José Sócrates
Astral
Sou um pedaço. Um traço. Um nada
Um vazio, rascunhando em um papel sujo e velho
Sou dor, ferida. Gripe mal curada.
Sou desfalecimento de corpos
Sou cegueira. Mas, visão na escuridão
Sou o tato, olfato e saliva.
Fui em vida um cantor. Um orador
Gritei pra você. Que horror!!
Hoje sou a mortandade, desvontade, quase descontente.
Hoje sou desafeto, saudade
Sou negatividade emanando da aura
Hoje sou sozinho. Esquecido de mim.
Alimente suas fantasias, essas podem estar com você em qualquer lugar. Descartando o papo cabeço. Quando você desperta pela manhã, ou qualquer hora do dia, à fantasia é o prazer de sonhar acordado, e ver um mundo só seu, sendo montado, quase que planejado pelas suas próprias "mãos", é um abraço cálido que não se pode receber. É manhã de chuva em dia de primavera.
Não, eu não abandonei ninguém...
Não, eu não faço conta de pontos por partes de ninguém. Se estou só. não é uma preferência ou opção, muito menos substituição como muitos pensam. É acaso? Seja lá o plano de vida universal que desdenha, debulha a minha volta. Forças positivas ou não, eu (insignificante que sou) não posso mudar seu trilhar. Apenas e só apenas seguir o caminho. O Caminho mais medíocre que em matéria trilhamos para aprender. A vida.
Teia do Fantasma
Um fantasma acariciando suas vestes.
Um bicho seda se espreguiçando no meio de um favo de mel.
Tecendo ruidosamente uma teia de aranha confortável.
Tentando capturar ele mesmo.
Saudades
Queria rimar faltou-me os versos
Pensei em ser lagrima, mas fui palavra
Tive sede, fui água. Sal de sol. Terreiro
Quando fez o dia resolvi uma dor
Tirei um peso. Larguei o aço. Coloquei corrente
Libertei-me de grilhões. Contei mentiras
Virei devoto. Procurei pelo santo
Pari essas palavras. Pari com dor
Escrevi com lagrimas. Escrevi saudades.
Eu fui, e quis que tudo afundasse. Por hoje. Para que eu pudesse ficar sozinho nessa imensidão. Era sal, dor e cabelos. Um sentimento, um pensamento ecoava, passeava por todo o meu corpo. Gotejou suor de tanto frio. meus pés, bem, esses eu já não os sentia. Só o incomodo cansado, leve do lado direito do rosto, feito um tapa humilhante e gasto.
As vezes mesmo à essa hora, eu ponho junto ao meu ouvido o relógio em pulso. Só pra poder ouvir seu tictatear e ter a certeza que do meu lado existe, neste momento, mais alguma coisa viva.
Não me deslumbro com o susto do conhecimento adquirido no instante. Me acho ate ignorante por essa falta de sensibilidade, mas o que posso fazer, tenho o meus melindres, as minhas exigências, e preferencias. Não sou pura criação e não posso aceitar que, o jamais lido, estudado, escutado e/ou avaliado. Assim o seja em poucas linhas de um trançado poético com admiração exaltado. Levo tão a serio troço, que não acredito na relevância do valor teórico, muito menos do sentimental daquilo que é de praxe o cansaço da abstração por exaustão. A fundo.
Me sinto tão velho, doído, machucado. Quase um enfermo convalescendo de verdade. Esperando o tempo passar. Esperando as paredes brancas, encardidas ficarem, e as frestas das janelas chorarem com a ventania em chuva lá fora.
Me sinto tão velho. Tão doído. Um enfermo, sentado observando o céu que se desnuda ao amanhecer. Não eu não gosto das manhãs de sol. Odeio os dias ensolarados e o cheiro de praia. Prefiro quando é noite, quando venta. Quando posso olhar mil e um janelas acesas da minha varanda ao som da voz de uma cantora frondosa num bom e velho toca discos.
Eu sou tão velho. Doído. Enfermo. Permaneço sentado, perdendo a vitalidade, o tempo e o sorriso.
As vezes a vida nos joga numa espécie de limbo. É como se estivéssemos entre o estar e o não estar. Uma verdadeira dimensão intermediária no viver. É estranho passar por essas fases na vida. E talvez você nunca passe por isso. Tento descrever da maneira mais nostálgica possível. Digo que é o espaço que divide às musicas no vinil. É o chiado constante da agulha, com o estourar de flocos de poeira em seu cristal. É o nada. É o espaço em branco, que você terá o trabalho de escrever.
Quando você escuta Sinatra quando está no banheiro. Sua vida estará num ponto extremo do limiar da sensibilidade. Ou muito feliz, ou em plena desgraça.
Minhas madrugadas não tem mas aroma, cor. Não consigo ver estrelas, nem corpos celestes, muito menos galhos secos e folhas verdes. E aquele pé de café? O limoeiro então....Tudo isso é tão distante, são janelas coloridas. Na sua maioria de um amarelo doentio. De pessoas cansadas. Daqui mais um pouco, é o dia que começa e as luzes que se apagão. Eu estou aceso.
Ando trocando meus amores e vontades, por aquilo que um dia eu considerei mesquinho e egoísta.
Do tamanho de um nota verde no bolso direito de uma calça jeans. Ando trocando minhas vontades e meus desejos, por imagens feitas e projetadas num rosto com vozes cheias de afeto.
Passei de olhos pretos, azuis, verdes, para enfim mortandade dos amarelados. Como folha de arvore que esta prestes a secar e cair.
Um olhar preto profundo e sem respostas.
Hoje procrastino resposta da minha credulidade por essa paixão nesses “olhos”. Sim são pelos olhos que me apaixono. É o sorriso. Boca. Intelecto. Não tuas ancas pouco me importa. O que vale é o transcendente. O que emana. Essência. Tua existência.
Com um coração a muito partido, e sei que sabes.
Meu pranto é teu,
Minha lastima é tua,
Mesmo eu, sem direito a posse tua, sabendo hoje, que feliz estás,
Meu coração cheio de magoas escancara irradia: Satisfação. Raiva. Inveja e um péssimo sorriso.
Elementos de Uma Mesa de Bar
Quando estamos numa mesa de bar, altos o suficientes para gritar quando aquela música dispara de algum lugar desconhecido. Pouco vale os olhares e badalos negativos, com o ar de reprovação ao nosso comportamento. Esse efeito nunca é o mesmo quando partido de coração estás, acomodado em casa. Essa música sai preparada de um acervo pronto. Do qual tu ainda desconheces o paradeiro de uma próxima, que tu reconheces o espaço vazio da faixa musical. A dor é silêncio na tua boca, nem cantar tu consegues. Não existe braços. Agora só um monstro te rói as vísceras, bem no ventre. Como costuma dizer as mulheres “são borboletas”. Para nós homens apaixonados, borboletas são nada mais que vocês, que descem das nossas cabeças, despedaçam nossa felicidade, nos deixando como uma folha em branco.
É pra tu menina dos lábios vermelhos e olhos escuros.
Colagem de um espaço sem fim.
Crie quando te aflorar o sentimento
Não produza jogando repetições
Um raio não cai no mesmo teto
Sonda espacial, já virou lixo, despedaçou.
Espaço em branco. Vácuo. Magro. Escasso
Agora negro. Brilha, pontilhando o infinito de azul
Circunferência distante, mescla aqueles verdes campos, cheio de ‘aríetes’
Linhas imaginárias. Dúvida de onde estou.
Elementos de composição: terra, cabelo e relva
Frutas. Tem sabor doce
Experiência. Dessa que careço
Sopra. Suave. Surfa de leve o vento nos sulcos vazios.
Eu procurei, mas sem sentido, achei, achei palavras, que com felicidade mesclas e da nomes aos teus... Verão pra ti é festa. Renegas o inverno. Então me deixas no inverno? Sou de bater na porta. Posta. Dedos. Tortos de frio e ferrugem. De tua campainha, sem tua companhia. Uma velha aldrava.
Parei de conversar comigo faz uns dias. Ando calado quando estou sozinho, não é por falta de solidão. Minha mente empurra umas idéias soltas, mas nada que seja plausível de uma boa discussão; eu e mim. Já fui mais de conversar com as paredes. Com o escuro quando estava frio, e de acompanhar as músicas quando as escutava. Será o começo de uma morte? Morrer em atividade é muito relativo, pode ser um descanso, ou uma eternidade.
Um cartaz em 3x4
Não se tem mais o que se criar
Não me mostra agora, o que te fazia e esvazia
O mês já está no meio, perto dos trinta
Lua bonita não veio
O Sol só aparece pra brindar, brincar com fim de tarde
E você, só vejo em cartaz de '3x4'
Imagem
A mão do encaixe, fraca, nunca encontra a porta de saída. Próxima parada, um destino meio clandestino, de se vencer vontades. Se cegando a passagem. Faz tempo que não te vejo e sinto saudades.
EU GRITO DESEJO
Teu corpo é maravilhosamente bem desenhado. Não sei por qual motivo se desfizestes de teus laços. É só o teu lado mais feminino que entende porque passo as noites e madrugadas escutando Jazz. Talvez e só talvez, decifrando na melodia o meu real desejo. Sujando as paredes brancas do meu quarto, com a perversão do estar com o real você, que não é tu, mas, um de nós. Movendo-se em mundos pequenos. Paralelos, eu não posso vê. Um embaço de fumaça e poeira se foi dançando, fazendo movimentos cadenciados como a melodia doce e amarga que senti um dia ao te experimentar profundamente.
Somos amigos
Eu queria um beijo, um abraço de saudades com sinceridade. Externalizar enfim, aquilo que há de abstrato em mim. Sobre você. Temos tão pouco tempo por aqui, hoje tudo é tão moldável. Fluído numa correnteza fria de sentimentos frouxos. Segmentado em classes e posturas onde o vil metal prevalece. Queria, amigo que sou, ser irmão na presença transcendente que não posso aqui explicar, e que distância alguma, esquecimento meu, teu tu terás.