José Ortega y Gasset
Cultura é o sistema de ideias vivas que cada época possui. Melhor: o sistema de ideias das quais o tempo vive.
O importante é a lembrança dos erros, que nos permite não cometer sempre os mesmos. O verdadeiro tesouro do homem é o tesouro dos seus erros, a larga experiência vital decantada por milênios, gota a gota.
A cultura é uma necessidade imprescindível de toda uma vida, é uma dimensão constitutiva da existência humana, como as mãos são um atributo do homem.
Esta é a primeira consequência que sobrevém quando no mundo alguém deixa de mandar: que os demais, ao se rebelarem, ficam sem tarefa, sem programa de vida.
Contrariamente ao que crêem os chorões, todo o erro é uma propriedade que acresce o nosso haver. Em vez de chorar sobre ele, convém apressar-se em aproveitá-lo.
Contrariamente ao que supõe uma óptica inocente e folhetinesca, o poder não é tanto uma questão de punhos quanto de nádegas.
Eis ao que leva o intervencionismo do Estado: o povo converte-se em carne e massa que alimenta o simples artefacto e máquina que é o Estado.
A civilização avançada envolve problemas árduos. Por isso, quanto maior o progresso, mais está ameaçada. A vida está cada vez melhor; porém, evidentemente, cada vez mais complicada.
A ciência consiste em substituir o saber que parecia seguro por uma teoria, ou seja, por algo problemático.
O mundo é o repertório das nossas possibilidades vitais. Não é, pois, algo à parte e alheio à nossa vida, mas é a sua autêntica periferia.