L. S. Ferreira
Há muitas formas de não guardar rancor,
Seja nessa vida ou quando eu me for.
Motivos suficientes para causar
O que antes seria capricho falar.
Revelar não só o que convém,
Desejar o bom, praticar o bem.
Voltar a ser o melhor e em comunhão
Com o universo, o Pai, o espírito e a criação.
E, se n'Ele não acreditar, tudo certo!
O inferno é pra passear, pro esperto.
Ser crente não é garantia
De, por falta de ousadia,
Escolher o caminho mais perto.
Resolvi escrever uma carta
A quem quiser se endereçar.
Palavras tranquilas, sem destinatário
Pra qualquer um se identificar.
Você que tem um aperto no peito, daqueles que te fazem sentir dor em lugares que nem sabia que existiam; você que acorda todo dia nostálgico, com o estômago embrulhado e um nó na garganta; Você que sente que a culpa é sua quando, na verdade, sabe que não é; Você que deu tudo, se dedicou ao máximo e no final foi jogado no lixo; Você que sente vontade de chorar e não possui sequer uma lágrima...
Saiba que não está sozinho.
Tive medo de errar, errei.
Almejei acertar, errei de novo.
Sonhei em conquistar, um novo erro.
Quis muito saber, errada novamente.
Persegui as vontades, mais um erro.
Escrevi entrelinhas, errata, equívoco, mal entendido.
Falei claramente, precipitada, grossa, sem filtro.
No fim, ficou claro que certo mesmo é o erro, de resto, o que vier dessa vida é lucro.