Jon Vlahrc
Somos obrigados a ser o que não queremos para satisfazermos aquilo que não aceitamos. Odiamos as nossas quedas, mas não as pedras deixadas em nossos caminhos por outrem. Os felizes são donos daquilo que chamamos de verdade e os óbvios não passam de frutos da covardia.
Não nos ignoram por não terem conhecimento, mas por terem a abastança de uma errônea sabedoria. Eis o sistema fétido.
Se não sente ternura pelos outros, é melhor tentar não amá-los. Viva sob a indiferença. A indiferença lhe dará o caráter de escolha; o engano da socialização, não.
Um dos argumentos que superiorizam os animais em relação à humanidade é a sua capacidade de ver o mundo de uma forma não ilusória.
Em terras abrangentemente secas, onde o amanhã reside na esperança, os cactos, devido às suas capacidades evolutivas, sobrevivem sem a necessidade de aceitar a própria derrota.
Somos frutos da ilusão, nossos olhares nunca negarão a vaidade; diante dos olhos da verdade, sempre haverá a realidade.
Resignado é o ser que se recusa ser o que nunca poderá, de fato, ser. Será um deus, mesmo sendo uma simples ovelha rebelde.
Quanto mais nos afastarmos das fantasias que afloram em nossos quintais, de forma maior, nasceremos para a nossa esplêndida realidade, à imensurável grandeza que surge de nossa observação.
Há pessoas que não aceitam o sistema e são boas, há outras que lutam contra o sistema e são melhores, há as que lutam contra o sistema durante quase toda a sua vida e são muito melhores. Mas há os que não fazem parte do sistema, estes são incorruptíveis.
Mentes covardes têm a preferência de escolher a fugaz emoção de hostilizar a trabalhosa racionalidade de pensar.
Somos todos fortes, mas sob as rochas da esperança humana há os penhascos do amanhã; daí surgem as diferenças. Os mais abruptos, em sua maioria, entregam-se às mentiras paralelas, pouco se importando com o apego às superstições e as muitas outras falsidades à sua volta; já os involúveis, de forma natural, não são vulneráveis a essas podridões massivas, buscam fugir para onde há luz, deixando sua mentira apreendida no armário de seu passado imaginário e buscando seu autêntico caráter.
A inimiga da fantasia é a antítese da hipocrisia. Ela nos torna desaventurados menos vis diante da feiura humana, socorre-nos do que chamamos de autenticada realidade, ela nos bota no chão quando estamos sobre o palco da covardia e nos descorrompe.
Uma das mais duras batalhas a se vencer é a de não se deixar envolver com os sofrimentos que venham a lhe escolher. A luta de estar consigo mesmo nos mais grandiosos territórios de fracassos é uma arma que tem de ser buscada de dentro para fora e não de fora para dentro.
FALAR MAL DOS OUTROS É UMA BÊNÇÃO DIVINA
O ser humano já nasce com o intuito de afligir. Parece que nascer com a língua solta é algo divino.
Sentar a língua nos outros dá status aos mesquinhos, uma maneira fácil de autopreenchimento. E o pior é que essa sordidez é contagiosa, está em nossos caminhos. Andamos sobre espinhos de deslealdade.
As nossas vizinhanças vivem a dizer: "Cada um cuida da sua vida", mas elas estão sempre a cuidar das nossas malditas existências. Bocas sujas!
É certo que quem ri da infelicidade alheia tem uma vida infeliz. É tradição rir pra não chorar. O mundo nos desgraça por ele ser desgraçado.
Embora, na tristeza, olhemos para o nosso passado angustiante, os segundos do nosso presente sustentam a mudança do nosso futuro melancólico.
Em tempo nenhum abdique do seu ego; é melhor ganhar a sua grande guerra de forma verdadeira do que morrer num campo de mentiras.
MENSAGEM POÉTICA
Não temam suas caminhadas
por não poderem brevê-las...
Em breve, todos nós, partiremos
rumo ao mundo das estrelas!...
Onde o brilhar do amanhã
é a solitude universal...
Existem duas bases que mantêm a religião, são elas: fraqueza e esperteza. A fraqueza cabe aos fiéis e a esperteza cabe aos seus líderes.