Kályda Scheicher
ainda ontem subia no pé de goiaba, andava descalça no sítio da minha vó e manchava o pé de amora. Brincava de pega-pega, esconde-esconde, andava de bicicleta e de cariola. Dormia na rede, em baixo da árvore, brincava na praça e no coreto. Tempo bom era o tempo em que levava flor pra professora, no tempo em que me sujava de terra, tomava banho de chuva, brincava na enchurrada.
Ê saudades... saudades da terra molhada, de acordar escutando músicas sertanejas. Sentimentos de pureza, inocência, banhados de alegria e momentos junto a natureza.
Saudades de cair e me machucar, afinal quem nunca caiu, não teve infância! Cada semana com uma nova queda. Hoje continuo caindo e me machucando, mas são tombos diferentes. Muitos delis, muitos mesmo, são causa de uma rasteira, um empurram, ou simplesmente um puxão no meu tabete!
Não entendo porque os tombos de hoje são tão doloridos.. Não sei se é porque hoje não tem mais a minha mãe lavando a ferida e colocando band-aid do mickey, ou se que é porque os tombos de hoje doem por dentro...
É tão estranho falar sobre eu mesma no passado, é como se falasse de outra pessoa. Eu era uma pessoa tão assustada. Não conhecia valores, nem dava ligava para eles. Não tinha essência. Não tinha amigos, na verdade não os enchergava. Vivia de mal comigo. Era traumatizada, vitima de bulling. Eu não enchergava o problema, porque o problema estava em mim. Uma pedra totalmente bruta. Que fase estranha foi, mas ainda bem que foi. Estranho hj olhar pro meu recente passado enchergar o quão o ser humano pode ser. Mas é compreensivo eu ser daquele jeito, afinal era uma adolecente. 16 , 17 anos. Ainda sou muito nova mais posso de disser com toda verdade que me cabe, evolui demais. Eu me sentia realmente sozinha, sem ninguém para me mostrar a direção, ninguém que pudesse abrir meus olhos. Ninguém que me compreendesse. Eu não tinha amigos porque não me permitia te-lós, era nova demais pra compreender uma amizade. Nossa quanto drama, você pode pensar, mas eu evolui o suficiente para reconher que essa foi a mais dura realidade que passei.
Sofri por sentir a NECESSIDADE de evolução, porque queria mudar, mas não tinha ideia do que mudar. Sofri porque não entendia/enchergava que a evolução vem de dentro para fora e não o contrario. Ninguém pode evoluir minha mente a não ser eu mesma. E quando eu comecei a perceber isso, já tinha feito bobagens demais... Falado mal demais, julgado demais, chingado demais ...
Ser perceber eu literalmente rasguei o livro do meu passado, joguei na fogueira e deixei queimar. Sem nem rever algumas páginas, nem mesmo tentei passa-lo a limpo, joguei no fogo e esperei que virasse cinza. E como foi dolorido ver queimar esse livro. Era como se queimasse minha pele, mas aprendi com essa dor. E é da lembrança dessa dor que tirei forças para escrever outra história. Mas espera ai - Onde escrever outra história se havia queimado o único livro que tinha ? Então me lembrei das cinzas. Acrecentei a essas cinzas alguns valores: Amor próprio, fé, amizades sinceras, respeito, consideração, sinceridade, pensamentos positivos, paz, harmonia, enfim... Á partir dessas cinzas, acrecentado a esses valores, surgiu um novo livro, esse livro é o que carrego comigo a todo instante, é neste livro que guardo tudo que vejo e sinto, falo e penso. Antes de virar cinzas era simplesmente um livro, hoje eu chamo esse livro de coração.
Desabrochei enfim quando iluminada pela benção de Deus. Encontrei minhas fraquezas e meus medos de menina. Encontei e compreendi a missão que Ele me destinou. Agarrei então nessa energia que se afastava, e este brilho enfim transmiti. Iluminei a minha vida e o meu caminho. RENASCI PARA UM NOVO DESTINO..