Karla Thayse
"Acho bom, seu Cupido,
o senhor tratar de acertar a flecha desta vez,
enquanto ainda há esperança,
enquanto eu ainda acredito,
enquanto ainda há em mim
um restinho de alguma vontade de amar."
Se pudesse materializar aquele amor, daria a ele as formas de uma bola de sabão. Tão lindo e tão leve que flutuava e chegava a quase tocar o céu. Ao mesmo tempo tão frágill, pois bastou um simples toque de alguém para que se desmanchasse e se perdesse no ar.
Mas foi lindo enquanto voôu...
Acho bom, seu Cupido, o senhor tratar de acertar a flecha desta vez,enquanto ainda há esperança, enquanto eu ainda acredito,enquanto ainda há em mim um restinho de alguma vontade de amar.
Coração era produto pronto pra entrar em combustão.
Foi quando veio você, quente, riscando amor com força,
acendendo um clarão em mim.
Ardi, queimei, chorei faíscas até explodir.
Você foi embora e depois veio a chuva.
Agora só restaram as cinzas.
Abata,
lave,
tempre,
escalde,
frite ou cozinhe,
grelhe ou asse,
ponha no prato,
enfeite,
devore.
Só não corte em picadinhos porque isso dói.
Coma inteiro e ainda quentinho.
Bon apetit!
Ela saiu por aí, pelos labirintos do mundo, sem sonhos e sem direção. Deixou as ilusões no armário do antigo endereço e foi. Vestia uma armadura e carregava um escudo na mão direita para se esquivar das flechadas de qualquer cupido travesso que cruzasse seu caminho. Seguia com passos firmes e sem olhar para trás. Acreditava estar protegida contra o amor. Pobre moça! Mal sabia ela que o amor quando quer invade tudo, aço, tórax, coração... se espalha pelas veias feito sangue e ama teimoso dentro da gente.
Amor tem as formas de um outono,
tristeza tem aroma de janeiro,
saudade tem as cores de uma praça
e alegria tem gosto de brigadeiro.
A paixão é de todas as cores,
desilusão é preta e branca.
Inverno tem cheiro de abraço
e é docinho o sabor da esperança.
Me chamou pela mão pra o meio da roda de capoeira.
e quando eu me distraí levei uma rasteira.
Deu um nó na minha cabeça com o seu cordão colorido
e me envolveu com o seu gingado bonito.
E se tocou meu coração como toca o berimbau, não faz mal!
Joga comigo que eu jogo contigo no mesmo astral.
"Paranauê, paranauê, paraná", me leva no teu jogo de angola
que eu me jogo nesse jogo de amar.
Colocou seu vestido mais bonito, juntou umas esperanças numa trouxinha e saiu sem olhar pra trás. Montou na garupa daquele amor, fechou os olhos e se deixou levar. Braços bem abertos pra abraçar o vento. No caminho novas flores, no coração novas cores e no rosto um sorriso feliz.
Me traga borboletas ao estômago,
pinte meu riso de anil,
afaste as minhas cortinas.
Me ache,
me pegue,
me leve,
me ame.
Olharam-se de um jeito tão suave e tão profundo, como se um pudesse ler a alma do outro. Ela o amava, ele a amava... E ela acreditou que seria pra sempre.
Porque o amor daqui de dentro nunca morre...
Descansa e depois acorda mais forte
pra amar outra vez,
melhor e mais bonito.
Tinha colocado trancas nas janelas,
dentro dela era inverno em todas as estações.
Quando perdeu o medo da luz
deixou o Sol entrar.
Descobriu então, um mundo de todas as cores.
Sorriu coloridinho.
E esse teu jeito de afagar os meus cabelos
como quem toca em estrelas...
Quero morar na ponta dos teus dedos pra sempre,
bem dentro do teu cafuné.
Vamos esconder o nosso amor?
Deixa assim, guardadinho só pra a gente.
Não espalha não meu amor,
alegria alheia incomoda muita gente.
É que eu tenho tanto medo de perder você,
preciso tanto desse seu carinho.
Cude bem da gente viu?
E desse nosso amor escondidinho.
Me abraça e sente comigo o balanço das ondas.
Não tenha medo da tempestade benzinho,
e se o barquinho afundar a gente flutua.
É leve o coração de quem ama
Então foi até o armarinho da esquina e tratou de comprar canetas novas, ainda teria muito o que escrever.
Abre aspas menina, e vai.
Pensei em queimar teu retrato mas não tive coragem.
Então pendurei o quadro de cabeça para baixo,
foi quando percebi que eu te amo por todos os ângulos.
Amigo de verdade
te ajuda a carregar o coração pesado de dor
quando tu és incapaz de fazê-lo sozinho.
Eu já tranquei com a chave por dentro seu moço.
Não adianta bater não!
Aqui é tão apertadinho, nem cabe todo seu carinho.
Por favor, procura outro coração?
Juntou uns gravetos
e acendeu uma fogueira bem no meio do nada.
Sorriu alegria...
Agora tinha luz
e o frio não demoraria a passar.
Dissestes que me mostrarias o céu mais lindo de se ver...
Cadê?
E agora sem você vejo meu céu cheio de nuvens carregadas
prontas para desaguar aqui.
Enfim...
Chuva, por favor, lava essa tristeza de mim.
Assim...