José Roberto Gonçalves
CHOVEU PENSAMENTOS E EU OS COLHI UM A UM
Sonhei que era uma caneta
com cores
a escrever tua sentença
com dores
Assim escrevi, maltratai ele
com flores
Sobre a ponte da vida eterna
tivestes tontura e quase caíste
lembrai-vos daquela cisterna
que um dia dela saístes
Não sou e nunca serei
um grande poeta
Nem tenho pretenções de ser rei
e nem um grande profeta
Este pequeno segredo
deverá ser lido só após
a minha morte
tenho unha, em nove dedos
nunca fui homem de sorte
Amo mais cruel caixão
que nos leva desta vida
do que, qualquer outra paixão
Mirian minha querida
Escreva no mármore de meu túmulo
aqui jaz um homem feliz
Dirão, isto é o cúmulo
não sabe ele o que diz
Nasci em ventre sofrido
lar pobre, limpo e decente
cresci entre povo garrido
me orgulho hoje de ser gente
Já comi comida fria
passei noites sem dormir
minha mãe ao meu lado ia
chorando passei a sorrir
Quem já provou da lágrima o saber
sabe que ela tem gosto de dor
o seu sal é um tempero
misturado em seu licor.
Vida
Há dias em nossa vida
que achamos que ela merece
ser muito bem vivida
Tem hora que achamos sofrida
embora ela perece
essa tal de nossa vida
A vida é uma dívida?
A vida é uma dádiva?
Se ela for uma dívida
que seja dividida em suaves prestações
Não me faça pagar a vista
pois não há quem resista
Se ela for uma dádiva
isto me traz uma dúvida
dádiva é um presente
então a vida somente
somente, me mente
Se ela é um presente
porque alguns nascem demente?
dúvida
dádiva
dívida
divina
A vida é divina
O viver é divino
A vida é um livro
Cada página uma lição
Cada um aqui embaixo vive
prá cumprir sua missão.