Josteein Gaarder
Quando vimos ao mundo, vivemos de modo direto e sem constrangimento as nossas necessidades físicas e psíquicas. Se não nos dão leite, choramos e gritamos. Fazemo- lo também quando as fraldas estão molhadas. E exprimimos diretamente o nosso desejo de contato físico e de calor humano. Freud chama a este "princípio de prazer" “id”. Quando somos bebês somos quase apenas “id”. - Continua! - O “id” está presente em nós durante toda a vida, mas pouco a pouco aprendemos a controlar os nossos desejos e a adequar-nos às circunstâncias. Aprendemos a adaptar as pulsões instintivas ao "princípio de realidade". Freud diz que construímos um eu (ou ego) que tem esta função reguladora. Mesmo se desejamos algo, não podemos simplesmente pôr-nos a gritar até que os nossos desejos ou necessidades sejam satisfeitos.
As convenções morais do mundo externo parecem ter penetrado em nós e terem-se tornado parte de nós. A isso chama Freud “super-ego”. - Queria dizer consciência? - Num passo, Freud diz efetivamente que o Superego se coloca perante o Eu como consciência moral. Mas aquilo que importa a Freud é que em primeiro lugar o superego nos dá sinal de si quando temos desejos "indecorosos" ou "inconvenientes", principalmente se se trata de desejos eróticos ou sexuais