Juliane Coutinho
Nós somos um conjunto das quatro estações: às vezes, estamos frios, tristes, seja chuva ou seja neve sobre nós, a esperança está tão no fundo que parece não existir. Mas o inverno passa. Chega a primavera, nossos corações se aquecem, a esperança começa a vir à tona, e a alegria também. O verão aparece para esquentar, para fazer algumas coisas ferverem, outras pegarem fogo ou, quem sabe, nada disso, mas, sim, nos libertar totalmente do inverno, algo que a primavera tentou, embora não tenha conseguido em sua totalidade. O outono é, principalmente, a época em que nos permitimos aprender, errar, evoluir; as folhas que caem são as nossas falhas, bem com os momentos bons e maus: elas caem, passam, para que novos momentos e novas falhas possam surgir, dando origem a outro recomeço. Assim é a vida. Altos e baixos. Mas ela não é exatamente um ciclo. Essas estações, enquanto dentro de nós seres humanos, não ocorre nessa ordem. Algumas duram mais, outros duram menos; algumas tomam conta de grande parte de nossas vidas, outras nem perto disso. Então, independentemente do que pode vir a acontecer, é preciso fazer escolhas, pensando nos outros, mas, especialmente, em nós mesmos. Sua vida, como já dito, é sua, e ninguém mais deve, ou deveria, ter controle sobre ela.
Há pessoas que, em um dia, quase te jogam em um abismo; e, no outro, te dão um abraço. Há pessoas que possuem quase um milhão de caras, e não apenas duas. Há pessoas que, além de humilharem outras, pisam e cospem. Há pessoas que julgam e caluniam. Há pessoas que sentem prazer em magoar. Há pessoas más por natureza. Há pessoas que, por onde passam, deixam sofrimento. Há pessoas dos piores tipos. Há pessoas que, simplesmente, não merecem e não têm o meu respeito.
Como é possível que sejamos tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão iguais? Paradoxal, não é? Mas, não sei… assim é o amor. Talvez, nem tanto. Talvez ele seja feito apenas de antíteses. Ou então seja feito assim só para a maioria. Quer dizer…eu concordo com Camões: “Amor é fogo que arde sem se ver. É ferida que dói e não se sente. É um contentamento descontente […]”. E isso é paradoxal até demais. Dá para entender? Talvez o amor não seja feito apenas de antíteses ou paradoxos, mas também de metáforas, de eufemismos, de polissíndetos, de aliterações, de zeugmas, de elipses e de sinestesias.
Ah, amor! Por que és tão complicado e, ao mesmo tempo, tão simples?
[...]Tudo o que ela sentia era um vazio. Na verdade, ela não sentia. Se sentisse, seria nada. Passava as manhãs e as noites observando o céu como se estivesse à procura de algo, qualquer coisa que lhe trouxesse à tona alguma emoção. Os dias não eram fáceis nem difíceis, mas também não eram vividos. Escurecia e, no céu, não se conseguia observar estrelas, apenas nuvens. Nuvens essas que quase tampavam-no por inteiro. Todavia eram elas que não o tornavam obscuro em sua totalidade. Ao amanhecer, via-se a aurora, o que ela observava também no pôr do sol. Uma pena. Uma pena que nem mesmo esse belo fenômeno causasse mudança em sua expressão facial. Era fria. Parecia estar morta, mas em vida. Ela não desejava mais voltar a ser como foi. Ela nada mais desejava. Anteriormente, acreditava que o sofrimento deveria fazer sempre parte da sua vida, sua antiga vida, pois era só isso que acontecia a ela: sofrimento. Ah, mas por quanto sofrimento essa pobre garota já havia passado! Porém ninguém sabia por qual razão ela, um dia, sofreu tanto. Como era triste! Fixou tanto essa ideia, que adquiriu todo o sofrimento como sendo uma parte de seu corpo. Já não podia mais abandoná-lo. Mas isso era antes. Agora, ela é o próprio vazio. Pobre menina.