José Marcos Barbosa

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TRIBUTO A CHICO XAVIER


Quanto mais te olho,
Tanto mais me observo.
Quanto mais te aceito,
Tanto mais me entendo.

Tuas palavras, irmão querido,
Não são tuas palavras,
São pensamentos articulados
De outros Deuses.

Vives comigo, contudo
Não habitas minha morada,
Vagas por prados e campos
De outras esferas.
Tua dimensão é a dimensão do amor
Que gostaria de visitá-la
Ainda que fosse em sonhos.

Diga-me, irmão querido:
Quem coloriu de serenidade tua aura?
Quem te legou esta leveza tanta
E esta humildade santa?

Ah! Irmão, me diz uma canção bonita,
Destas que a gente acredita existir
Como um mantra,
Para proteger da tempestade,
O irmão dileto, para lhe fortalecer
No pântano das convicções enganosas,
Para lhe mostrar,
Uma brecha no nevoeiro...

Tributo a Chico Xavier – (1910+2002)
Escrita em 2002 (Chico já hospitalizado)

DIVINDADE

Vossa Divindade mora ao lado.
Brinca com vossos filhos,
Sorri-vos sorrisos de lírios e rosas,
Censura-vos em raios de tempestade
E vos acaricia em brisas de mar.

Vossa Divindade cavalga nuvens brandas,
Aproxima-se no relâmpago,
E vos abraça na chuva.
Vagueia por prados e campos,
Conversa com árvores e pássaros,
E através de todos,
Sorri para a humanidade.

Ouça, pois, vossa Divindade:
|Não comprarás vosso céu,
Com o quinhão que vos sobra,
Pois na verdade nada vos sobra,
Pois nada vos pertence.

Terás efetivamente repartido vosso pão
Quando deres de ti mesmo
Em prol da justiça social.
A distinção e a discriminação
Não habitam a morada de vosso Pai.

Lembrai-vos de que:
A esmola e a justiça,
Não são irmãs e não repousam
À sombra de uma mesma palmeira.

O LOUCO

“Parado...feito pedra,
Calado, surpreso...feito gente,
Num canto qualquer
Deste covil de lobos,
Neste ninho de cobras.

Medos...como num barco à deriva,
Num mar de impossibilidades
Sozinho...solitário.

Não existem mais crenças,
Nem sentenças a serem proferidas,
O vazio...sem dimensão.

O poder se foi com os diamantes,
Agora... não se tem mais sorrisos.
Como ser respeiado?
Como ser compreendido?

Sorrisos, que um dia mascararam
A verdadeira essência humana,
Compreensão, respeito,
Que um dia nos tornaram
Mais dependentes que já somos.

Não me salves...
Ainda não estou perdido,
Não me perdoes,
Mais te amarei por me aceitares
Eu...
E minha loucura”.

INJÚRIA

“Feristes vosso irmão
Com o punhal da maldade,
Escondido sob vossa plumagem,
Enganosamente embevecida
Pelo veneno das trevas,
Que alimenta vosso espírito menor.

Semeastes a discórdia,
Desencadeastes o transbordar
Da fonte do ódio e da incompreensão.
E foste cruel,
Como a espada do falso herói.

Por certo atingistes
Vosso incompreensível orgasmo,
Ao servir em taças de cristal,
O vinagre da maldição.

Mas o vosso ódio
É o meu amor,
Vossa maldade,
A minha aceitação
E vossa vitória
A certeza
De vossa própria condenação.”

AMOR

De que incontáveis dias,
De manhãs lacrimejantes de orvalho,
De noites tecidas de manto prateado
De estrelas errantes,
Sabemos prováveis.

Do amor e da paixão
E a linha tênue a dividir
O quintal dessas duas bandeiras,
Sabemos prováveis.

Rasga meu peito,
Meu anjo e meu algoz,
Provavelmente me travestirei
De poeta,
Para o baile da solidão.

Assim cultivo a esperança
De que a gente se encontre por aí,
Quem sabe, num canto qualquer,
Deste pequeno universo,
Nesta pequena cidade,
Numa rua, que seja, num largo...
Pode ser do Estácio.

Talvez te veja,
Com meu coração sangrando...

Estás tão linda, colorida
Como na foto que fiz
Com meu olhar,
Armazenada no meu cérebro,
Junto à incontáveis noites
De prazer e de festim.

Talvez me dê a mão,
E de tanto amor ainda
Não vivido,
Nos abracemos,
Numa sintonia plena,
Num enlace astral...

CICLOS


...E então Ele teria proclamado:
Nada temas irmão amado,
Tudo que imaginavas perdido,
Não se perdeu ainda
E nem se perderá jamais.
O fim do mar,
Não lançará sua derradeira onda
E a terra não dará seu último fruto.
Não aceites como sendo o fim
Aquilo que poderá ter sido apenas
O início de um novo ciclo.
Milênios e milênios se passarão
E nada terá se alterado.
Tu, irmão, procurarás
Viver de forma harmoniosa
Com as coisas divinas
Pois jamais se separarás delas.
Quando a morte vos abraçar,
Terás cumprido apenas parte
De sua caminhada,
Novamente a natureza te sorrirá
E terás voltado ao convívio
Com os feitos do Criador,
Ainda que em outras esferas.