Karla Beltrani
Não canse quem te quer bem, se a pessoa faz de tudo para estar ao teu lado, aproveita, apenas isso, vive e nada mais. Afinal, ela não tem culpa de gostar de você, diga o que sente e não o que ela gostaria de ouvir, e se achar melhor, não diga nada.
Amigo é aquele que te quer por perto, não cobre, não insista. Tem que coisas que simplesmente não são.
Prefiro sofrer e seguir meu coração, do que viver amarga, culpando a vida pelas coisas que eu não fiz.
Ombro mordido, braço mordido, cara mordida, felicidade é assim mesmo, entra sem avisar, te contagia, às vezes te faz bobo, idiota, mas eu gosto.
E então ela encostou a cabeça no travesseiro e perguntou a si mesma: porque o seu olhar cruzou o meu naquela noite?
Acabou!
Acabou? Simples assim?
Acabou, você queria que eu falasse o quê?
Uma hora a gente cansa de sofrer, e o que eu sinto é tão bom, que liberta.
Estranho mesmo foi você me notar no meio de tanta gente...
Você era popular, eu esquisita.
Você foi expulso da escola, eu fugi dela pra ficar mais cedo com você.
Você fumava, eu reclamava do cheiro do cigarro.
Eu cantava, você me olhava.
Eu bebia, você cuidava de mim.
Você falava, eu me apaixonava.
Você ia embora, eu chorava.
Eu escrevia, você lia.
Eu reclamava, você sorria.
Você aparecia, eu chorava e sorria.
Você tocava baixo, eu te admirava.
Você me ensinava, eu desistia.
Eu de bota, você de coturno.
Eu gêmeos, você sagitário.
Você gostava de cemitério, de rpg, de vinho barato, de Metallica e do Wolverine.
Eu gostava da noite de lua cheia, de Pipermint, de Kiss, de cantar e de moda.
Você tinha 16, e eu 15.
Eu queria Zeppelin, você Chili Peppers.
O marujo me disse: estou velho demais para isso, meu tempo passou.
Não sei se quero abandonar as velas e o barco.
Talvez, um dia, quem sabe?
Mas ainda não é hora de ancorar.
Não se controla o mar, as ondas vem e vão.