Klenio Araujo Padilha
A paixão é como um lego, colorido e se encaixa bem, nem precisa pensar muito... já o amor e como um cubo mágico colorido, e todo mundo diz que é fácil, mas poucos conseguem... na tentativa ajeita um lado e bagunça outro!
Tantos tons de laranja, quando à mente estava a falhar, fechando os olhos o morto levantou e dizia que as últimas cores que via eram os múltiplos tons de laranja e vermelho, se fechando na nuance escura da morte.
Eu sempre passava por ali, muitas vezes não o enxergava mas ele quase sempre estava ali... Nos quase não enxergamos as pessoas que estão na rua, como todos que passavam por ali e vêem apenas sombras... Das tuas mãos saiam pensamentos, de tuas mãos sairam sentimentos... Das tuas mãos saíram poesias. Eu não via, você não via, ninguém via, todos estávamos cegos, não enxergavamos, ele quase sempre estava ali, ele se misturava as paisagens das calçadas e virava sombra ao nossos olhos, eu posso garantir que ele estava ali, ele chamou por mim... Ohh brasileiro!! Eu olhei e somente escutei o som do violino... outro dia ele gritou novamente... eu ouvi senti que era um coitado, mas talvez eu que eu era o mais coitado, que não exergava, que não lia, que somente sabia transformar à sensibilidade em moedas, fingindo ser sensível, passava por ali na hora do almoço, no dilema dos assalariados, apenas dois sanduíches de 1 euro nas mãos, em silêncio ele me estendeu à mão me entregando um papel amassado, como retribuição dei-lhe um dos sanduíches, em um gesto de pouca sensibilidade que me restava, talvez pensando se apenas um pequeno sanduíche seria suficiente para o meu almoço... abro o papel amassado que me deu estava escrito um poema a mão, uma pequena frase, um sentimento, uma pergunta, algumas palavras, e um pouco de sensibilidade, eu só pensava o quanto barato eram os poemas, e tão misaraveis eram os poetas. Hoje sempre passo por ali, veem a sua poesia em minha mente, e lembro da minha ignorância, ele não está mais por ali, mas suas poesias estão jogadas ao vento, quantas belas poesias que viraram vento, talvez alguém encontre as palavras, aquelas que morreram dentro da nossa falta de sensibilidade, ele sempre estava por ali.
Eu simplesmente imagina que as pessoas fossem decentes, eu imaginava isso como uma criança que acredita em contos, hoje eu não confio nem em minha imagem refletida em aparatos tecnológicos que invadem minha privacidade, melhor confiar somente nos meu pensamentos que as redes sociais querem me roubar.
Com o passar do anos não sabemos se o castelo chegou a ser construído ou se foi derrotado e demolido, o que sabemos é que sobraram os escombros, com o passar dos anos isso virou paisagem, talvez esse castelo tenha existindo no sonho de quem planejou, talvez tenha de fato existido no suor das pedras erguidas pelos muitos que ali trabalharam, o tempo obscurece a realidade, ou o tempo transforma as paisagens, o tempo transforma as derrotas, mas o tempo jamais destrói os sonhos.