L. K. P.
Rosina
Rosa linda
que desabrocha
linda assim, perfumada assim.
Que teu perfume não me deixes...
Jamais. Rosina, rosa linda que desabrocha
desabrocha, desabrochando vive
mas vive e morre, morre, morre.
Que a desventura de morrer toda rosa tem
mas minha Rosina morreu perfumada!
E que doce perfume deixaste em meus braços
que jamais será esquecido!
Oh, Rosina... rosa minha que linda tu és!
Tu eras...
Tu eras no passado - mas ainda és em meus braços.
Janela de Domingo.
Um blues pra dançar contigo num passo lento
quero ver tua postura.
Voar nesses teus olhos cor-de-céu
quero ir sem medir altura.
Nega de Aracajú.
Nega formosa por quem me apaixonei
devolva meu pobre coração
não o esmague assim-assim.
Eu te vi e desde então
não mais pertencem-me as batidas
desde pobre coração.
Este pobre coração bate
para que meus olhos possam ver-te sorrindo
de longe...
Este pobre coração bate
para minhas narinas sentirem
teu cheiro de flor-do-campo.
Este pobre coração bate
bate ainda mais quando te vejo e teu cheiro sinto.
Ô nega de Aracajú, dá-me aqui a tua mão
deixa-me tocá-la e acalma
este desejo mais que besta!
Ô nega olhos cor de trigo
sente só meu coração.
Que chama por ti e bate
assim que ouve teu nome
sente teu cheiro, vê teu sorriso
na boca carnuda cor de carmim.
Vem correndo pra mim, nega formosa
de Aracajú, e me deixa correr nesses
campos de trigo que tens nos olhos.
De repente o ar que respiro me some... meu sonho quase que não lembro. Mas sei que nele deambulo procurando por alguém e por tudo que me some. Me some o ar, me some o chão, me somem os pés, me some a força. Procuro por alguém que me some. Alguém que me some levando tudo que preciso. A lágrima vira caco e o macaco fuma cigarro. Meu pássaro bebe café como um viciado e juro que vejo meu cachorro escrevendo o resto de um livro onde me sumiram as palavras também. Me some a consciência de vida. Me some tudo. Me sumam os anos, me suma a vida... ou me volte tudo, me volte alguém.
Senhor do meu bem.
Hei de ter em minha vida
- ainda que tarde -
o júbilo imenso de amar!
Hei de ter a mata em flor
o inverno em cor...
hei de ter a imensa dor
- ou talvez não -
ninguém sabe dizer ao certo
o que é amor...
Se é o canto do pássaro mudo
flanando por entre as núvens
ou se é dor e queixume d'alma
que muda por dentro todo o nosso ser.
Hei de ter a palavra vinda de dentro
daquelas que saltam pra fora
sem calma, sem vergonha: Eu te amo.
Hei de ter a doce flora
hei de ter o suave da aurora
cantando pra mim.
Hei de ter o anjo mais lindo
tocando arpa num acalanto
embebedando meu coração.
Hei de ter meu ser dizendo:
- Vem, que do meu bem és o senhor.