Júlio Hermann
Você coloca a ponta dos dedos nas minhas feridas. Diz que entende a dor. E entende. Mas não quer acabar com as cicatrizes, porque diz que elas me fazem crescer.
Quando o sentimento é muito maior que a carga emocional que já carregamos, o corpo inteiro sente. Seja para o bem ou para o mal.
Ninguém avisa a gente que amar faz a pele arder e o peito dilatar, seja com as coisas dando certo ou não. Contos de fadas não duram muitos dias na vida real, o amor é o que faz tudo valer a pena. Torço para que você seja feliz, e que possamos caminhar juntos. Hoje eu quero o para sempre, mesmo sabendo que não posso controlar tudo. Há coisas minhas que são tão suas, a ponto de eu não ter coragem de colocar uma roupa nova sobre elas, porque eu não quero te esquecer.
Suportamos isso. Ignoramos inclusive as partes chatas da existência. Esses momentos difíceis retornam, de vez em quando. Contudo podemos nos perdoar e ter novas chances.
Quando a gente passa a gostar de alguém, lá pelas tantas, o mundo ao nosso redor acusa as lembranças do que sentimos, já percebeu?
A respiração oscila entre raras calmarias e arritmias bravas, os dedos das mãos acusam o nervosismo pelos pequenos surtos, o discurso que sai dos nossos lábios se torna mais pacifista.
O mundo não é o mesmo. Nem os carros. Nem a rodovia e as pessoas que a atravessam às pressas. Tampouco os móveis do quarto, os quadros da sala e o que habita o universo físico ao redor do corpo…
Não com você aqui.
É bem mais bonito.