Karoline Koppe
Amar você foi: a minha euforia, calma, agitação, entusiasmo, frenesi, efervescência, lascívia, aventura, desejo, motivação, excitação, atração, deleite, bem-estar, ardor, admiração, êxtase, delírio, ímpeto, aconchego, vontade, oásis, tranquilidade, aninho, abrigo, apoio, conexão, apego, paixão, sede, loucura. Mas também foi a minha fúria mais febril, amarga, e violenta. Você foi a minha queda, decadência, ruína e, por fim, a minha própria morte.
Às vezes me parece que o destino não tem nada de bom reservado para a minha vida. Chego, por vezes, Deus que me perdoe, a pensar que nem Ele sabe o que fazer comigo. Eu sou como alguém que vive constantemente no banco de reservas esperando a vez que nunca acontece. Seus amigos não esperam nada de você. Seu líder muito menos. E eu tenho um sentimento atroz de que Deus pense o mesmo. Eu sou aquela criança que espera ansiosamente pelo presente do velho noel, e enquanto todos os outros exibem os seus grandiosos presentes, eu recebo um alfinete que, constantemente, me fere. Seja lá como for, acho que meu nome já não consta mais nos registros de Deus ou do destino. Me tornei algo minúsculo e imperceptível em meio à esse vasto mundo onde eu habito.
Porque achamos que o nosso amor próprio pode esperar. Que pode ficar como meta para o mês seguinte, ano seguinte, e até, talvez, para uma vida futura. Por vezes vestimos o amor próprio como acessório. Nos asseguramos no amor de pai, da mãe, do namorado, da melhor amiga, do ex, nos esquecendo de quem mais deveríamos amar e nos importar: nós mesmos. O errado é acharmos que ele deve ficar em segundo plano, sendo primordial. Na verdade, antes de qualquer outro sentimento, já devemos andar de mãos dadas com ele. Esse é o caminho. O resto, o que vem em seguida, qualquer pessoa que entre ou saia de nossas vidas, é apenas complemento da nossa vida.
É tão injusto! Porque pessoas incríveis se sentem quase o tempo todo como um completo lixo. Enquanto outras andam por aí se achando as melhores que há no mundo.
Não tenho medo de perder amigos. Não tenho medo da morte, nem de mim mesma. Não tenho medo de ficar sozinha, nem de tropeçar pelo caminho. Tenho medo da descrença. Perdendo a fé, eu perco todo o resto. Eu perco a esperança de encontrar novos amigos; novos caminhos; novas versões de mim mesma, e de novos recomeços. Eu me perco. Eu morro.
Enquanto eu te olhava, dentro de mim ardia um desejo de ter te conhecido em outras épocas. Naquelas em que eu ainda conseguia acreditar no amor; quando eu não tinha medos, nem mesmo de me arriscar. Gostaria de ter te conhecido antes, quando eu ainda tinha um coração inteiro. Sorry, sorry por todo esse estrago. É que agora não consigo mais amar. E, quando você diz que me ama, não há nenhuma ficha extra de confiança que me faça acreditar. Então, tudo o que sobra é aquela única palavra que eu ainda consigo te dizer: sorry.