Jonathan de Menezes Engles
Não te ofereço nenhum fruto do jardim da eternidade,
mas te ofereço uma linda flor chamada "AMIZADE".
SONETO
Na alma tenho um segredo e na vida um mistério
um grande e eterno amor num momento irrompido;
É um mal sem esperança, e assim, profundo e sério,
a quela que o causou nem sabe que é nascido.
Azar! Passo ao seu lado, em vão, despercebido,
portanto, sempre só, sem nenhum refrigério,
e hei de chegar ao fim, à campo, ao cemitério,
nada ousando pedir ou tendo pedido.
E ela que o céu criou boa e terna, hei de ver
seu caminho a seguir, e a ouvir sem entender
o murmúrio de amor e seus pés se erguerá...
A um auste-reo dever, piedoso, se desvela,
e dirá, quando ler meus versos cheios dela:
"Que mulher será essa?". E não compreenderá.
RESPOSTA AO AMOR
Meu amigo, por que, de forma tão sentida
dizeis que o eterno amor nascido num momento
é uma dor sem remédio, e há de estar
escondida, e como supor que ela ignore esse tormento?
Vós não fostes jamais sombra despercebida,
nem deveis vos julgar num triste isolamento:
Os mais amados vão, às vezes, pela vida
sem nada receber e sem um só lamento.
Deus,entanto, à mulher de uma alma complacente
e ela por seu caminho ira mais docemente
se um murmurio de amor a segue aonde ela vá.
Aquela que o dever deseja ficar presa
os versos cheios dela, os sentiu com certeza,
e tudo compreendeu... Mas ela o dirá!
Sempre sonhei em achar um lar de felicidade,
recanto em que minha alma, há tanto perturbada,
encontrasse, afinal, paz e serenidade,
repousando de longa e penosa jornada.
Uma mulher virtuosa, assim de minha idade,
dois filhos a brincar, junto a mãe desvelada;
alguns vizinhos, numa roda de amizade,
em noites de verão, conversa descuidada.
Eu deixaria o amor à juventude ardente;
só queria uma amiga, uma alma confiante,
consolo à minha dor, que só ela notasse...
Bem mais do eu pedia a existência me trouxe,
a amizade acabou sendo muito mais doce
e o amor apareceu, sem que eu procurasse.