L. Simões
Engraçado como você fica mais bonita, sexy, frágil e dona de si quando vai da porta e sorri dizendo até mais.
Agora preciso da solidão para pagar dívidas, prestar contas, esvaziar bagagens e arrumar um lugar para você aqui dentro: nem maior nem menor: apenas mais adequado.
Você precisa de férias, um bom drink e ter alguém que te acorrente para se soltar depois: faz parte do teu processo.
Antes a inquietação desse amor atrofiado, do que a certeza de outro sentimento aberto, compreendido e mensuravelmente completo.
Acho que faltou um tapa na cara, uma briga de olhos inchados de tanto chorar ou um gosto mais amargo do que aquela complacência de ainda-te-amo antes do adeus.
Eu quero qualquer coisa cedo e palpável, e pode ser só até depois de amanhã, estendendo o passo sem obrigação de chegar lá
Então guarde isso com você: livros, bilhetes, recados mentais de força e uma taça limpa de cristal para encher de vinho seco à noite, logo mais. Não tente apagar nada. Beba e durma para não sonhar. Porque o amor, querida, acabou de bater a porta dizendo até mais.
Você me olha como quem gosta de tudo, absolutamente tudo dentro de mim, mesmo sabendo que não aguenta o peso desse absurdo todo que eu sustento aqui dentro.
Eu não sei se quero um amor de fruta mordida a lá Cazuza ou uma dose extra de LSD a lá Lobão pra me libertar de vez dessas promessas e obrigações que ainda alimento sobre nós dois.
Às vezes o problema é só comigo mesma: que sinto medo, chuto o balde, rodo a baiana e te encho de posturas vagas que prendem seu coração por mim, que sou egoísta demais por você.
Se um dia as coisas não derem mais pé, sai correndo: aí não dá tempo de nada, nem de doer. É só uma sugestão.
Eu acredito sim na gente. Mas, muito pouco em mim mesma – o mesmo tanto que passei a acreditar em você
A essa altura da noite não quero tomar as rédeas de nada, nem decidir coisa alguma, só colar em você e dormir sorrindo como poucas vezes consigo fazer. Me deixa... ou me pega – como preferir.
Tô nessa de ficar quietinho, chorar pitangas, fazer simpatias e orações para as coisas darem certo etc e tal. Nada que resolva, talvez só uma maneira covarde de respirar.
Preste atenção, então: não fique, não hesite, não enjoe com os seus próprios desamores, nem com o doce do café que não te agrada, nem com o amor que não te cabe.
E agora, imagino que beijar sua boca seria como estender esse amor pelos cantos, pelos atrasos e pelas despedidas insinceras que só querem um pedido desajeitado para voltar amanhã, sempre amanhã
Tenho sentido tanta coisa, tanta coisa que nenhuma bateria de escola de samba jamais sentiu prestes a entrar na Avenida.
Não por acaso, a gente fica assim mesmo: pelas metades, como de praxe. Pra não perder o costume e o que quer que seja que exista entre a gente.
Eu sei de cor as suas desculpas esfarrapadas e mentiras, suas resistências bobas em negar os 220 volts que existem entre a gente.
Foi, como o vento que dançou entre os nossos risos e apertos de olhos desconfiados antes do "beijo, tchau".
Já não temos mais compreensões infantis de simplificar discussões em “sim” e “não”, em usar justificativas como a razão e o coração. Nunca mais usamos reticências para falar de amor, nem sentimos mais o medo da falta de precisar esquecer.