Josiane Oliveira
Ah, que saudade!
Saudade da época de brincar na rua de pique-esconde, pega-pega, elefante colorido, vendedor de fita, pega bandeira, três marinheiros, golzinho, três-corte, pula-elástico, capitão mandou, etc. Aaaaah era tantas brincadeiras que causava tanta euforia! A gente era feliz e não sabia. Na cabeça de criança o que mais desejávamos era ser adultos. QUANTA INOCÊNCIA! As vezes a gente se machucava, mas não era nada se comparado ao que nos machuca hoje em dia... Ralar joelhos e cotovelos, arrancar o tampão do dedo do pé, topar de cara no chão e crescer um galo doía, mas no outro dia a gente tava lá correndo e brincando de novo. Hoje as pessoas nos machucam de tal forma que causa uma ferida que nos tortura fazendo a gente se privar da felicidade! Amor ao próximo é um ato praticamente extinto. Pessoas só querem status e dinheiro, esquecem que ser feliz e fazerem os outros felizes é o que vale a pena!
Para ser feliz você tem que fazer isso, tem que fazer aquilo, tem que ser assim, agir dessa maneira, não pode fazer isso e aquilo, tem que aprender isso, tem que viver de tal forma, etc e tal. Todo mundo tem um conselho para dar quando o assunto é ser feliz, então la vai mais um:
Quem foi que disse que existe receita para ser feliz?
Em meio a tanta diversidade como usarei os ingredientes de fulano ou ciclano para construir a minha felicidade? Isso é tão pessoal como escova de dente. As vezes encontramos alguém que coincida alguns ingredientes, porém, continuamos tendo nossa própria escova de dente, podemos juntá-las, mas não dá pra usar a escova de dente do outro, mistura bactérias e acaba um apodrecendo a felicidade do outro. Ser feliz é muito complexo ou talvez muito simples, depende de cada um... Ninguém melhor para saber o que te faz feliz do que você mesmo.
Se dói?! Claro que sim. Mas não da pra desistir. É como um dente, não vou tirá-lo só porque ta doendo... a gente tira a parte podre, coloca uma obturação e ta tudo certo!
Nós, seres humanos, tão fortes e ao mesmo tempo tão frágeis. Viver não é tarefa fácil, principalmente em dias de hoje onde está tudo tão fora do lugar. Falta respeito, falta afeto, falta compreensão, falta consideração, falta tanto… Falta amor. Amor ao próximo, amor à natureza, amor à família, amor aos amigos, amor a Deus, amor à vida. Quanta diferença faria se prevalecesse o amor no mundo, não teria tantas vidas perdidas em coisas. Não teria tantas famílias desestruturadas. Não teria tanto coração magoado.
As pessoas precisam sentir mais, apesar de estar tão complicado. É muito tempo gasto para fazer isso e aquilo, muito trabalho, muito estudo, muita correria todo dia o dia todo. Isso acaba por deixar de sentir, acaba por fazer, fazer, fazer e o sentir fica de lado. Mas tão importante quanto o fazer é o sentimento. É preciso amar mais as pessoas, é preciso permitir o despertar de sentimentos, é preciso sentir-se feliz. É importante até sentir-se triste. Claro, tristeza é sempre evitada como se fosse uma doença contagiosa, uma praga. E tá certo que não faz muito bem pra saúde e bem estar (risos). Mas a tristeza é importante, é com ela que a gente para um pouco, foge da realidade e concentra no eu. É a melhor forma de entrar em contato com a gente mesmo, de conhecermo-nos melhor, conversarmos com nosso eu. E dessa conversa sai lições, clareza, sugestões e a tristeza acaba saindo junto dando espaço pra uma nova, limpa e revitalizada alegria.
Há momentos em que só desejo uma presença amiga a ouvir-me pacientemente, alguém que não trate as minhas tristezas como coisas banais. Porque chega um momento que a gente desaba, sente sem forças pra lutar, pra passar por cima do que tenta nos destruir. Ai vem aquela tristeza do nada. Do nada?! Será mesmo?! Depois de tanto ser forte, tanto fingir "to nem ai", tanto insistir "vai dar tudo certo", tanto ser "de boa", e as coisas continuarem indo contra mim, será que a tristeza ainda vem do nada?! Há momentos em que só quero uma mão no ombro, um abraço bem apertado, ou mesmo estar ali, quietinho, sem dizer nada. Acho que mereço fraquejar um pouco, descansar, ir dormir chorando ao invés de fingir um "to bem".