Kimberlly Cavalcante
“Oi, depois de tanto tempo sem dizer nada, eu precisava vir aqui te dar um ‘oi’. Te dizer o quão linda você é, dizer que sinto saudades, e dizer o porque eu me afastei… Bom, quando a gente se conheceu, eu já soube no primeiro momento que você era diferente da maioria das meninas, você fazia meu ‘tipo’. Eu sinto saudade, sinto falta de ouvir sua voz, seu sotaque, seu carinho, sua maneira de me tratar, eu sinto falta de tudo isso. Me peguei indo dormir pensando em você, acordando pensando em você e eu já não tinha olhos pra outra garota. Eu sentia sua falta enquanto nós estávamos conversando, isso não era normal, não pra mim, então eu decidi me afastar. Dizem que distância não supera sentimento, mas, eu não sou assim, você sabe que não. Eu li algumas coisas, ouvi aquelas músicas e então comecei a chorar. Estranho isso, chorar, nunca gostei. Eu tinha feito um plano infalível pra te esquecer. Apaguei seu número, não te atendia mais, te exclui de todos os lugares possíveis, te ignorei todas as vezes que você tentou entender por que eu havia mudado e ontem, quando eu mais precisei que você me procurasse por que eu havia te excluído do meu mundo, você silenciou. Bateu uma saudade misturada com um desespero, entende? Eu via o quanto você sentia muito e, acredite, eu senti três vezes mais quando li aqueles seus sussurros, aquelas suas vontades. Me desculpa? Mas, eu preciso que você entenda que foi necessário.”
Eu li isso, no mínimo, umas duzentas vezes. Não era real, eu me beliscava como uma criança boba, não dava pra ser. Eu fui dormir tantas vezes me perguntando o que havia de errado comigo pra que eu houvesse conseguido afastar você, o que é que as suas amigas tinham que você havia me esquecido tão rápido quando eu nunca consegui esquecer, me perguntei o que você tomava pra não pensar enquanto eu só conseguia o fazer. Me olhei no espelho procurando todos os defeitos que causariam uma mudança brusca, falei algumas coisas pra saber se o problema era com a minha voz, e então depois de ler isso eu sorri. Eu quis pegar o primeiro vôo pra sua cidade e dizer que apesar do frio eu estava ali, parada no meio da rua, esperando o seu abraço, aquele sobre o qual nós conversávamos antes de dormir. Quis gritar pro mundo inteiro que era você, que eu já estava certa sobre isso, e então respondi:
“Você não sabe por quanto tempo eu esperei isso”
E nós conversamos, por mais três dias, e então você sumiu de novo. Dessa vez não houve procura, não houve um sinal, nem mesmo um aval de saudade. Dessa vez, simplesmente, não houve. Eu, inúmeras vezes, digito o seu número e cancelo a discagem, quão corajosa eu sou, incrível. Eu me pego pensando no que falar, e no fundo, eu só queria desengasgar o que está preso aqui dentro. Queria te dizer que não é justo, você me disse tudo, e depois foi embora levando tudo de mim outra vez. Queria te dizer que você merece todo o meu desprezo, mas, que eu só consigo te dar amor. Queria te dizer que eu já não sei mais ser a mesma sem você, mas, que eu ainda tento. Queria te dizer que eu ainda imito o seu sotaque quando falo “amor”, e que ainda lembro de quando você me chamava do mesmo. Eu queria, queria muito te dizer, mas, não somos mais. Agora sou eu e você, um eu e você que não é mais nós, um eu sem você.