Julio C B Abrahão
Como a vida é irônica, eu que sempre tive medo da solidão, e sempre tentei fugir dela de todas as maneiras... Pude agora perceber que ela sempre foi a minha companhia mais fiel e inseparável.
Sabe aquela presença que as vezes chega a ser incômoda, mas não te deixa?
O maior alucinógeno que existe é a carência. Ela te faz ver qualidades onde não existem. Às vezes queremos tanto que seja amor, que não enxergarmos que é só teimosia.
Gostar de alguém
requer, às vezes, uma certa cegueira...
E já não sei
se ultrapassei o limite
de fechar os olhos para você.
Tento evitar, mas as vezes me pego pensando...
Será que você ainda pensa em mim, assim como penso em você?
Será que você lembra das nossas conversas engraçadas e dá risada?
Será que as vezes, mesmo que por uns segundos senti a minha falta?
Bons momentos não podem ser apagados, assim também como é quase que automático, nos momentos de solidão se deparar revivendo essas memórias.
Quero um amor que me tire do chão, que me arranque suspiros de felicidade e que seja meu porto seguro.
Não quero alguém que dependa de mim, mas que precise, que queira estar comigo até mesmo quando eu não me aguentar.
Quero a tranquilidade que a confiança traz, junto com a segurança daquele abraço caloroso.
Quero tantas coisas, mas que hoje em dia me fazem duvidar se ainda existem.
Dói admitir isso, mas e se eu dissesse que uma parte de mim ainda te ama?
E que mesmo sofrendo muito e me esforçando ao máximo, não consegui te esquecer...
Isso é muito louco eu sei, mas não consigo evitar...
Uma parte de mim insisti em te querer, mesmo depois de toda a dor que eu senti quando você se foi.
Minha capacidade de auto sabotagem e incapacidade de deixar de lado, aqueles que me deixaram para trás e resolveram seguir sem mim, me impressiona bastante. Será que sou adepto do masoquismo emocional?
De forma completamente demasiada, abuso de mim mesmo... dos limites que consigo suportar, de guardar tudo o que sinto, para te dar colo.
Mesmo estando em pedaços, não suporto te ver mal, sinto extrema necessidade em estender meus braços para te acolher em meu abraço.
Penso em você todos os dias, normalmente meu primeiro pensamento quando acordo e principalmente meu último pensamento antes de dormir, e as vezes quando sonho...
Sabe o que é mais incômodo? Eu não deveria.
Eu não quero mais a sua companhia, não quero mais sentir todas as coisas que sua presença traz... Por muitos e muitos anos tenho vivido sob suas asas e isso está me matando aos poucos.
Solidão, não quero mais que me cubra com seu gélido cobertor de insegurança e desamparo.
Não quero mais me sentir tão vazio, sem objetivo, sem perspectiva, sem um caminho para seguir.
É impressionante como você ainda mexe comigo, mesmo depois de tanto tempo, mesmo com toda essa distância.
Não consigo entender como um simples sorriso seu, me desarma tão facilmente.
Apesar de torcer pela sua felicidade, tenho tentado aos poucos me preparar para te ver seguindo sem mim, mas confesso que só de imaginar isso...
Me sinto despedaçado.
Durante o dia costuma ser menos pior, pois estou ligado em tantas coisas, ou até mesmo, em alguns momentos "cercado" por outras pessoas, que fica mais fácil me manter concentrado...
Em qualquer coisa que não me lembre você, porém quando a noite chega, inevitavelmente sou afagado com seu abraço, e seu doce sussurro em meus ouvidos, que soam como canções, são melodias suaves e melancólicas que me deixam quase entorpecido.
Minhas silenciosas lágrimas escorrem pela minha face, porém no meu rosto inconscientemente ostento um sorriso irônico, tentando encontrar um modo de aquietar minha mente barulhenta.
Hoje consigo entender o porque de sermos tão apegados as memórias...
Independente de qualquer coisa, as memórias nunca mudam, mesmo que as pessoas que as construiram tenham mudado.
Se eu pudesse voltar no tempo, eu queria poder aproveitar melhor meu último dia com você, e guardar com mais cuidado cada olhar de ternura que lançava sobre mim...
Gravar melhor seus risos e sua voz doce.
Ter de maneira mais detalhada o seu perfume e o seu toque, a ponto de sentir o calor do seu corpo me abraçando, toda vez que lembrasse.
Se eu pudesse...
Se eu soubesse que era um adeus...
Por um longo tempo, achei que fosse você...
De alguma forma, eu acreditei que seria você, e parte de mim queria realmente que fosse você.
Fiz de tudo que podia para que você me notasse, mas realmente nunca vou ser para você, o que você foi e é para mim.
Infelizmente na maioria das vezes, a importância e a significatividade que aplicamos a existencia de uma pessoa em nossas vidas, comumente não é recíproco, no geral nos agregam um "valor" muito abaixo do que esperamos ou até mesmo merecemos. A graça disso, é que normalmente não percebemos essa discrepância entre o que damos e recebemos.
Não importa o quanto você se doe, o quanto você se dedique, o quanto você faça e até mesmo o quanto peça, no fim você não será escolhido. Você talvez só exista como suporte emocional para aqueles que buscam acalentar seus corações feridos e mentes cansadas, contudo ao menor sinal de melhora, partem e deixam você aqui do mesmo jeito que encontraram... Sozinho
Com o passar dos anos, percebemos que somos resultado daquilo que nossas experiências fizeram de nós.
Sinceramente não sei explicar, mas constantemente transito entre a solitude e a solidão, onde em um tenho total controle sobre tudo e consciência, mas com o outro me vejo no caminho contrário...
Me sinto perdido e desamparado. Uma estranha sensação de estar incompleto, um vazio que dói... dói muito.
Um desejo, uma necessidade descontrolada de encontrar algo que me complete, que faça essa dor desaparecer.
Não sei explicar, mas a sensação é de que estou em busca de algo que em algum momento já me pertenceu, e que por algum motivo perdi... Talvez quem sabe em uma vida passada.
É estranho demais sentir tanta falta de algo que não me lembro de ter tido, mas que de alguma forma, eu sei que já fez parte de mim.
Existem certas coisas que eu simplesmente não consigo deixar de pensar...
Não dá para apenas ignorar e tocar a vida, como se estivesse folheando páginas de um livro.
Pode parecer loucura, mas de alguma forma eu sinto que se tivéssemos tentado, teríamos construído algo incrível, único e só nosso. Saber da possibilidade disso me tira a paz.