Karl Ove Knausgard
A única coisa que não envelhece no rosto são os olhos. Têm o mesmo brilho no dia em que nascemos e no dia em que morremos.
Escrever é retirar da sombra a essência do que sabemos. É disso que a escrita se ocupa. Não do que acontece aí, não das ações que se praticam aí, mas do aí em si.
Sentimentos são como água, sempre adquirem a forma do meio que os circunda. Nem mesmo o pior luto deixa vestígios, se é esmagador e dura muito tempo, não é porque os sentimentos congelaram, isso eles não conseguem fazer, mas porque não se mexem, como a água estagnada de um charco.
A literatura não se resume às palavras, a literatura é aquilo que as palavras despertam em quem lê. É essa transcendência que torna a literatura válida, e não a transcendência formal em si, como muitos parecem acreditar.
Escrever era uma derrota, era uma humilhação, era deparar-se com o próprio âmago e perceber que aquilo não era bom o suficiente.