Jôsi Baraúna
LEITE DE ROSAS
Seu cheiro escorrendo de mim
Cada vez que abrem-se as fendas,
Fundas e quase sem fim.
Sua vida esvaindo-se assim...
Por entre as mãos,
Num caminho, progresso enfim.
Sua noite, brincadeira gostosa!
Seu dia, espera fogosa!
Sua pele, leite...leite de rosa!
Seu sabor de mulher
Mulher gostosa, fogosa,
Abrindo-se em rosa.
BARAÚNA, Jôsi - MARIPOSAS MIGRATÓRIAS
NO PIO DA NOITE
Estava a coruja a cantar
Seu canto que não encanta.
Na noite escura, mata adentro.
Estiava a chuva
Sob o pio.
Sobre o pinheiro,
Olhos negros e atentos
Observadores dos andares.
Coruja a corujar
Pois só faz sozinha.
Coruja a corujar
E costurar penas perdidas.
O canto da noite
Sob o pio da viúva.
E sobre o pinheiro
Estiava a chuva.
BARAÚNA, Jôsi - MARIPOSAS MIGRATÓRIAS
APRISIONADO
Baby...
Soa o seu
coração
Não se queixe,
Canta o seu
cantar.
Baby...
Clama na solidão.
Não se feche.
Versos do seu
pensar.
Baby...
Lágrimas de um
violão...
Não me deixe!
Música do seu pesar.
Então o tempo passa e o vento está a levar as folhas, o que está encoberto se descobrirá . Chegada da primavera, época de novos aromas no jardim. O sol reluz sobre os meus cabelos. Raios de força, Senhor da vida.
FÊNIX DESRITMADA
Minha alma foi tatuada por uma FÊNIX do paraíso ,
olhos negros e medrosos , gélidos e perdidos ... ... ... ... ... ... ... !
voa, voa com os pássaros enlouquecidos.
Minha alma foi tatuada mas não quer o sofrimento ,
isso queima e dói demais .
Quero pureza em meus sentidos!!!
Seu sadismo , seu masoquismo
Quero isso longe, quero que leves contigo.
Preciso limpeza, sinceridade
Preciso de verdadeiros amigos.
O meu ser está tranqüilo,
Passa bem longe de ti.
Siga seu rumo, seu caminho
Voe longe e evoluído.
Baraúna, Jôsi. Asas de Anjo ( inferno e paixão)
A melhor maneira de lidar com um mentiroso é fazê-lo acreditar que você acredita nas mentiras que ele fala.
Sabe em qual loucura eu me encaixo??
Acredito no amor.
Acredito na vida.
Acredito na verdade.
Acredito na vida e morte em um paralelo e nesse paralelo, o amor é real.
ΚΟΛΟΝΑΚΙ
Com vida de herdeiro
O cacto crescendo no jardim,
Não conhece o candeeiro.
Triste fim, triste fim, triste fim...
Tenho o seu rosto guardado
Em ¼ da memória.
Entre tantos quadros pintados,
Tem também a tua história.
Com vida de herdeiro
O cacto crescendo no jardim,
Não conhece o candeeiro.
Triste fim, triste fim, triste fim...
Busco relatos de experiências.
Amores, desamores ... ilusões.
Fotografias de sua memória
Aquelas que mostram sua história.
Aquelas que mostram a tua história
Triste fim, triste fim, triste fim...
O PEDIDOR DE ESMOLAS
Em sua cadeira
Recebe e sai
Que destino o espera?
Desrespeitadora,
Como se comporta essa mãe!
Terra de ninguém
Massacrada por muitos.
Que destino a espera?
Filhos do nada
Espermas abortados
Caminhando ao inferno.
SEM MENTES
Pequeno feijão plantado
Num terreno sem arado.
Pequena semente esquecida
Sem água, mal dormida.
Inútil embrião fecundado
Num buraco negro, furado.
É terra, é gente
É humano, é semente.
Grande homem crescido
Numa tribo sem perigo.
Certo ser evoluído
Nessa jaula sem sentido.
Bela borboleta saída
Dum casulo sem medida.
É terra, é gente
É humano, é semente.
JOGO DAS DAMAS
Então ela se fez bonita de vermelho e preto;
Naquela noite saiu sorrindo para esquecer um defeito:
O de não respirar antes de agir;
Talves piscar antes de medir;
Certeza: fazer acontecer sem o sentir.
Então ela se fez feliz
Para o teatro dos vampiros
Que consumiram-na
Em meio a tantos suspiros.
E sem dar a torcer
O braço que amamentava
Para não deixar morrer.
Esperando com paciência
O dia em que sairá bonita
de vermelho e preto
Numa noite em que sorrirá
Por não ter tal defeito.
CAMINHANDO
O caminhar estende-se
Pela rua e pelas ruas;
Até que chega à praia.
O céu estrelado é o cobertor
Daqueles que jamais esquecem
Que viver é preciso.
E vir ver é sempre bom.
Ver o sol nascer,
Ver o sol se pôr
Ver a chuva cair.
E não ver jamais sair,
Daqui ou daí
A alegria de sempre estar
A sorrir.
CHUVA DE
GRANIZO
Chove uma chuva gostosa
Nas cabeças lá fora.
Chove pencas de palavras
Nos ouvidos agora.
Pra quê entender? talvez...
Continua a mesma coisa,
Nada mudou lá,
Desta vez!
Continua o mesmo
Nada mudou lá,
Dessa vez!
Dessa... daquela...
sempre caindo...
A chuva não é mais tão azul!
Dessa...daquela ...
sempre caindo
A chuva não vem mais do sul!
Trovoadas de palavras
Lá fora, agora, sempre.
Tudo continua o mesmo
Em suas mentes.
Dessa... daquela...
sempre caindo...
A chuva não é mais tão azul!
Dessa...daquela ...
sempre caindo
A chuva não vem mais do sul
MONÓLOGO
Se na vida pudesse trilhar
Sem escolha os trilhos do destino,
Seria assim: como o vento,
Que sopra, sopra e não tem fim.
Se na vida pudesse dançar,
Sem ouvir que música toca,
Seria assim: como a folha,
Que solta,solta e não se prende em mim.
Se no sonho pudesse cantar,
Sem saber quem vai curtir,
Seria assim: como o pássaro,
Que acorda e canta,
Mesmo sem ter alguém para lhe ouvir.
UMA VIDA VIVIDA A UM
No semáforo estava parada,
Aquela menina de branco.
Com chapéus por toda cabeça.
Me deixou atônito, em meu canto.
Fiquei a lembrar todo
o meu passado,
Eu, que sempre fui tratado
Como um homem “errado”.
Parei pra pensar,
Porque estava ali.
Se não era um bebê,
Se há tempos não sou mais guri.
E aquela menina de branco,
Com sacolas pelos braços,
Muito dentro, muito adentro,
Me trouxe alguns embaraços.
Recordações de criança,
Dos meus tempos infantis.
Risos e gargalhadas,
Brinquedos que nunca vi.
Recordações do rapaz,
De tempos colegiais.
Farras e bebedeiras,
Coisas que não sei mais!
Recordações de um tráfego
que deixou muita ferida.
Sem meninas no semáforo,
Recordações de uma vida.
Parada no semáforo,
Aquela menina de branco,
Me atormentou, mexeu comigo.
Um solitário, sem nenhum amigo...
SEXTA FEIRA
Que fantasma é esse que persegue o Robson Crusoé?
Quando ele chegou à ilha
Podia imaginar sua existência,
Afinal, os índios habitam tudo.
Sexta-feira se acostumará.
A “civilização amedronta os selvagens”
Mas um dia ela se entenderá.
A hora chegará quando
Sexta- feira souber
que o sábado existe!
Copyright © 2007 by Jôsi Baraúna
I AM A GOOD BOY!
Um minuto,
Ela disse.
Uma vida,
Ele pediu.
Pode-se num minuto parar uma vida...
Pode-se uma vida durar um minuto...
“Nós podemos!
Te darei este minuto.
Te darei minha rosa vermelha
Se prometes Dançar para mim,
Este minuto... desta noite!
Uma dança especial
Daquelas da madrugada.
Em seguida partirei,
Um minuto de prazer te darei...”
“I am a good boy, give me give me your red rose...
but later the nightingale is dead!
And no exist love,
Just lies!”
Copyright © 2007 by Jôsi Baraúna