Ju Fuzetto
Tenho um mundo grande. Sonhos maiores ainda. Carrego nos olhos a suavidade de um sentir desajustado. Sou o que sou. O que fui não interessa. O que resta é essa normalidade exagerada que não se limita. Finjo ser normal. E não convenço. Brinco de ser menina, arco-íris, luz e purpurina.
É fim de tarde moço, pôr do sol bonito. Carrega-me nos olhos pra ficar longe da frustração, me leva de novo pro azul, antes que o sol se ponha vermelho. Agora, por favor, inventa outra cor para este coração que teima em ser magenta. Inventa?
Me conta tuas dores. O que tem por dentro dos teus olhos, além do mistério que me toma pelas mãos. Me leva para as tuas histórias, dentro dos teus rascunhos proibidos, das tuas idas e vindas. Me conta um segredo e pulsa comigo no ritmo da nossa futura canção. A mesma que inventei hoje pela manhã, aquela que você nunca tocou, mas resmugou sozinho soprando na imaginação do meu bem querer
Ninguém assim tão de longe, me teve assim tão perto. Cabe aqui alguns sussurros, algumas pieguices e nenhum vestígio de sorte. Você nunca veio de verdade, mas já é metade dos meus silêncios. É, pareço estranha, porque invento tua voz. Fantasio palavras tuas, feito pensamento, telepatia, distorção, rima e violão
Não aceito papel de má. E boazinha é um apelido quase feio. Fico no meio termo. A virtude não me atrapalha e o improvável sempre me aceita.
Meu bom humor é de graça. Aceite. A cartilha do riso me ensina a enganar os olhos, se vejo a tristeza distraída pelos cantos, corto a volta. Aguente meu alto índice de alegria, minha poção mágica pro desespero. Aperte nas mãos meus caprichos e construa pequenos detalhes. Moro no acaso, o simples é minha corrente de esperança.
Sem saber que era possível modificar a rota intransferivel do destino, marcou sua vida com passos longos e deixou que os olhos silenciassem a fragilidade de um destino feito de promessas vãs. Tornou-se escravo de possibilidades e deixou para trás o tal rastro da felicidade
Tenho a leve impressão que não ando na rua. Definitivamente eu flutuo sobre nuvens de algodão-doce, sou meramente o paradigma que se faz sol, brisa e ventania. E se quer saber eu não me limito. Não existe nada que possa me parar. Eu apenas floresço em dias de chuva e noutros também
Perfeição vestida de bom dia, por favor, nem vem. Aplausos de gente azeda, que medo. Drama usando máscara de suspense. Não creio
O outono escorregadio nos olhos de quem espera flores. Inverno quase quente. As folhas se soltam como numa leve partida. E se desprendem. Feito pensamento. Feito alegria oca. E explodem depois da frieza de Agosto. Na delicadeza chamada primavera
Não há excessos quando se quer alguma coisa na vida. Promete que vai me ler? Reler. Capítulo por capítulo, sem cortes. Se quiser mudar a história é só apagar as reticências. Continue demarcando os caminhos. Se eu me perder na estrada. Apago tudo e devolvo as tuas pegadas.