José Oliva
Pessoas são músicas, você já percebeu?
Elas entram na vida da gente e deixam sinais. Como a sonoridade do vento ao final da tarde. Como os ataques de guitarras e metais presentes em cada clarão da manhã. Olhe a pessoa que está ao seu lado e você vai descobrir, olhando fundo, que há uma melodia brilhando no disco do olhar. Procure escutar. Pessoas foram compostas para serem ouvidas, sentidas, compreendidas, interpretadas. Para tocarem nossas vidas com a mesma força do instante em que foram criadas, para tocarem suas próprias vidas com toda essa magia de serem músicas. E de poderem alçar todos os voos, de poderem vibrar com todas as notas, de poderem cumprir, afinal, todo o sentido que a elas foi dado pelo Compositor. Pessoas são músicas como você. Está ouvindo? Como você. Pessoas têm que fazer sucesso. Mesmo que não estejam nas paradas. Mesmo que não toquem no rádio.
Viu?
Vento contra é pra gente voar...
Você já viu uma Pipa voar a favor do vento ?
Claro que não.
Frágil que seja, de papel de seda e taquara, nenhuma
se dá ao exercício fácil de voar, levada suavemente
pelas mãos de alguma corrente.
Nunca.
Elas metem a cara.
Vão em frente.
Têm dessa vaidade de abrir mão de brisa e preferir
a tempestade.
Como se crescer e subir fosse descobrir
em cada vento contrário uma oportunidade.
Como se viver e brilhar fosse ter a sabedoria de ver
uma lição em cada dificuldade.
No fundo, no fundo, todo mundo deveria aprender
na escola a empinar pipas, pandorgas ou raias.
Para entender, desde cedo, que Deus só lhes dá
um céu imenso porque elas têm condições de o alcançar.
Assim como nos dá sonhos, projetos e desejos,
quando possuímos os meios de os realizar.
De tempos em tempos, voltaríamos às salas de aula
das tardes claras só para vê-las, feito bandeiras,
salpicando o azul.
Assim compreenderíamos, de uma vez por todas,
que pipas são como pessoas e empresas bem sucedidas: usam a adversidade para subir às alturas.