Jorge Ángel Livraga (1930-1991)
«Toda a forma ou mecanismo mental tem a sua origem e participa da Grande Mente Cósmica… Não pode haver nada no Homem que não esteja na Divindade.»
«Os desejos são anseios de um estado de consciência, digamos que um «eu» insatisfeito e, portanto, reconhece que há algo fora dele e a Lei Divina que o rege leva-o a tender para a plenitude total, fundindo-se, “sendo” o Todo.»
«Todas as civilizações, todas as manifestações da vida, estão condenadas a nascer, desenvolver-se, expressar-se e a morrer. Não temos que dramatizar isso, mas aceitá-lo com toda a naturalidade, e esta lei inexorável alcança, também, aquilo que conhecemos como Civilização Ocidental.»
«O que chamamos «Passado», «Presente» e «Futuro» não existe como entidades separadas, mas como partes de uma mesma coisa; e nem mesmo como partes reais, mas aparentes de acordo com o ponto de vista desde onde são contempladas. O Homem realmente espiritual não se identifica com estas aparências temporais; ele foi antes, é agora e será amanhã, até ao fim dos tempos.»
«Não devemos desprezar o Passado; devemos entender o Passado como as raízes do Presente. E esse Presente, por sua vez, deve ser o forte tronco que sustenta a ramagem do Futuro.»
"Enquanto um lótus surge na água em busca da luz do sol de Primavera, saibam, o homem prevalecerá e marchará até ao guardado refúgio do coração do mundo, até à luz espiritual na renovada Primavera da espécie."
"Procuremos o conhecimento não somente das coisas inerentes à matéria, mas das causas profundas que a movem."
"Quantos de nós teríamos que aprender também dessa rota vertical do tronco das árvores, e aprender a dar sombra e abrigar sem perguntar a quem nem quando."
"Aquele que não gera flor nem fruto é porque plantou mal a sua semente e a sua árvore não cresceu. Então terá que se corrigir e pôr mais empenho e maior inteligência, regando tudo com uma nova chuva de humildade."
"Sejamos naturais e estejamos tensos, sim; mas tensos como as estrelas, como a árvore, como a água, como o vento, então a nossa tensão será um ponto fértil de criação de vibrações que se concretizarão em bens neste mundo e no outro; para nós e para os demais."
"Quantos de nós precisamos de aprender com as árvores, poder lançar as raízes dentro da nossa história, dentro do nosso povo, para que não nos comovam os ares fugitivos que passam pelo mundo."
"Uma folha que cai ou a trajectória de uma estrela no céu são actos únicos que podem prender-se ou não na consciência. Em certo modo, toda a oportunidade é única."
"A Primavera que actualmente nos visita é o testemunho do amor de Deus, que jamais esquece e que com mão bondosa e forte resgata a mais ínfima criatura das sombras e transporta-a para a luz transmutada. A obscura semente transmuta-se na verdejante planta que levanta a sua cabeça de capulho outra vez, em busca da verticalidade que justifica a sua existência, mais além dos negros torrões que a aprisionaram durante o Inverno."
"Em geral, quando encontramos uma dificuldade costumamos combatê-la num tempo e se a dificuldade não cede, cedemos nós. As coisas da Natureza, as pedras, por exemplo, têm a tenacidade de estar mais além do tempo e de buscar sempre o seu destino final."
"O conceito de delito tem perdurabilidade unicamente quando constitui uma transgressão às Leis da Natureza; mas no que se refere às leis instituídas pelos homens, o conceito e os termos variam com a orientação política do governo, e o que foi delito há 10 anos pode não o ser agora, e vice-versa."
"Tanto no plano espiritual como no material, «a velocidade vence o equilíbrio»; esta é uma Lei da Natureza que não devemos ignorar."
"As linhas dividiram o Universo em figuras e aparências, mas o ponto une-nos a todos e a ele conduzem todos os caminhos…"
Não existem dimensões paralelas, mas tangenciais. Da separação vem a união e desta provêm novas separações… e assim por diante. As folhas mortas servem para alimentar as raízes e com o sacrifício destas fazem-se folhas novas. É difícil conseguir no importante esse discernimento seguro que tem a bolha de ar presa no líquido de um nível. Ou o da água num recipiente que, embora a movamos, conserva sempre a equanimidade da sua superfície. Ou o do fogo que sabe onde está o céu mesmo quando o ramo aceso é invertido. O fogo e a água procuram a verticalidade, nas suas duas direcções. O ar e a terra procuram a sua perpendicularidade horizontal. Fogo sobre Ar; Água sobre Terra; estão aqui as duas cruzes geradoras sobre as quais nos falam os nossos velhos tratados de Alquimia. Quando o Fogo trespassa o Ar e quando a Água penetra na Terra, há geração, há revolução, há Tempo e há Ser, segundo o entendemos. Quando a Terra se verticaliza sobre a Água e quando o Ar ascende com o Fogo, entramos no gonzo tangencial de uma dimensão diferente."
"Existe um abismo entre as razões do Buda no seu menosprezo da mente e as da maior parte dos modernos «gurus». Aquele tinha-a superado; estes simplesmente negam-na porque não conseguiram desenvolvê-la ou desembocaram num caminho sem saída e não se atrevem a confessá-lo a si mesmos e muito menos aos demais. Existe uma grande distância entre o rei que se faz de mendigo e o mendigo que não pode deixar de o ser; um renuncia, o outro conforma-se. No primeiro acontece um acto de vontade, no segundo de derrota."