sem porquê.