Ketlen Gabriele
E sem perceber era isso o que eu precisava... Ampliar meus ângulos de vista, pois sem perspectiva não teria uma nova visão.
É engraçado isso... Pensei comigo mesma que queria ser livre, mas não acho que seja possível ser livre sozinha.
Não falo sobre ser amada digo, não existe liberdade em reclusão. Não posso ser livre se estiver me privando de uma companhia ou lugar, quando se afasta de quaisquer vínculos está se negando a liberdade pessoal e ir e vir, de que todo lugar possa ser seu lar.
Um passo em falso e eu Cairia no abismo, não tentei me desviar pelo incrível que pareça.
Cair tem mais haver comigo, pois é quando eu percebo que o impacto das quedas tampouco não foram suficientemente fortes para me prender a solavanco.
O abismo pode se tornar menos assustador ao longo dos ângulos.
Onde à escuridão pode de haver luz, onde existir o medo haverá superação.
E era assim que eu pensava sobre minhas emoções que através dos meus próprios argumentos se tornavam meramente incoerentes.
Eu quero ser uma pessoa melhor, mas ainda não sou capaz de sentir pena daquele que me empurrou abaixo.
Mas também não serei aquele que o fará provar o mesmo.
Os sentimentos são complicados demais para tentar-mos justifica-los... Ao todo parecem não existir sem a dualidade.
Gostaria de aprender se possível, ainda que eu não sinta nada além do vazio, desejo voltar a florir.
Eu calorosamente bato na porta
Me deixem entrar suplico.
Enquanto espero, o tempo passa
A primavera se vai,
As folhas caem
A chuva me molha
O céu escurece.
Bato outra vez
Por favor alguém,
Me deixem entrar
A minha voz ecoa sob o patio ao meu redor,
Fora, do lado,
Dentro de mim.
Eu lhe peço pela ultima vez.
Está escurecendo,
Os dias se passam
O sol quebra sua promessa e não vem.
Uma brisa violenta passeia pela casa
E vai reto em direção a colina
Meus pelos se arrepiam
Meu pulmão falha
Meus braços tremem
Eu caio
Frio que vem
Frio que vem de fora
Ao redor
Ao redor de mim
Frio que me leva
Frio que me devolve
Frio que vem de dentro
E finalmente
Me deixa ir.
Acho egoísmo me pedir para ficar, mas também acho egoísmo te deixar e partir.
Não quero me tornar uma peça e te fazer um tabuleiro vazio.
Numa caixinha.
Numa caixinha cabe meu ego, tão pequeno quanto o ânimo, nessa mesma caixinha cabe a alegria do cotidiano, cabe a aproximação do bem saber ou bem sentir.
Numa enorme caixa, sobra espaço para todos os sintomas de uma inconsequente.
Cabe a dúvida o desespero, a raiva, a tristeza, a mágoa e o rancor.
Não troque a caixa certa, por sentimentos errados.
Oi, perdi minha alma.
Hoje chove e ela ainda deve de estar por aí.
E se você me batesse ouviria o eco que sai de mim, estou vazia, estou me afogando na minha própria seca.
Estou chorando lágrimas que não descem, estou despejando palavras não minhas.
É que esse nada, se acumula facilmente como se fosse um tudo.
Dele estou repleta, este passeia por minhas veias e artérias procurando algo mais importante que o coração que bate fraco.
Marquei de encontrá-la aqui, nessa esquina onde jamais deveria te-la soltado.
Espero por alguém que não vêm, eu deixei que a levassem de mim.
É que minha alma, precisava de você, e agora te segue por todos os cantos para que se sinta próxima o bastante.
Por favor me diga que ela chegou bem e que a convidou para entrar.
Não a deixe caminhar...
Até a floresta das almas abandonadas.
E se eu pensasse sempre assim, não precisaria de amigos e nem me sentiria só.
Estaria ocupada demais para notar a solidão... Descobrindo a multidão dentro de mim.
Eu não era fumante antes de te conhecer.
Eu não vivia vício, de te ter ativo em minhas memórias mais banais do cotidiano.
Eu não era obcecada pela liberdade de me aventurar no poço mais profundo, que minha alma resguarda em sua memória.
Mas eu também não seria eu, se eu não tivesse entrado naquele ônibus e te visto partir de mãos vazias.
Desde então eu trago;
Sua lembrança no peito.
Trago o maço mais barato para que em um único suspiro eu te liberte de mim.
Da minha memória, nas cores singulares que vejo pela rua e que sempre acabam se tornando cinzas.
Com esse trago tento te trazer de volta, sabendo que você sempre estará à um trago de distância do meu peito.
E tem dias que eu bebo;
Pra esquecer que preciso de um cigarro pra aquecer meu corpo, nestes dias de descontrole minha alma anda solta, e talvez assim ela volte para casa um pouco menos vazia.
Eu trago;
E espero no escuro meu cigarro se apagar.
Aquela necessidade de você queimar e virar cinza.
E pensar que a nicotina não me mata mas te asfixia dentro de mim, sendo preciso pela última vez, trazer você comigo.
As vezes me pergunto se realmente te amo, ou se o que eu senti não foi apenas ressaca moral.
Porque me entreguei tanto em alguns momentos, e em outros neguei tanto o que eu sentia.
E dormia, sonhava e acordava pensando em você. E detestava te amar tanto assim.
Mas em outros momentos me esquecia de você.
Ou não sentia nada ao mencionar seu nome.
E me sentia egoísta, por te deixar morrer aos poucos dentro de mim.
- E existe algo do qual você não tenha medo? Ele zomba.
- Da morte. Respondeu a garota, ainda reflexiva.
- Não tem medo de morrer?
- Quando você manda uma mensagem e nunca obtém resposta ou quando uma pessoa que você ama se muda e vocês perdem o contato completamente, não é como se ela estivesse morta?
Você se lembra da pessoa toda o dia, mas não pode vê-la, toca-la nem ouvi-la.
Mas com o tempo você vai aceitando, vai esquecendo.
Acredito que a muitos mortos que ainda respiram por aí.
- Então eu estava morto para você? Ele pergunta.
- E eu para você suponho.
Ainda bem que estamos vivos agora. Respondeu com um sorriso em meio aos lábios.