Karla Mello
Há pessoas que não acreditam naquilo que não vem
Mais há momentos na vida que é preciso ter fé
Por que o invisível existe se acreditarmos
É como o amor você não ver mas você sente se você verdadeiramente acreditar que ele existe ele existe
Será que se Jesus não tivesse fé para andar sobre as águas ele teria andado?
Tenha fé, pois há mais mistérios entre os céus e a terra do que você imagina
Pode crer e tenha certeza disso.
SOBRE O AMOR...
O que dizer do amor...
Senão essa coisa viva...!
Essa inquietação que nos faz chorar...
E que nos faz rir tolamente...!
Que nos encoraja!
E que nos deixa a bússola do coração com os ponteiros a girar!
E, uma vez nos abandona...
Passamos a ter nortes extremamente exatos.
Barcos que saem... e sabem exatamente onde vão ancorar.
Ficamos uns chatos previsíveis!
SOBRE O PENSAMENTO...
O pensamento
É companheiro voluntarioso.
E extremamente sincero.
Ele sempre nos diz verdades.
E... silenciosamente,
Faz rir ou faz chorar...
A nossa suposta paz.
SOBRE A (MINHA) VIDA...
Da minha vida eu sei muito pouco.
Estou entregue aos versos...
E aos reversos de mim.
Sei apenas que as coisas vão acontecendo...
E eu vou sentindo por aí...
Cuidando muito pouco de mim.
Mas amando muito... e sempre.
Com o regador nas maõs
E a regar as flores todas...
Dos canteiros de mim pelo chão.
UMA OBSERVAÇÃO...
E ela queria que ele pudesse vestir e tirar o seu casaco que ela chamava de impaciência. Coisa descartável. Desagradável.
Aquele seu "rabujem"... Cão sempre quase mal disposto!
Assim... Como se fosse um casaco pesado duma cor sem graça:
E que ele pudesse deixá-lo sempre na porta de entrada da apertada casa. Haja que não combinava nada, sobretudo, com o sobretudo negro que ela vestia quase sempre.
E ficavam os dois no mesmo tom:
Desafinados em cor e tom.
ANA ESTILISTA - MICRO-CONTO
A Ana levava a vida com muito estilo.
E afirmava, veementemente, em seu atelier:
- "Poá" está em alta!...
"Voar" também!
SOLIDÃO EM METROS
Ela tenta contar contos em cem toques.
Logo ela...
Que rabisca a solidão em metros.
E em profundos cortes.
PASSANDO A LIMPO...
Ela escreveu o seu passado na folha do outono.
Deixou-o secar...
E quebrou-o em pedacinhos de raios de sol.
SOBRE A AMIZADE
Na vitrina viam-se duas pessoas:
Uma na escuridão e uma outra com um candeeiro na mão.
Raridade!
DA MARGARIDA
Olhou de soslaio e era ele.
Assim... Num bem me quer.
E ela despetalava-se Margarida:
Bem me quer, mal me quer.
O VÔO
Lívida. No parapeito da janela.
Do filme reavaliou o roteiro.
Entregou-se...
Aos instantes da inércia.
À minha volta... Só os amigos versos.
Se houver os reversos... Não são os meus.
Os reversos meus?! ...
Eu (re)esqueço todos os dias.
Na minha vida nada foi fácil.
Se fosse fácil... Não seria a minha vida.
Explicar por quê?!...
Já é um outro assunto meu.
Não sei lidar com perdas... Decididamente!
Ando meio farta de perdas!
A gente sai pela vida!... Se fracionando inteira!
Eu cuido do jantar todos os dias: Comida de gente!
E alimento-me dos meus sonhos todos os dias:
Comida de "loucos".
Sou muito divertida quando estou feliz.
Sou muito chata quando estou lúcida.
Sou muito lúcida quando silencio.
Porque todo dia é dia da criança de mim.
Assim... Num cantinho reservado de mim.
Ela... Livra-me de mim.
Escrever é quase uma catarse.
É vomitar quando a gente come a vida com gulodices.
... Mesmo prevendo o mal final.
É lavar a casa-coração com água de choro...
E de cheiro, afinal.