JuCSoM
Ouço vozes que cantam sobre a vida, danço uma coreografia caótica. Tenho infinitos olhos que percebem tudo, a cada tempo ganho nova ótica.
Tenho características em demasia, umas se completam, outras são pura contradição.
Sou comédia, curiosidade, ousadia… Sou mais parceiro do que um irmão.
Sou abrigo, silêncio, timidez… Sou companheiro que segura sua mão.
Sou muitas reticências, mas ter rótulos não é minha vocação.
Sou o brinde de quem descobre a liberdade, mas nunca estive em liquidação.
Posso não revelar com palavras, mas meu sorriso sempre entrega quem é o dono do meu coração.
Eu desejo que você me veja com outros olhos. Não que haja algo de errado com os seus, na verdade, os seus olhos são de uma beleza singular. A questão não é o sentido em si, não é a capacidade de ver. Queria que nas muitas vezes que nossos olhos se cruzam nossas almas se iluminassem, como faróis. Desejo que ao olhar mais profundamente você seja capaz de enxergar em mim tudo o que te encanta. Que me veja como um parceiro para grandes aventuras… Como um cúmplice de um mundo repleto de segredos… Como o cara que te acompanha em momentos cuja vontade é só quietar e silenciar-se. Que você seja capaz de ver o quanto afeta a intensidade da minha alegria e o tanto que meu sorriso fica largo e fácil quando estamos perto. Tenha uma visão além do alcance convencional e enxergará o quão real e intenso é o meu querer. Eu não posso ver o futuro, mas tenho certeza que quero vivê-lo com você!
Sou Oásis… Um aguadeiro andarilho. Viajante de muitas terras e eras. Já vesti muitas peles e já tive vários nomes, mas nenhum deles representa a minha exata profundidade. Fui e ainda sou: Mar, Oceano, Fonte, Represa, Aquarius… É tanta água contida que banha e purifica minha essência que rompi as barreiras do tempo. Tornei-me um fluxo único e contínuo de todas as minhas versões, uma paradoxal existência. Atravesso o caos em uma dança suave criando novas fronteiras por meios das brechas da história. Não mergulhe em meu ser se não souber nadar e muito menos se não tiver fôlego suficiente. O que reflete na minha superfície é só uma nova veste, um outro nome para essa nova era…
Quando dois homens firmam uma relação, seja ela duradoura ou breve, nenhuma das partes abre mão dos seus propósitos, pureza, convicções e tão pouco abandonam sua masculinidade. Esses lobos solitários que se unem, em tese, são até mais corajosos que muito alfa superestimado que conheço. Estes gabam-se de uma força viril que nunca foi provada. Já nós pela própria divergência somos provados dia após dia, trocamos nossos uivos por silêncio. Nossa força não vem dos barulhos intimidadores e sim de nossa resistência. Vivemos prazeres para produzir satisfação pessoal, não para atender condutas sociais preestabelecidos.
Algumas pessoas estranham quando digo que não sou tão fã de beijo na boca, mas a questão é simples: há tantas partes do corpo que eu posso beijar, lamber e chupar que chega a ser um desperdício pensar só no habitual.
A maioria não se importa com seu espaço e tão pouco com seus interesses. Na verdade muitos só te bajulam pelo que podem extrair da sua companhia. Ninguém percebe a fonte (suas emoções) secando, mas quando seca todos criticam a sua falta de tato. O que ninguém quer saber são dos abusos que te fizeram secar. A maioria das relações estão atoladas em hipocrisia. Enfim, “a gente é forte, mas a gente cansa!”
Não transforme o remorso dos outros em seus próprios pecados. A crença, a realidade e os desejos de cada indivíduo são únicos. O verdadeiro erro (que eu considero) universal é privar o outro de sua liberdade! Certo e errado são características de pensamento arcaico, o que de fato existe é a consequência e essa pode ser favorável ou não. Devemos, portanto, analisar a projeção das nossas escolhas e não apropriar-se de julgamentos alheios.
Sem a coreografia dos lábios e o encanto dos sorrisos as palavras se distorcem, só ouvimos murmuras e mesmo mergulhados nas profundezas dos olhares continuamos sem compreender ninguém. A solitude, que outrora representava caminho da autodisciplina, hoje é uma fortaleza para aqueles não sentem mais nada. Esta onda, justificada pela censura fisicamente imposta, nos envolve em um magnético e denso silêncio que só aumenta. Já não ouço mais nada, nem mesmo as vozes que antes insistiam em sair… parece que tudo se resume em vazio agora.
Não que eu seja frio e coisas do gênero, mas não anseio dessas relações que precisam de plateia para se manter. A existência de uma relação só precisa ser do conhecimento dos envolvidos. Sinto muito mais satisfação na intimidade sem o peso do compromisso. Alguém sem vínculo com você, às vezes, te procura mais e te dá mais prazer do que muito cara que se diz ser companheiro por aí.
Muitas vezes tenho vontade, mas a dúvida sobre a reciprocidade barra minhas intenções. Para mim, “não dar certo” nunca foi frustrante, pois o que realmente importa é a experiência. Às vezes, ela será uma gostosa lembrança e outrora um valioso aprendizado. A gente, no fundo, nunca perde nada!
Vivo meus desejos intensamente, sejam as sensações para o meu corpo, sejam os prazeres para minha alma. O deleite do meu ser é profundo demais para caber em rótulos de quem teme a experiência de criar o seu próprio caminho.
Partia seu cabelo como se dividisse as próprias angústias nas páginas de um diário e a ideia de partir o fazia sentir-se menos quebrantado. Nas passadas de cada pentear via-se diferente, ora preto ora branco, um volume inconsistente. Não havia em si nenhuma marca de tristeza nem de solidão, era o único responsável por todas as partidas nessa constante arrumação. Os aconchegos apertados de despedidas aos poucos se tornaram os frios abraços de um espelho, as vezes frios porém recíprocos, havia um certo brilho naquela falta de apego. Depois de algumas tentativas já não prendia mais seu arredio cabelo, sabia que para ser livre devia abandonar qualquer amarra e todo medo. Largou também as tranças que tanto embaralhavam seus começos e hoje, diferente de qualquer verso, ele conhece seu avesso. Agora diante dele mesmo sem nenhum penteado para fazer ele via sua mais pura beleza, aprendeu o valor que tem ter as pontas livres na cabeça.
Polissêmico
Minha personalidade variante está além do que define algum restrito conceito.
Ora metonímia ora sinônimo, nascido em um tempo mais que perfeito.
Dizer que sou difícil e confuso só corrobora minha despretensiosa distinção.
Sou uma palavra mágica cujo sentido depende da sua interpretação.
Conhece meu humor,
meu cabelo ao acordar;
Respeita meus segredos,
tudo que escolho não contar;
Supera meus sumiços,
mas é companhia certa (sem hesitar).
Se amizade não é isso…
Eu não sei explicar!
T(M)ente
Sou intensamente um ser vivente!
Dessa sociedade doente, ausente, carente…
É muito ente para pouco parente…
Nesse presente descontente,
É luxo encontrar gente como a gente!!!
Canto nas minhas dessintonias as melodias que o silêncio pode criar.
Danço nas minhas dessincronias as coreografias que o sonho pode inventar.
Sou intenso, dos desgostos aos prazeres, do simples às demasias.
Vivo o silêncio da realidade e o estrondo nas minhas fantasias.
Sou culto e sou vulgar, cada personalidade na sua merecida hora.
Onde não me cabe, parto! Sem despedidas vou-me embora!
Já vivi alguns fins, mas hoje escrevo um certo começo.
Algumas vezes me apresento fácil e em outras me desconheço.
Sou santo e também pecador... Sou guerra e poesia…
Meu desejo transita entre privacidade e ousadia.
Não trata-se de o quão difícil eu seja, o fato é que prefiro me envolver com as pessoas que cultivam o espaço que pretendem pertencer (independente do tempo).
1º ganha meu respeito; 2º minha admiração; 3º minha amizade… e por fim; minha intimidade.
É nessa última posição, e somente nela, que é possível estabelecer alguma coisa comigo. Então se a gente troca ideias que de alguma forma podem ser tabu e que sejam de cunho pessoal, você tem tudo comigo e “geralmente” você só precisa pedir!
CAOSando…
Difícil entender tudo isso que é não ter nada com você.
Vivo ilusórios prazeres que meu corpo não pode satisfazer.
Nesse nosso universo onde bússolas não apontam certa direção.
Sigo, a deriva, correntezas que me afastam de qualquer salvação.
Distante, onde estou, te vejo como o farol de um porto que não devo atracar.
Tão perto e tão longe… somos realidades sem tato… e sem paladar.
Laço é o que vivemos quando as luzes se apagam na cidade.
Nó, somos nós, sem o “s” que nos desata em saudade.
Há um importante processo no crescimento que baseia-se em desenvolver um determinado nível de desapego interpessoal. É preciso silenciar vitrines que nós chamamos de amigos só porque nos seguem de volta.
Uma imagem mais antiga para personificar meu cerne solitário.
Quando me entristeço, aquieto-me. O silêncio é meu relicário!
Quando percebo que não sou inteiramente bem-vindo, eu vou embora sutilmente.
Se desapareço é porque as palavras perderam o sentido e o companheirismo tornou-se um ausente.
Não invisto energia em um jogo que não me satisfaz…
Quando me afasto é porque pequenas atitudes, aos poucos, me deixaram para trás!
Às vezes, é como se no lugar dos braços me coubessem asas indomáveis.
Desloco-me numa viagem discreta e alucinante por mundos indecifráveis.
Voo tão alto, longe e em silêncio que a maioria nem nota quando estou em outro lugar.
Vivo intensamente essa liberdade de parecer perdido para, no fim, me encontrar.