Kiersten White
Os homens passavam por Lada como se ela não existisse, ou a encaravam de uma forma que era como se não conseguissem enxergá-la. Isso a fazia desejar ter uma arma na mão, uma coroa na cabeça em vez de uma trança, ou até uma barba no rosto. Qualquer coisa que os obrigasse a vê-la como era. Ou, talvez, quando a olhavam e não viam nada, eles já entendessem perfeitamente quem ela era.
Aquele era seu povo. Seu país. O trono era seu. Ela não precisava de intrigas nem de planos elaborados. A Valáquia era sua mãe. Depois de tudo por que passara, de tudo o que fizera em sua busca pelo trono, só lhe restava uma coisa: ela mesma.
Um dragão não rastejava diante dos inimigos, implorando ajuda. Um dragão não receberia os infiéis em sua própria casa depois de jurar exterminá-los. Um dragão não fugiria de seus domínios no meio da noite como um criminoso qualquer. Um dragão queimaria tudo ao seu redor até que não restasse nada além de cinzas.
É assim que o mundo funciona. Você pode tomar a ofensiva, pode enfrentar os cruzados nas terras deles, ou pode ficar em casa esperando que eles venham. E eles viriam. Viriam trazendo o fogo, a doença, o sangue e a morte com suas espadas. A fraqueza é uma isca irresistível.
Palavras e histórias eram ferramentas para suscitar as reações desejadas nas pessoas, e eu era uma artesã experiente.
Eu ansiava pela liberdade que tanto esperara. Ser livre do monstro. Ser livre dos segredos. Ser livre do medo de não ter nada.