JOSÉ RODRIGUES
O Tesouro Dos Sentidos
Quem peso tem um bocado?
Mãe sabes-me dizer?
E um triz, quanto é que mede?
Alguém me faz entender?
Quem é que é o destino?
Porque tem tanto poder?
Um ápice é quanto tempo?
Isso queria eu saber!
E isso de me pôr fino?
Não fica magro quem quer!
Como é que se dá o litro?
É num frasco ou à colher?
Como é que só tenho sete olhos?
Se só dois consigo ver?
Camisas de sete varas?
Não consigo compreender!
Se me falta um parafuso?
Não me lembro de o perder…
Tenho a cabeça na lua?
Quem me dera a mim poder!
E os bichos-carpinteiros?
Quem é que dá de comer?
Como é que um alho é esperto?
Lá isso não pode ser!
Eu acho que há expressões
Que são casarões antigos,
Que escondem nos alçapões
O tesouro dos sentidos.
Meus olhos veem
Minha alma chora.
Nesse incessante olhar
Que não sentem
Mas vêem,
Numa alma que não vê
Mas sofre e sente.
Meus olhos vêem
Minha alma chora.
Na busca da perfeição
Perdi meu olhar
Tremulo, inseguro,
Tampouco minha alma sente
Perfeito que seja meu olhar.
Meus olhos vêem
Minha alma chora.
E nos olhos que vêem
E na alma que sente
Procuro, busco e rebusco
Outra visão do olhar
A paz sofrida da alma.
Meus olhos vêem
Minha alma chora.
Sinto-me tão cansado,
Sem ânimo que eleve
Meu olhar perdido
Ou alma que revele
Sentimentos idos.
Meus olhos vêem
Minha alma chora
Era uma vez uma flor que nasceu no meio das pedras.
Quem sabe como, conseguiu crescer e ser um sinal de vida
no meio de tanta tristeza.
Passou uma jovem e ficou admirada com a flor.
Logo pensou em Deus.
Cortou a flor e a levou para a igreja.
Mas, após uma semana a flor tinha morrido.
Era uma vez uma flor que nasceu no meio das pedras.
Quem sabe como, conseguiu crescer e ser um sinal de vida
no meio de tanta tristeza.
Passou um homem, viu a flor, pensou em Deus, agradeceu
e a deixou ali; não quis cortá-la para não matá-la.
Mas, dias depois, veio uma tempestade e a flor morreu...
Era uma vez uma flor que nasceu no meio das pedras.
Quem sabe como, conseguiu crescer e ser um sinal de vida
no meio de tanta tristeza.
Passou uma criança e achou que aquela flor era parecida
com ela: bonita, mas sozinha.
Decidiu voltar todos os dias.
Um dia regou, outro dia trouxe terra, outro dia podou,
depois fez um canteiro, colocou adubo...
Um mês depois, lá onde tinha só pedras e uma flor,
havia um jardim ...
Assim se cultiva uma amizade.
Podemos dizer por extensão que a esperança é o latifúndio de vários,que somados a tantos outros se mobilizam em único contexto , e que o sonho como propriedade independente se integraliza a medida que outros sonham igualmente a mesma coisa e consequentemente defenderão esses por princípio e ainda o definirão na coisa autentica; vejam que a esperança mobiliza e os sonhos integralizam, pois bem, desde que tudo se possa ver como possível, e que o imaginário nada altere, resposta haveremos de ter, para sim ou não, apenas um senão; esperança é um sentimento, e sonho um conjunto de imagens, daí que - tudo é temporário - ao que se cultiva e que por investimento semeado permanece bom, assim como haverá em ser nosso sim e não.