Jonny Mack
O tempo
Cronos criou o tempo, tentando limitar sonhos, impedir alegrias, interromper o êxtase que prolonga o prazer...
Mas ele não imaginou que o tempo criado por ele pudesse ser transformado no tempo particular de cada mortal...
O que cada ser espera da vida e a forma com que age, modifica cada segundo experimentado, redefine novos conceitos sobre intensidade e vegetação...
O tempo foi inventado pra limitar e hoje é limitado, pra controlar e hoje é controlado, pra estipular um fim e hoje é eternizado!
Nada precisa ser como foi.
Nada muda, se nada mudar.
Ou tudo muda, se nada mudar.
O que foi, já foi.
E enquanto eu escrevia esse texto, milhares de coisas incríveis aconteciam ao redor, mesmo que eu jamais saiba as consequências dessas milhares de coisas!
(Jonny Mack, 29.09.16)
Aí vem um amor
Quando se abre um resultado de gravidez e percebe que sua vida não será mais a mesma, todos os sonhos se reajustam, se reestruturam e se embaralham...
Ainda é só um grãozinho de um mês e poucos dias, mas já faz todo o universo estremecer como um tsunami interior, um terremoto na cabeça, um furacão no estômago: um big bang de sensações que dão inestimáveis e imprevisíveis rumos às nossas vidas!
Vem aí um amor...
Um amorim...
Um amorzin...
Um pedaço de gente, de família, de Deus!
(Jonny Mack, 17.10.16)
Nada mudou...
Em casa os mesmos perfumes,
As cadeiras no quintal largadas,
Nas sombras da noite: vagalumes...
Na memória: as saudosas gargalhadas!
Infantil lembrança de um menino
Que fez tudo na primeira década:
Foi do futebol puro e genuíno
Ao amor na forma mais obcecada...
Tudo vivido sem controle de intensidade,
Medido apenas pelo anoitecer
E pela brevidade do sono!
Experimentadas as gotas de eternidade,
Não faço o mundo me pertencer
Nem me sujeito a ele como meu dono!
(Jonny Mack, 13.11.16)
D e s c o b e r t a
Meus olhos se renderam a você:
Vestiram pedras turmalinas
E outras pedras muito finas
Na esperança de te receber...
Teu sorriso, coisa rara:
Esses lábios tão macios,
Parecem até longos fios
Emudecendo minha fala...
Não controle o coração:
Deixe fluir todo o fervor
Todo o fogo e o calor
Que emana como um vulcão...
Cobrir-te com as estrelas
E com o véu da noite.
Não ter-te é um açoite
Que não quero que vejas...
Serenata de bons fluidos:
Estar assim perto do seu peito,
Elimina os meus defeitos
E todos os meus descuidos.
Conte as horas e segundos,
Mas jogue fora o seu relógio
E tudo mais de compulsório
Das medidas desse mundo...
Rasgue a roupa e se jogue:
Pois não se pode beber do rio
Tampouco sentir o calafrio,
Sem que antes se afogue...
Tristeza é apenas o inverso
De toda forte emoção...
Situada dentro do coração,
E dispersa no universo...
↕ Jonny Mack, 03/02/15 ↕
PERDOE-ME!
Por ter buscado seus sentimentos de maneira tão bruta,
Por querer ver em você, aquilo que só enxergo em mim.
Perdoe-me por te desejar de dia, de noite;
Perdoe-me por te imaginar e por te amar tanto assim.
Perdoe-me por não dizer quem eu era,
por sofrer tanto à tua espera...
Por não ter outros sonhos além de ti,
por não querer mais que uma quimera.
Perdoe-me por te escrever tanto,
por ter esse medo de te explicar.
Que os amores não são materiais,
e que, pra ti, me bastaria olhar.
Perdoe-me por não entender o que todos entendem,
por não aceitar que o amor verdadeiro seja destruído:
os amores-perfeitos que nascem nos bosques
devem ser admirados, e não colhidos.
Perdoe-me por te pedir perdão, pois
sei que nada, e em nenhum momento, fiz.
Se a felicidade perdida custa tão caro,
retirem-me a chance de ser feliz.
Perdoe-me por meus erros de concordância,
pois não concordarei em não ter você.
Não sou maníaco nem doente obsessivo:
quero simplesmente lutar e vencer.
Eu não te quero como troféu,
muito menos como jóia disputada.
Eu te quero unicamente
pra seres meu céu e minha amada.
Æ Jonny Mack, 29.04.2002 Æ
M I S T E R I O L H O S
Conheço-te há séculos, decênios,
Tua alma se expõe em singeleza:
Como pode haver tanta beleza
Em tão sutis traços, simples desenho?
Teu semblante sereno e sério,
Invadindo a sala, a academia...
Eu reforço que já te conhecia,
Mesmo submersa em tanto mistério...
Fala teu nome com tua doce íris,
Percorrendo todo o meu espírito,
Levando o meu pecado contrito,
Resgatando a paz quando me vires...
Antes que abra tão meigos lábios,
Muitas estórias já foram ditas,
Sonhos expostos, metas benditas:
Parecem até os velhos sábios!
Tens voz surpreendente e calma:
Uma paz em cada suave nota,
Suavidade que não se conota
Com a serenidade inerente d’alma!
Nem todos os dias são mesmo iguais:
Muitos sóis nascem e explodem,
Muitas luas aparecem e fogem
Sem alterar teus traços naturais...
╔ jonny mack, 01.03.2016 14:14h ╔
DIA DOS NAMORADOS
Meu coração não bate mais em meu peito,
Meu silêncio estrondosamente grita seu nome,
Passei a não mais dormir direito,
Não sinto mais sede nem sinto fome!
Teu amor curou meus males,
Estancou fluentes hemorragias...
Caminhava por sombrios vales,
Quando trouxeste-me tua alegria...
Celebrar o amor é olhar pra trás,
Perceber o que fomos e somos:
Só teu carinho foi sutil e capaz
De me bombardear com mil sonhos!
De dar flores, bombons: sem essa!
Te amar é muito mais e supremo,
É desfrutar, de Deus, essa promessa,
Com aquilo de melhor que temos...
Sentir teu cheiro, beijar-te a boca:
Fundir-me a ti em conexão,
Morder teu colo, deixar-te louca,
Consagrar em êxtase nossa união!"
☻ Jonny Mack, 12.06.15 ☻
Permissão
Até permito que cometas o vago pecado
De não me perceber sempre ao teu redor,
Pois de todos os males, eis o menor,
Aquele que já se consuma perdoado...
Deixo que sorria a ilusão do pseudoamor,
É notório o prazo do teu sorriso,
Te seguras num falso compromisso,
Se faz caça em selva sem caçador...
Permito que te enganes ao relento,
Permito que se deslumbre enquanto vive,
Permito que seja escrava, seja cativa...
Pois em minhas mãos o teu pensamento
Vai curvar-se ao que sempre tive:
Ao amor que se inventa e se cultiva!
(jOnnY MaCk, 16.02.16 20:03)
Guerras vãs
Em dias de guerra e bombas,
Semeio rosas e girassóis...
Na ânsia de que as sombras
Se reconheçam em nós!
Sol ardente à meia noite:
Raios, flexas de claridão
Que cortam como açoite
As carnes na punição!
Os fantasmas de uma guerra
Não descansam na memória:
A vergonha não de encerra
Com a falsa ideia de vitória!
Se ao invés de armamentos,
Construíssemos confiança,
Fortes seriam os sentimentos
De verdade e de esperança!
(Jonny Mack)
Meu infinito amor voltou...
Sim, voltou pra dentro de mim,
Pois, às vezes, sai sem avisar.
Na verdade, foge a galopar
Por vales e campos sem fim,
A buscar algo que sonhou!
Volta com frio e bem fraco:
Sente na pele a dor e o vazio
Dos maltratos sem piedade.
Esquece orgulhos e a vaidade,
Feito uma nave, um navio,
Vagando à deriva no espaço!
Solitário entre tantas estrelas,
Barco sem remo e salva-vidas:
Não ajuda nem é ajudado!
Pede socorro, olha pro lado,
Com o corpo só feridas,
Teme que ninguém o veja...
E clama um regresso inevitável...
Sua casa está quentinha,
Protegida de qualquer abalo...
O fato é que não amá-lo,
O faz querer o que não tinha
E ansiar, de fato, o indesejável!
(Jonny Mack)
"Em uma extremidade da cidade, certa vez, uma garota pergunta a um senhor solitário em sua casinha simples:
- Por que o senhor não tem ninguém?
- Ter alguém, é certeza de ser feliz? - respondeu ele.
A menina silenciou um instante. Percebeu que o velho escrevia muitas coisas, dentre elas, muitas cartas. Folhas iniciadas e não concluídas; outras folhas imensas, quase sem fim...e reparou um detalhe:
- Por que todas as cartas estão endereçadas a você mesmo?
O velho homem olhou pro quintal e sussurrou:
- Porque o destinatário dessas cartas nunca irá rejeitar minhas palavras! Mesmo que nunca responda de volta."
(Jonny Mack, in Eternas desventuras)