Júlio Dinis
Um amor bem verdadeiro, uma vida bem íntima com uma mulher, a quem se queira como amante, que se estime como irmã, que se venere com mãe, que se proteja como filha, é evidentemente o destino mais natural ao homem, o complemento da sua missão na terra.
Com o amor dá-se o mesmo que com o vinho. Perdoem-me as leitoras o pouco delicado da confrontação; mas bem vêem que ambos embriagam.
Se nos dermos de coração a uma quimera, se ela, nas formas vagas e aéreas que reveste, nos sorrir e namorar, em vão julgamos tê-la pelo que verdadeiramente é; há sempre um ou outro momento em que a acreditamos realizável e até realizada.
As mulheres não podem amar um homem em quem os olhares da mais afectuosa simpatia não insinuam calor ao coração.
Saber sacrificar tudo a um dever é a principal e mais difícil ciência que nós temos de aprender na vida.
A aurora do amor é a quadra de devaneios e fantasias, em que a vida do coração principia e exerce sobre nós o seu mágico influxo.
“... Todos os caracteres nobres não adquirem,
sem doloroso aprendizado, a desconsoladora
ciência que se chama ceticismo. Cada ilusão
que se desvanece é um golpe fundo no mais
sensível da alma, e os conflitos da vida social
deixam feridas que só lentamente cicatrizam...!”