Júnio Dâmaso

Nomear
é coisa difícil.
Por seus caracteres
é que são conhecidos.

Não sei que perturbação é essa
Que palpita meu coração
Se é só pressa
Ou emoção.

Cada instante de solidão é como se não houvesse mais ninguém no mundo. É estar no meio de uma multidão e ninguém querer te ouvir.

Há um evento interminável em que eu não me sinto à vontade, mas sou continuamente coagido a estar presente: o passado.

Quando vejo um pai aconselhando um filho, sinto que fui privado deste amoroso gesto protetor. E como dói ser órfão de pai vivo.

Tem épocas
E tem dias
Que mais férteis
Estão meus pensamentos
E quase todos eles são poesias.

Há dentro de mim um impulso incontrolável de querer falar ao mundo, de expor meus pensamentos. Não é que eles sejam realmente bons; são apenas expressões de um ser que quer ser ouvido. Às vezes é o papel, outrora o computador...
...meus confidentes.

Todo dia ao nascer é apenas um dia como qualquer outro, até você descobrir que pode mudá-lo.

Este mundo virtual
desprovido de virtudes
polui nossos olhos
com suas propagandas
atraindo-os para suas
contemplações indignas.

Não sei o que "o destino" programou para mim, mas eu sei que posso mudar. Logo "o destino" não existe.

Num instante
Um despertar
Vem a ser
O que não há!

Hoje não conseguimos apalpar as ansiedades que tivemos ontem, quando as sentíamos; mas conseguimos viver as de amanhã.

É difícil conter-se quando não se é nada.

O vazio facilita possuir a si mesmo.

Quando há solicitude o ser passa a viver.

Se meu transtorno bipolar faz aflorar o alegre e depois o triste, não sei porque insiste em me provocar. Contente-se com o palhaço!

Nas minhas brincadeiras intrínsecas, eu queria apenas rir; mas você prestava atenção em cada passo pra ver onde eu iria tropeçar.

Basta apenas um equívoco para que toda uma história vire poeira.

No final da rua há um placa de pare. E voltar já é contramão. Querem nos impôr uma vida controlada, uma programação com enredo, datas e horários predefinidos.

Quem é realmente livre não está ansioso, nem mesmo com o badalar do relógio.

No mundo há muita injustiça cometida até mesmo por aqueles que julgamos ser bons.

Devemos suportar os dias quentes com alegria, pois é necessário que se aqueça antes que se esfrie. Esta é a lógica: ninguém dá valor num sorriso se não aprende a chorar primeiro.

Às vezes não me contento em observar a chuva, eu queria ser uma daquelas gotas d'água que caem. É como querer sentir o aroma de um café coado no século passado, ou tentar apalpar o vento e segurar os feixes da luz. Ou ainda, imprimir em cores uma lembrança em preto e branco. Como é triste o som do piano. Uma tristeza apreciável. Se eu chorar é de alegria!

Para se ter uma boa comunicação quem fala deve usar palavras de entendimento fácil para quem ouve, do contrário estará apenas fazendo barulho.

Há em mim
uma apetência,
intensa,
em ser compreendido.
Quiçá seja carência...
...insegurança?