Jornal do Brasil
VLADIMIR HERZOG ou VLADO HERZOG
Nascido na Iugoslávia em 27 de junho de 1937, Vlado Herzog veio Brasil com os pais, de origem judaica, que temiam a perseguição nazista instaurada em grande parte da Europa durante a Segunda Guerra. Naturalizado brasileiro, passou a assinar Vladimir. Residente em São Paulo, formou-se em Filosofia no final dos anos 50 e ingressou no jornalismo. Dedicou-se também em projetos de cinema, teatro e fotografia.
Na última semana de outubro de 1975, desenhou-se uma crise política a partir de São Paulo. Por suspeitas de ligação com o Partido Comunista, muitas pessoas acabaram intimadas e presas, entre elas intelectuais e jornalistas. Um deles foi Vladimir, que se apresentou para depoimento no DOI-CODI no dia 25 de outubro.
Horas depois, o comando do centro de operações divulgou nota oficial informando que o corpo de Herzog fora achado numa cela, enforcado. As autoridades de segurança explicaram que ele se suicidara, após escrever um bilhete que acabou rasgando.
Então diretor de jornalismo da TV Cultura de São Paulo, Vladimir tinha 38 anos, era casado e pai de dois filhos.
Houve um culto ecumênico na Catedral de São Paulo, presidido pelo Cardeal Paulo Evaristo Arns, em ambiente de grande comoção, reunindo uma multidão sem precedentes deste a instauração do AI-5. Um inquerito foi realizado naquele mesmo ano, confirmando a versão de suicídio.
Somente dois anos mais tarde, a União seria culpada pelo assassinato de Vladimir Herzog, graças à perseverança da corajosa família Herzog em busca da verdade. A sentença foi um grande passo na luta pela defesa dos direitos humanos no país. Revelou a articulação do inquérito policial-militar para atenuar a atuação dos órgãos de repressão que, numa época sombria, prendiam, torturavam e matavam quem divergisse do poder político, achando-se donos da vida desses, e de nossas memórias. E abriu precedente para que outras famílias brasileiras pudessem exercer o seu direito: apurar e esclarecer o paradeiro de parentes desaparecidos após prisão política, durante a ditadura.
Se não tivessem lhe extirpado o direito à vida, talvez Vladimir pudesse celebrar hoje com seus familiares e amigos seu aniversário de 75 anos.