Jussiara Bastos dos Santos
"Sonhou amar e ser feliz.
Amou. Sempre.
Ora era amor, ora era amada, ora era felicidade.
Amar e ser feliz é reciprocidade."
As relações que mantemos são os caminhos que percorremos.
Ainda que sozinhos, somos colocados numa íntima relação com nós mesmos.
Enquanto a cabeça não se aquieta, o coração não acha ninho.
Enquanto há frevo com febre, delirante, não há lucidez.
Enquanto a cabeça não se entrega, o coração se esconde.
Enquanto uns buscam, outros acham...mas poucos se encontram.
Ladrão é sempre ladrão, sendo da direita, centro, esquerda ou ambidestro.
Mas o povão só se indigna com o próprio povo, "né" não?
O mal, assim como o bem, mora em nós. Então, decidimos a quem damos melhores condições de existir e sobreviver.
Quando enxergamos o mal como uma entidade exterior, não inerente ao que somos, muitas (ou todas) das nossas responsabilidades também deixam de fazer parte de nosso domínio. Desse modo, o que devemos priorizar é a visão que nos leva para a grande casa que somos. Olhemos para lá, como se nossas cabeças fossem o teto. - Quem você vê? Qual versão de você ocupa a sala de estar, como se tivesse propriedade desta moradia?
Esses olhos, que te olham, são teus. - O que eles te dizem? Como tu te sentes?
Esse simples exercício te dirá quem quer sobreviver dentro de ti. E acredite, a tua versão má será mais resistente, mais teimosa, mais barulhenta, quando tu decidires colocá-la porta à fora da tua casa. E são essas peculiaridades que tornam a nossa tarefa de reforma íntima, de auto-higienização tão difíceis. Contudo, sempre possível de ser cumprida.
Qual a tua disponibilidade e disposição de transformar a tua casa, onde tu fazes a tua morada?
Que jamais morra a esperança.
Porque sem crença em dias melhores, sem fé e coragem para mudanças, a gente vira pó.
Os casais mais felizes não têm fórmulas mágicas, porque, talvez, nem mesmo eles saibam que são os mais felizes. Ser feliz ou triste é questão de parâmetro. Qual a medida que você usa para saber sobre a sua felicidade?
Outro dia, ouvi dizerem que eu andava sumida! - mas onde será que eu estava, já que ninguém me via por aí?
Recebi mensagens de conhecidos, correntes dos familiares, mas acredito que ninguém sabe exatamente por onde eu ando...ou sabe?
Eu não sei se você está bem de verdade ou se a sua vida caminha torta. Não sei se você anda feliz ou se isso importa, mas uma coisa é certa "Você anda sumido!".
De mim, tirei algumas lições, não sou como peixe, como pensava, pois ele morre pela boca. Talvez, eu morresse de silêncio se não pudesse escrever. As palavras são mais barulhentas nas minhas curvas pensantes do que na língua clamante.
Quando meu peito não aguenta, a mente escreve e chora. Depois...depois eu sumo de novo para reorganizar a minha própria vida.
E é nas ausências que eu descubro as melhores presenças. Muitos dos presentes conseguem me tocar a milhas de distância.
"Você anda sumido!"
Todas as vezes que amei, todas as vezes que vivi um amor, sempre foi a primeira vez.
Quando pensei que não amaria pela primeira vez, compreendi que te amo por todos os dias que te revejo.
É sempre uma descoberta quando eu te amo em meio às tempestivas sensações de nós mesmas.
Amar-te é uma novidade sobre quem sou, sobre quanto amor vem e fica...sobre quanto amor surge e amplia minha vida.
E eu aprendo tanto sobre o que eu pensava conhecer e não sabia. Vejo isso quando olho com humildade pra nossas falhas...vejo isso em nossas falas. Mas é bom viver o novo de um contexto conhecido.
Amo saber que posso te amar todo dia, mesmo quando não te vejo aqui, mas tanto de ti mora em mim.
Quando tentei me entender, entrei na viagem mais cara, no percurso mais longo, num itinerário sem volta predeterminada e sem destino exato conhecido.
Sem destino? - Podem me questionar! Mas é isso mesmo. Quando a gente tenta se entender, a gente parte de nós mesmos, permanece "in loco" e, paradoxalmente, volta para si.
Contudo, ainda que a origem seja a mesma plataforma de ida, jamais é a exata parada na chegada.
Abra os olhos antes de passar desavisado pela estação!
O fato é que o mundo está repleto de palavras. Mas as ações, os exemplos práticos ainda continuam sendo a melhor maneira de averiguar quem somos e não quem dizemos ser.
Nosso entorno é reflexo de nós mesmos e a nossa mente reage a tudo conforme permitimos acontecer.
Sim, às vezes, o chão parece sumir e sinto estar em queda livre, como se fosse quebrar-me em pedaços a qualquer momento.
Sim, às vezes, dá medo e penso que não vou suportar por mais tempo tantas coisas fora do meu controle, que me tiram a esperança repentinamente.
Às vezes sim, às vezes não, mas nunca na maioria dessas vezes. Esse é o diferencial que me permite seguir. Pois tomo consciência das minhas fraquezas, porém, reforço em mim a certeza de que tudo é transitório. E, assim sendo, nessas contínuas mudanças, vou sabendo mais de mim, tornando-me minha melhor parceira.
"Conhece-te a ti mesmo."
Com o tempo, cada um, sob seu ponto de vista e perspectiva, percebe o que é válido para si. A maturidade vai mostrando que ninguém vai agir como "se deve", mas como pode, frente ao momento e ocasião. Cada ação decorre de um conjunto de experiências, que traz mecanismos de análise e conduta distintos de um ser para o outro. Ou seja, nunca acredite que sua forma de entender a vivência do outro é a maneira mais adequada e sensata, pois o outro pode estar te observando sob a ótica da mesma ignorância.
Enquanto acreditarmos que sabemos o que é melhor para alguém, não seremos verdadeiramente capazes de aprender o que é melhor para nós mesmos.
Às vezes, as pedras se movem com um chute inesperado.
Às vezes, somos pedras no caminho ou num sapato.
Às vezes, somos os pés desavisados.
Mas sempre há nosso dia de pedra!