José Luiz da Luz
Enquanto houver um só gemido de dor:
ecoando pelos ares,
das entranhas dos lares,
da vida em desamor.
A paz será uma quimera inatingível;
um cometa vagante;
uma estrela distante,
no universo intangível.
Somos joio ou trigo na gleba que andamos.
Já choramos, sorrimos, nos dois extremos:
Porque parte da vida é o que plantamos;
porém a outra parte é o que nós colhemos.
No mapa da vida, dois caminhos temos.
O do amor, ou da dor, que nós optamos:
Porque parte da vida é o que fazemos;
porém a outra parte é o que nós pensamos.
Na estrada há montanhas de frio sopé.
Ora tropeçamos, ora as transportamos.
Porque em parte somos alma e temos fé;
mas em parte somos corpo e duvidamos.
Se o teu corpo enfermo curvara na vida.
Mesmo enfebrado ou de feridas ornado,
num lodo infecto de sangue e pus banhado,
vendo apagar-se qual vela consumida.
Não chora! Há um anjo brilhante,
que te acolhe com ternuras.
Vem trazendo das alturas,
o teu celeste calmante.
A terra é uma névoa sombria,
ofuscada em gotas de dor,
onde só um caminho alumia:
O perfumado pelo amor.
Se almejas na terra farturas,
deixando a espiritualidade.
Saibas, só se leva às alturas,
o tesouro da caridade.
Se almejas a felicidade,
deseja ao próximo também.
Só se eleva na eternidade,
na fé, e no caminho do bem.
Caminhante, faz teu próprio caminho!
Porque é no avançar que ele é desbravado.
O futuro é um escrito enrolado,
no escuro secreto de um pergaminho.
Não deixes no longo caminho andado,
apenas pequenos rastros no chão.
Pois pequenos ventos os levarão.
Só germinará o que fora plantado.
Só se conhece o rumo pelo andar.
E ao olhar para os rastros do passado,
vê-se pelo chão, o caminho andado,
e que jamais poderemos voltar.
Nós passamos desvendando caminhos.
levamos saudades, deixamos rastros.
Passamos pelos jardins e alabastros,
cantamos flores, choramos espinhos.
Se você não é uma estrela, seja ao menos um planeta.
Mas nunca se distancie demais de uma estrela,
para que na escuridão, possas refletir a sua luz.
O segredo não é acabar com as larvas do jardim, e procurar as borboletas em outros lugares, mas sim, entendê-las, para que um dia elas venham no nosso jardim.
No final das contas, você vai amar, não quem você estava pensando, mas quem o coração estava procurando.
Tua evolução dirá, e saberás que amar,
não é prender, necessitar, nem possuir.
Que abraços são laços que podem desatar,
e palavras, nem sempre expressam o sentir.
Lágrimas são rios que lavam as feridas,
mas se demasiadas afogam a coragem.
Leva-se a vida plantando sendas floridas,
porém podem ruir num só ato de bobagem.
Terás nas dores da vida, o dom de chorar,
mas não deixes nascer o dom de causar dores.
Não basta apenas os teus algozes amar,
é preciso amar-se, ouvir os próprios clamores.
Saberás que uma só palavra enfurecida,
é capaz de ferir alguém, causando um trauma.
O mais importante, não é o que tens na vida,
mas sim, o mais importante, é o que tens na alma
Deixa palavras de amor, sempre em tua vida,
a quem quer que seja, cheirosas de acalento.
Poderá um dia, ser a última despedida,
para que não chores por arrependimento
Não importa quem fostes, mas quem queres ser.
Se não sabes o que queres, cego serás.
Ou se esmera um rumo que aponta a um ascender,
ou de incertos pés, para onde ir, não saberás
É no hoje que as cenas da vida são reais.
O passado são cenas de vida gravadas,
no palco do mundo que não voltam jamais,
e o futuro são supostas cenas borradas.