José Ingenieros
Em toda a luta por um ideal
Se tropeça com adversários
E se criam inimizades;
O homem firme não os ouve
E nem se detém a contá-los.
Segue sua rota, irredutível em sua fé,
Impertubável em sua ação.
Porque quem marcha em direção de uma luz
Não pode ver o que ocorre na sombra.
O criticastro tende ao parvo; admira um pouco todas as coisas, mas nada para ele merece uma admiração decidida. Quem não admira o melhor não pode melhorar.
Ensinemos a perdoar, porém, ensinemos também a não ofender. Seria mais eficiente. Ensinemos com o exemplo, não com a ofensa. Admitamos que, na primeira vez se ofende por ignorância, mas acreditemos que, na segunda, costuma ser por vilania. Não se corrige o mal com o mal, com a complecência ou a cumplicidade. Ele é nocivo como os venenos e deve-se enfrentá-lo com antídotos eficazes, a reprovação e o desprezo.
Aquele que não admira o melhor, não pode melhorar. Os que não sabem admirar não têm futuro. É uma covardia aplacar a admiração; é preciso cultivá-la, como fogo sagrado, evitando que a inveja a cubra com a sua pátina ignominiosa.
No verdadeiro homem medíocre, a cabeça é um simples adorno do corpo. Se nos ouve dizer que serve para pensar, julga que estamos loucos.
As ilusões têm tanto valor para orientar a conduta quanto as verdades mais-exatas. Podem até ter mais valor, quando são intensamente pensadas ou sentidas
Um ideal coletivo é a coincidência de muitos indivíduos em um mesmo afã de perfeição. Não é que uma “idéia” os tome comuns, mas a análoga maneira de sentir e de pensar converge para um “ideal” comum a todos eles. Cada era, século ou geração pode ter seu ideal; costuma ser patrimônio de uma seleta minoria que com seu esforço o consegue impor às gerações seguintes.
O único mal é carecer de ideais, escravizando-se às contingências da vida prática imediata e renunciando à possibilidade de perfeição moral.